tag:blogger.com,1999:blog-192257722024-03-23T15:30:02.124-03:00Depois Daquele FilmeDesde pequenos somos influenciados nos mais mínimos atos das nossas vidas. E na arte, como um dos mais excitantes atos humanos, não poderia ser diferente nos apogeus de sua originalidade. Apogeus esses que, não imunes ao festival da volubilidade humana, mais exercem do que sofrem influencia, tornando-se marcos, estabelecendo padrões a serem reproduzidos e, inclusive, sepultando tudo o que poderia chamar de suas bases.maurohttp://www.blogger.com/profile/04770759397884301574noreply@blogger.comBlogger190125tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-14804109958297386162009-10-19T09:22:00.006-02:002009-10-19T10:04:00.065-02:00"O ANTICRISTO" de Lars von Trier<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjul4Iv6fDKnJMXUJFejj29ZzGcLTMZpkFEmwvp__0pB4UZ7Lc-mm1BMyqLxBvEzwk2L0zQVaiv3zklbWf64WOh7xmf6QO76DCTfbU5h8kAAGxgYrHcG2UfJYZrUOJO_wHuRfUKnQ/s1600-h/05+-+poster+1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 292px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjul4Iv6fDKnJMXUJFejj29ZzGcLTMZpkFEmwvp__0pB4UZ7Lc-mm1BMyqLxBvEzwk2L0zQVaiv3zklbWf64WOh7xmf6QO76DCTfbU5h8kAAGxgYrHcG2UfJYZrUOJO_wHuRfUKnQ/s400/05+-+poster+1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5394276012062519602" border="0" /></a><span style=" font-style: italic;font-family:trebuchet ms;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#FF0000;">Por Hudson Nogueira</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ao analisar uma obra cinematográfica, um crítico deve saber lidar com algumas premissas. Como, por exemplo, procurar manter um certo distanciamento do objeto em análise - a fim de não cair em anacronismo, seja por admiração pelo autor ou aversão ao mesmo. Sobre esse preceito, não me considero na condição de crítico. Até por falta de experiência e produção acerca do tema, procuro evidenciar minhas impressões sobre filmes e cineastas de forma simples, mas sem perder o olhar crítico sobre determinado filme ou diretor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ao me deparar com o aguardado último trabalho do dinamarquês Lars von Trier, <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">O Anticristo</span> (<span style="font-style: italic;">The Antichrist, 2009</span>), tentei, até onde pude, ingressar na proposta do diretor – uma incursão no gênero de horror. Procurei levar em conta que o filme foi realizado ainda sob longa depressão vivida por Trier, sendo o principal reflexo presente em <span style="font-style: italic;">O Anticristo</span>. A narrativa constituída por Prólogo, três capítulos e Epílogo (método já utilizado em outros filmes do diretor) procura emanar a angústia de um casal traumatizado pela morte do filho. Ele e Ela (pois ambos sequer pronunciam seus nome na trama), o casal formado por <span>Willem Dafoe </span>e <span>Charlotte Gainsbourg</span>, vivem numa linha tênue do extremo à depressão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O sexo é o ponto de equilíbrio entre o casal. Já no primeiro plano, o do Prólogo, um ato sexual em preto e branco e câmera lenta contrasta com a cena da morte da criança, utilizando a mesma técnica (câmera na mão) e demostrando uma sincronia entre as distintas situações, dos extremos (a penetração explícita dele e o orgasmo dela) à sutileza, neste caso, a ingênua queda da criança pela janela. Aí começa o grande problema de <span style="font-style: italic;">O Anticristo</span>: a pretensão. Um jogo de lucidez e depressão toma conta do filme sem mostrar efetivamente onde quer chegar, se é que a intenção de Trier era chegar a algum lugar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Outra problemática é a abordagem fantástica e extrema que <span style="font-style: italic;">O Anticristo</span> pretende atingir. Sustos previsíveis, como na cena onde Ele enxerga a raposa que ladra com voz satânica. Ou quando encontra o corvo no interior da árvore. Mutilações e histeria proporcionados através de loucura e sexo extremo, algo que David Cronenberg retratou minuciosamente em <span style="font-style: italic;">Crash – Estranhos Prazeres</span> (1996). Referências do cinema fantástico como Cronenberg, Dario Argento e John Carpenter poderiam ser usadas por Lars von Trier para dar maior vivacidade ao horror que se omite na trama. É claro que não se deve cobrar do diretor um filme de horror à altura dos especialistas citados acima, mas sua abordagem sobre o gênero não fez jus à expectativa criada em torno de seu <span style="font-style: italic;">O Anticristo</span>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilFV9QzIHu4SuQIo1DzLzkyytwf02-j2zPceqMz4ZHexcqeNkMey4gni6WOfIyzNeISYfj1rDFr2naOx43keIj7_YBaxWW9gfcJa8YZLdxMpwq2mdd33kq77L1xj6R4_XqH7ajmA/s1600-h/03.jpg"><img style="text-align: justify;margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; display: block; cursor: pointer; width: 320px; height: 213px; " src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilFV9QzIHu4SuQIo1DzLzkyytwf02-j2zPceqMz4ZHexcqeNkMey4gni6WOfIyzNeISYfj1rDFr2naOx43keIj7_YBaxWW9gfcJa8YZLdxMpwq2mdd33kq77L1xj6R4_XqH7ajmA/s320/03.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5394276262100032338" border="0" /></a><div style="text-align: justify;">Ao fim e ao cabo, o filme traz consigo uma vaga proposta sobre o cinema de horror, caindo num emaranhado de conflitos psicológicos e atos viscerais, como quando Ela o masturba até que Ele, insconsciente, ejacule sangue. Ou a cena de automutilação, quando Ela corta seu clitóris. Enquanto Trier estiver em depressão, continuará refletindo em seus filmes ideias que estão bem abaixo do que ele já provou saber expor, como em <span style="font-style: italic;">Europa</span> (1991).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ao escrever um pequeno texto em primeira pessoa (algo que raramente faço) e aqui explicar minhas reservas com Lars von Trier, confesso que tentei ingressar no universo do diretor e nas suas intenções, calcado nas premissas que citei no início do texto, mas não foi desta vez que obtive êxito. Até porque, é bom salientar algo que o próprio diretor sentenciou após ser indagado sobre sua estética cinematográfica e personalidade polêmica: “não me levem à sério, eu apenas faço filmes sem a preocupação do que eles irão representar”.</div><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpzrXKGHyrSDF4dI4wxoIQM8JYrSg13D9my-h3WLSp-qRXQLsO3I0bMHC4aDXOcpr1fN2azyEPmXrp12a2d86-8wUWRSLHNg-pdrqLO-KaACwNTKcjI1KJrGoOgCvbIOqqaNZe0A/s1600-h/12.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 169px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpzrXKGHyrSDF4dI4wxoIQM8JYrSg13D9my-h3WLSp-qRXQLsO3I0bMHC4aDXOcpr1fN2azyEPmXrp12a2d86-8wUWRSLHNg-pdrqLO-KaACwNTKcjI1KJrGoOgCvbIOqqaNZe0A/s400/12.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5394276652124129554" border="0" /></a>Hudson Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/00137753705677244862noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-55078443841120788902009-02-13T23:20:00.007-02:002009-02-14T15:51:57.517-02:00"SHORTBUS" de John Cameron Mitchell<div style="text-align: justify; font-family: georgia;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5psCzIrrF8oVu6u05DpGv3KQW2Fdf1LFKeuZ1Ry5gsWUDpAoLUJs1-JCdTDbTChkpj_9_V-0nZqIj1O9EPv2bYFgyY0swKtCj3jVoVAPb9BnbuNqDmfSuNmvnHqrqA_104bBy9Q/s1600-h/shortbusposter1.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5psCzIrrF8oVu6u05DpGv3KQW2Fdf1LFKeuZ1Ry5gsWUDpAoLUJs1-JCdTDbTChkpj_9_V-0nZqIj1O9EPv2bYFgyY0swKtCj3jVoVAPb9BnbuNqDmfSuNmvnHqrqA_104bBy9Q/s320/shortbusposter1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302457857637200994" border="0" /></a>Segundo David Harvey, por “condição pós-moderna” pode-se compreender a relação entre tempo-espaço abordando temas como arte, urbanismo, cultura e cinema. E, justamente por esse último viés, ou melhor, por uma compilação desses elementos, o cineasta John Cameron Mitchell apresenta uma obra instigante sobre a prática efetiva dessa tal condição. Embora não seja muito apreciador do termo “pós-moderno”, reconheço que tal condição é vivenciada por sociedades urbanas, acerca de suas concepções e relações humanas, sejam elas nos campos público e privado, e essas vivências são levadas a um caráter de libertação de pensamento e ação efetiva, essencialmente na prática sexual abordada por Mitchell.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLPS6T8MgOp6Hub-7lBrDegL8xpiQcLqLjn1WNWIte32sE66e38n_oG4ecgRFjxDKTGR9Xpi0m3XbbSDKZ4NajZiOSrgKtu751dVtxbc8qWab0NgIdYcvd2xtKk44E04ZdgfY5BA/s1600-h/shortbus+3.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 121px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLPS6T8MgOp6Hub-7lBrDegL8xpiQcLqLjn1WNWIte32sE66e38n_oG4ecgRFjxDKTGR9Xpi0m3XbbSDKZ4NajZiOSrgKtu751dVtxbc8qWab0NgIdYcvd2xtKk44E04ZdgfY5BA/s200/shortbus+3.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302458370651605826" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Shortbus </span>(2006) é uma ode ao Cinema Extremo que eclodiu na década de 1970, em que a libertação sexual e o livre arbítrio autoral ganharam destaques nas telas com obras até então transgressoras para a sociedade. O filme é repleto de cenas marcantes e provocadoras no que diz respeito à sexualidade. Quebrar paradigmas não é a intenção do cineasta. Pelo contrário, expor o espírito e principalmente a prática de libertinagem dos personagens principais da trama de forma natural (por vezes cômica), por intermédio de muito sexo e diálogos inteligentes sobre suas condições sexuais.<br /><br />Uma Nova Iorque pós 11 de setembro como animação remete ao imaginário do espectador uma cidade coadjuvante no pensamento de seus habitantes por um olhar voyerista. Esse recurso é corretamente trabalhado como conexão entre os distintos personagens. E essa conexão é sacramentada em uma boate GLS chamada <span style="font-style: italic;">Shortbus</span>, cujo significado literal da palavra, em inglês, pouco importa aos seus frequentadores, e pelo espectador. O que importa dentro de <span style="font-style: italic;">Shortbus </span>(o lugar) é a liberdade das práticas e reflexões acerca do sexo, que é tratado com extrema naturalidade, ou algo essencial na vida pós-moderna (segundo o filme).<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFjb4kSflNHWpPKJdjXMPMQ4D-z_1KrdCuqt1BqV2bcI9RztwwMt8uYAGyb46dSLz1ARh9sfcDp5N4X4xorJ9d4MhsiPntCEBkKdaEAJ-OyzDUhiqaVhKEUjNizYJ6B-PcXQqw0g/s1600-h/shortbus+4.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 119px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFjb4kSflNHWpPKJdjXMPMQ4D-z_1KrdCuqt1BqV2bcI9RztwwMt8uYAGyb46dSLz1ARh9sfcDp5N4X4xorJ9d4MhsiPntCEBkKdaEAJ-OyzDUhiqaVhKEUjNizYJ6B-PcXQqw0g/s200/shortbus+4.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302458143019983938" border="0" /></a>O mosaico de cenas instigantes se dá do início ao fim do filme, quando surgem os personagens e suas condições na estória. Um jovem filma-se praticando auto-felação enquanto é vigiado e fotografado por um vizinho <span style="font-style: italic;">voyeur</span>. Ao mesmo tempo, uma terapeuta sexual transa de forma incessante com seu companheiro, assim como um jovem praticante de sadomasoquismo questiona sua condição e o pensamento sobre sexo com sua algoz. Sequências de sexo, afeto e carência de tal afeto permeiam o filme. E tudo com muita naturalidade, mesmo que de forma explícita, sem se preocupar com consequências e clichês, Mitchell, que também assina o roteiro, mescla a realidade das práticas com o imaginário da cidade criada paralelamente aos personagens.<br /><br />A ousadia das cenas é um dos pontos altos do filme. Especialmente duas destas cenas se destacam e, por que não dizer?, chocam o espectador mais desavisado: o<span style="font-style: italic;"> ménage à trois</span> contorcionista proporcionado pelo casal <span style="font-style: italic;">gay </span>“James” junto com seu novo admirador, ao som do hino estadunidense (aqui se nota o sentimento pós-11-de-setembro) sendo cantado em uma situação no mínimo inusitada. Outra passagem marcante é a fuga da terapeuta sexual de sua consulta perante um casal em crise, para o seu tão almejado orgasmo (a personagem é pré-orgásmica), onde ela vivencia a situação num sonho que se passa na Nova Iorque imaginária proporcionada pelo diretor. O sonho termina com um final muito utilizado ao longo da cinematografia mundial: o mar.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL6VHJZTsirPgCeBMbi3NAHLpqUuNBX697_A3vkDVyese5c09bprwRQvGgM37N3m7u5YnlWPCGmfgSWXCzNM96qHgyZXCkMVlbCP5t6oXdzgUGYTIGDZLbji6h3LWlV0HFUCYrhg/s1600-h/shortbus+5.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 134px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL6VHJZTsirPgCeBMbi3NAHLpqUuNBX697_A3vkDVyese5c09bprwRQvGgM37N3m7u5YnlWPCGmfgSWXCzNM96qHgyZXCkMVlbCP5t6oXdzgUGYTIGDZLbji6h3LWlV0HFUCYrhg/s200/shortbus+5.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302458889358443074" border="0" /></a>Em <span style="font-style: italic;">Shortbus</span>, John Cameron Mitchell, além de explorar a liberdade sexual explícita da famigerada pós-modernidade, remete a referências do subversivo Cinema Extremo. As influências são notáveis no filme: desde a ousadia explícita e perversão, como em <span style="font-style: italic;">Saló</span> (1976), de Pasolini; até a rasgada homenagem a <span style="font-style: italic;">Império dos Sentidos</span> (1976), de Nagisa Oshima, na ousada cena do ovo em forma de vibrador. A sensação ao assistir o filme de Mitchell é semelhante à leitura dos livros eróticos do escritor maldito <span style="font-style: italic;">Henry Miller</span> ao som de <span style="font-style: italic;">Yo La Tengo</span>. Contudo, vale ressalvar aos mais desavisados e puritanos que forem assistir ao filme: <span style="font-style: italic;">Shortbus</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"> </span>é “foda”. Literalmente.</div>Hudson Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/00137753705677244862noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-65299448529432929702009-02-09T16:20:00.009-02:002009-02-10T12:54:01.350-02:00Em Cartaz: "LEONERA"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxE-F9nyQA7NjTVHpvesITB66KM9EDJ2IpAeXxLgvbMk55px9G0N1IMHHhNuKKBF5zB5DAkXoQXF-tFdqmK9_UiGNfNLVAqnIaqp1PYwec_ftggTl0Ccumo4hY1StJhfX7TM84-Q/s1600-h/Cartaz.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 224px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxE-F9nyQA7NjTVHpvesITB66KM9EDJ2IpAeXxLgvbMk55px9G0N1IMHHhNuKKBF5zB5DAkXoQXF-tFdqmK9_UiGNfNLVAqnIaqp1PYwec_ftggTl0Ccumo4hY1StJhfX7TM84-Q/s320/Cartaz.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5300865926543831682" border="0" /></a>Concorrente à Palma de Ouro em Cannes 2008, onde foi ovacionado pela crítica, <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Leonera</span>, filme do argentino Pablo Trapero, retrata com uma virtuosa densidade dramática um crime mal explicado e compreendido através de sua principal personagem – Júlia Zarate (em uma bela interpretação de Martina Gusman), uma jovem universitária que acorda de um pesadelo para, literalmente, cair em outro. Porém, desta vez um pesadelo real. Um provável triângulo amoroso entre Júlia, seu namorado misteriosamente assassinado e Ramiro (Rodrigo Santoro, em apenas alguns planos, contudo fundamentais para enriquecer a trama) proporcionam, em um lúgubre apartamento, apenas o início do calvário de Júlia.<br /><br />A situação da personagem ganha um outro enfoque, um novo ambiente – o cárcere. Com o decorrer da trama, nota-se que o roteiro não faz concessões óbvias ao crime que dá, por consequência, a detenção de Júlia, mostrando-a confusa e refutando a idéia de maternidade. A atuação da atriz Martina Gusman, sobre semblantes carregados e sem perspectivas em seu novo destino, proporciona ao filme uma carga dramática acentuada (mas sem exageros), enriquecendo a centralização do filme: é um só personagem e seu espaço.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrf4jHh01_cS5BOa9oahnzWAGhDtBvzdBP4SYfPWJ-sMVxnsCPZntWiQwDjaD41C60D7tARQd4aD9nt4VO5u3BkUHEpL5SqzU8YkN2NTgx0nCDkaV4dcFTmBLJ0ISt7PyooyWlcg/s1600-h/leonera+1.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 125px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrf4jHh01_cS5BOa9oahnzWAGhDtBvzdBP4SYfPWJ-sMVxnsCPZntWiQwDjaD41C60D7tARQd4aD9nt4VO5u3BkUHEpL5SqzU8YkN2NTgx0nCDkaV4dcFTmBLJ0ISt7PyooyWlcg/s200/leonera+1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5300866170189135346" border="0" /></a>O espaço em questão é o cárcere, ao qual Júlia terá de adaptar-se, pois terá de viver neste difícil ambiente por tempo indeterminado, até seu julgamento. O filme poderia se encaminhar para uma condução melodramática das agruras da personagem principal, mas não é isso que acontece. Pablo Trapero insere o espectador em uma jornada aos bastidores do cárcere feminino, mostrando suas estruturas e mazelas, o convívio entre mulheres condenadas, muitas delas com crianças crescendo sob um ambiente inadequado. Eis a principal referência que a estória em questão proporciona: o convívio e a adaptação de uma jovem mãe detida, ainda sem saber o que o futuro lhe reserva.<br /><br />Os detalhes do cotidiano carcerário feminino dão a vivacidade e a crueza da realidade vivida nos presídios, desde a ausência familiar, o flerte homossexual sob forma de necessidade humana de afeto e as relações de poder e castigo do sistema. Voltando ao calvário da personagem, um adendo à trama aumenta a aflição de Júlia: o nascimento e a aceitação de seu filho, o pequeno Tomas, fruto da confusa (e pouco dissecada no filme) relação amorosa do triângulo composto no começo da trama. Antes mesmo de haver um plano filmado, a situação fica evidente nos créditos iniciais, ao som de uma música que sugere a exaltação da infância.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQtGH-eMgHb72KffPDW5Vd7r_ya5AafMfTidnzIX5FhBkb-kiUvZVHW1eLQjqWURJpfhiIuJfkGRj4G6B4JDyqLGqjPZUGox4tiJHaHs1nSn9K3YdaoaHRPegK1sevZTQGIvp_vw/s1600-h/Leonera-3.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 132px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQtGH-eMgHb72KffPDW5Vd7r_ya5AafMfTidnzIX5FhBkb-kiUvZVHW1eLQjqWURJpfhiIuJfkGRj4G6B4JDyqLGqjPZUGox4tiJHaHs1nSn9K3YdaoaHRPegK1sevZTQGIvp_vw/s200/Leonera-3.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5300866379059485074" border="0" /></a>Mesmo com o oportuno interesse de sua mãe, personagem até então ausente na estória, e algumas visitas de Ramiro, que por sua vez preza pelo egoísmo para tentar se safar da condenação, consequentemente selando o destino de Júlia, a jovem mãe passa a ganhar respeito e consideração no presídio através de seu convívio com a veterana Marta, sua tutora, uma espécie de matriarca que adotou a jovem confusa e frágil detenta. Trapero já havia retrato em outro filme, o ótimo <span style="font-style: italic;">O Outro Lado da Lei</span> (El Bonaerense, ARG, 2001), o submundo e as individualidades, o universo das prisões e suas relações de poder, acentuando ainda mais essa tenacidade em <span style="font-style: italic;">Leonera</span>.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWao_FkSqpRx64NX2w7ALRPP_a37F68s_e-9KPKvrt2Mmgeg3dYOi6iCbVwi09IsufpVBpEIqjsfsbEcTIzOZXZWj9mPrXCCUEU6U2ob_dpGr3EkZNoa801pQrcNOLioYsOzwgJw/s1600-h/Leonera-4.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 132px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWao_FkSqpRx64NX2w7ALRPP_a37F68s_e-9KPKvrt2Mmgeg3dYOi6iCbVwi09IsufpVBpEIqjsfsbEcTIzOZXZWj9mPrXCCUEU6U2ob_dpGr3EkZNoa801pQrcNOLioYsOzwgJw/s200/Leonera-4.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5300866646340226834" border="0" /></a>A luta de Júlia para tentar sair da prisão e, principalmente, para não perder a guarda de seu filho é a via final para o desfecho da trama. Pois progressivamente, a película vai mostrando a jovem mãe aflorando sua beleza e maturidade maternal, mesmo num meio onde o ser humano é consumido por suas aflições. Vale questionar agora o porquê de <span style="font-style: italic;">Leonera </span>ser o nome do filme?<br /><br />Contudo, não vale supor ou apontar sugestões para chegar à resposta desta pergunta. Cabe ao expectador enxergar e concluir o que é ou o que (quem) pode ser <span style="font-style: italic;">Leonera</span>, pois o filme de Pablo Trapero foge do “padrão” de abordagens dramáticas da classe média argentina e suas nuances para um trabalho referencial sobre dramas carcerários, diferindo do charmoso “cinema urbano” argentino.<br /></div><br /><div style="text-align: right;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3beNtwBuRpdNGizvg3Vns0ljaAOasP73t864sM_KENRxJtGi_YKZvA8GbwxUlpFqgULjceJTb6nBqUdDotD92mhdVaEddBPUS0xvc1_pvAPfD5_BPmLn48erFt_IAn5cQNIvkPw/s1600-h/Leonera-5.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 263px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3beNtwBuRpdNGizvg3Vns0ljaAOasP73t864sM_KENRxJtGi_YKZvA8GbwxUlpFqgULjceJTb6nBqUdDotD92mhdVaEddBPUS0xvc1_pvAPfD5_BPmLn48erFt_IAn5cQNIvkPw/s400/Leonera-5.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5300866979311099250" border="0" /></a><span style="font-style: italic;font-family:verdana;font-size:78%;" ><br /><br />Filme em cartaz em Porto Alegre, na data deste post.</span></div>Hudson Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/00137753705677244862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-64801732801201503382009-02-04T12:19:00.015-02:002009-02-08T13:05:26.404-02:00O Olhar Estrangeiro: "A ALEMANHA DESCOBRE A ÁFRICA"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmFYSWhZUnz1tqZI8PeZQGEjAWRsnO-QA1P_85tSwh7qSP05trNZpi6AFc4EehvpKCfpGnNd6jehpMyUVq0IVEprYttOM2G4fu5xrVskZV1X4ui0pXSP408TSsEqRxR-bnqdWb/s1600-h/ilustra.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 272px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmFYSWhZUnz1tqZI8PeZQGEjAWRsnO-QA1P_85tSwh7qSP05trNZpi6AFc4EehvpKCfpGnNd6jehpMyUVq0IVEprYttOM2G4fu5xrVskZV1X4ui0pXSP408TSsEqRxR-bnqdWb/s400/ilustra.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5298950577285661250" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">As férias acabaram, inclusive aqui. Claro, durante esses períodos muitos de nós viajam. Pois o ano reinicia, agora, com o mote </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">viagem</span><span style="font-family: georgia;">. </span><span style="font-weight: bold; font-family: georgia; font-style: italic;">O Olhar Estrangeiro</span><span style="font-family: georgia;"> é a série de posts para fevereiro e trata justamente de obras de diretores que tiveram um olhar diferenciado para determinadas partes do globo. Como Werner Herzog, que já filmou em quase todo canto do planeta. Inclusive, no Brasil, filmou partes de </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Cobra Verde</span><span style="font-family: georgia;">, filme a ser "dissecado" aqui futuramente.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Se a primeira metade de </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Cobra Verde</span><span style="font-family: georgia;"> se passa no Brasil, a segunda se passa na África, para onde o bandido Cobra Verde é enviado como punição por ter engravidado as filhas do patrão. Lá ele encontra disputas tribais e se vê em luta contra a natureza e os instintos mais primitivos do ser humano. Mas falar de natureza e da ação do homem sobre ela não é novidade na filmografia de Herzog. Em 1969, ele esteve na África do Norte para filmar um dos seus primeiros grandes "delírios", </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Fata Morgana</span><span style="font-family: georgia;">. Narração em </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">off</span><span style="font-family: georgia;"> da origem do mundo, imagens do deserto em que o homem só vai aparecer depois de mais de 20 minutos de filme. Cadáveres de animais que tiraram seu sustento do planeta, para depois tudo devolverem. Restos de aviões, velhos veículos. A criação, o paraíso, a era de ouro. Obsessão por lagartos, futilidades sobre tartarugas. Um duo (horrível) de piano e bateria num salão de festas vazio. Leonard </span><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2IW86l5Y3sUb-9EQMTTiPSEDtCsstmXjEqizyvBJFZLy2hvT8UFRlT2UayM0GplouEgJy2ueGoJ9-ZCCp-B3sqKyVCtoP8dj60HPNxNzufUSn2HZE6aTyLgJ39oT-Ji57yxTB/s1600-h/fata_morgana.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 253px; height: 163px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2IW86l5Y3sUb-9EQMTTiPSEDtCsstmXjEqizyvBJFZLy2hvT8UFRlT2UayM0GplouEgJy2ueGoJ9-ZCCp-B3sqKyVCtoP8dj60HPNxNzufUSn2HZE6aTyLgJ39oT-Ji57yxTB/s200/fata_morgana.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5298950458614603042" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Cohen e tudo isso pra mostrar o fracasso dos deuses. Não se encontram concessões nos filmes de Herzog. E provavelmente não havia mesmo melhor lugar para retratar a miragem (exatamente o significado de </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Fata Morgana</span><span style="font-family: georgia;">) do ser humano que o deserto norte-africano.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Mais recentes e menos contundentes são duas produçoes alemãs das quais falarei agora. A primeira delas é </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Lugar Nenhum na África</span><span style="font-family: georgia;">, de Caroline Link. O filme foi o ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2003. Um prêmio estrangeiro sobre um olhar estrangeiro. Seria mais um típico filme de perseguição nazista a judeus, se a família que forma o núcleo do filme não tivesse se instalado no coração da África, mais precisamente, no interior do Quênia. Eis o mote: o desafio da adaptação a uma outra realidade. O pai, antes da chegada de esposa e filha, sofre com a malária e é salvo por um funcionário da fazenda onde vai trabalhar. Este, chamado Owuor, é a figura do africano humilde, servil e amigo. Tanto que "adota" a </span><span style="font-family: georgia;">pequena Regina, filha do casal Redlich. Ela lhe </span><span style="font-family: georgia;">tem tanto apreço que a adaptação torna-se fácil. </span><span style="font-family: georgia;">Na medida em que cresce, é ela quem se torna </span><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9Zi04pjOdPypGqFgXpldRHZkRE1fHBcseLrHoDeUp-pi4fAV7M2S6jMFkK1g0ThiitTGcBv9JYCujfH1llVbJYjrRFc4LEJgKLyI-UVI1k061_933xgvhotU0XQZTKdfGYVCL/s1600-h/lugar_nenhum_na_africa.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 132px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9Zi04pjOdPypGqFgXpldRHZkRE1fHBcseLrHoDeUp-pi4fAV7M2S6jMFkK1g0ThiitTGcBv9JYCujfH1llVbJYjrRFc4LEJgKLyI-UVI1k061_933xgvhotU0XQZTKdfGYVCL/s200/lugar_nenhum_na_africa.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5298950235633013122" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">a ligação dos pais, sobretudo da reticente mãe, com a cultura local, chegando a levar a mãe a uma cerimônia dos nativos.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Linha semelhante segue o filme de Hermine Huntgeburth, </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">A Massai Branca</span><span style="font-family: georgia;">. Neste, a turista suíça Carole, no penúltimo dia de férias no Quênia junto a seu namorado Stefan, conhece Lemalian, guerreiro da tribo Samburu, e se encanta por ele. O encantamento é recíproco e, numa atitude inverossímil (embora o filme seja baseado em fatos reais), ela abandona tudo pra viver com Lemalian. Se nos braços do guerreiro Carole vive grande paixão, a realidade é falsa adaptação. Nascida em berço capitalista, nunca vai se adequar aos costumes do lugar. Todo o tempo ela está tentando remoldar a própria vida e as dos que estão ao seu redor. Ela também pega malária (ah, os clichês...). Há o choque de ver uma mutilação feminina. Há o comércio que ela abre e o hábito local de dar crédito aos amigos. Mas... todos são amigos ali na aldeia. Há o ciúme. Mas não há possibilidade de conciliação.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDA17nIaJrptuHAnX8cvdiCGHxv5Wi9wftc74kf82fABf9kEGmYobV0c8tD7MwyBYk8WA6QKBAKmHxt0XXBhkKudLPD4Z0gVxyVHBYGqr3uaF2rjA6ILr34dx6rj8NTsYce_Z7/s1600-h/a_massai_branca.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 134px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDA17nIaJrptuHAnX8cvdiCGHxv5Wi9wftc74kf82fABf9kEGmYobV0c8tD7MwyBYk8WA6QKBAKmHxt0XXBhkKudLPD4Z0gVxyVHBYGqr3uaF2rjA6ILr34dx6rj8NTsYce_Z7/s200/a_massai_branca.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5298950089069757298" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Pode-se dizer que os filmes de Herzog trazem consigo um olhar fatalista e, no que diz respeito a </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Fata Morgana</span><span style="font-family: georgia;">, contemplativo e fatalista. Nos filmes de Link e Huntgeburth, o que mais pesa é, além do formato convencional, ora a fascinação pelo diferente ora o conflito. Independente do rótulo que se possa dar a estes filmes, creio que representam bem estes olhares germânicos para a África.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Que venha a próxima viagem!</span></div>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-57616128897127473222008-12-31T23:15:00.013-02:002009-01-23T15:22:44.564-02:00100 Anos de Manoel Oliveira: "O PRINCÍPIO DA INCERTEZA"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIBGGTepnUHT9LOTfrN0hZBgZWIN9yzV1T3oD_BNA50JM0KVQrMpgJCURK7HxZu4jZqM9bZ9oXieoNzcOWjTdsz_wAjNKeKUnvPWJ6LaXlmMpwqklHyATx_k4t6f3GGY5OaGhq/s1600-h/poster.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 223px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIBGGTepnUHT9LOTfrN0hZBgZWIN9yzV1T3oD_BNA50JM0KVQrMpgJCURK7HxZu4jZqM9bZ9oXieoNzcOWjTdsz_wAjNKeKUnvPWJ6LaXlmMpwqklHyATx_k4t6f3GGY5OaGhq/s320/poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286130441277362354" border="0" /></a>"Tudo o que é interessante é fingimento." É o que afirma Vanessa (Leonor Silveira) durante uma conversa com José Luciano/Touro Azul (Ricardo Trepa), na piscina da casa de Antonio Clara/Cravo Roxo (Ivo Canelas) e Camila (Leonor Baldaque).<br /><br />Vanessa é a cortesã, a mulher que subiu na vida às custas de atividades duvidosas e mantém um night club onde as roletas e a oferta de sexo dão o tom. Ela é amante de Antonio, amigo de infância de José Luciano. Mas o centro em torno de quem todos esses personagens giram é Camila, vinda de família arruinada do Porto, por conta das dívidas de jogo do pai. Camila é quieta, calada, uma típica "boazinha" e, por isso, para a criada Celsa (Isabel Ruth), que criou os dois rapazes juntos, ela é a garota perfeita para se casar com Antonio. Celsa quer livrá-lo da amante através desse casamento que é arranjado sem quase nenhuma interferência. Camila também esteve com Antonio e José Luciano na infância. O segundo nutre uma paixão secreta por ela. Paixão que só é revelada assim que ele sabe do arranjo casamenteiro, mas ela o responde dizendo que, apesar de ter esperado por essa confissão desde muito tempo, o coração dela não será de José Luciano nem de Antonio. Enfim... um casamento de conveniência. A confissão de Touro Azul é a pequena interferência que não será suficiente para que o sacramento deixe de acontecer.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAU53gh-Au7n-xtqUc_czo2U5fc30bjJXkQaOsZbYQxltpZeUzVxepCASkjS0hYunSb2H3hG7UEQbCkuttRbxAgYwf8nYavIH9AdAGrzDewMZgkYzbYZA6lJri5RyO9jw0-qeX/s1600-h/01.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 134px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAU53gh-Au7n-xtqUc_czo2U5fc30bjJXkQaOsZbYQxltpZeUzVxepCASkjS0hYunSb2H3hG7UEQbCkuttRbxAgYwf8nYavIH9AdAGrzDewMZgkYzbYZA6lJri5RyO9jw0-qeX/s200/01.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286130672699710034" border="0" /></a>O casamento não é feliz. Sabemos disso desde o primeiro momento, porque a impassibilidade de Camila incomoda. Num jantar oferecido para amigos mais próximos, Vanessa a compara a uma mutante, justamente por tal qualidade da jovem. Noutro momento, Camila conta a Daniel Roper (Luís Miguel Cintra), amigo e admirador, um homem mais velho que, junto ao irmão Torcato (José Manuel Mendes), intermediara o acerto matrimonial, um episódio violento entre ela e o marido, durante férias na Itália, onde Vanessa também estava presente. "As habilidades que as mulheres fazem para saltar por cima do sofrimento são extraordinárias", ela diz. Mais à frente, no mesmo diálogo, Daniel dá mostras de sua perturbação: "Por que é tão invulnerável? Tão nova e tão invulnerável..."<br /><br />Ainda que tenha a força de um cinema-teatro e a obra se realize como cinema, há uma marca literária importante. Os diálogos são primorosos. Aqui é preciso lembrar que Manoel de Oliveira contou com a presença de Agustina Bessa-Luís, colaboradora fiel, além de autora do livro que deu origem ao filme, <span style="font-style: italic;">Joia de Família</span>, o primeiro da trilogia <span style="font-style: italic;">O Princípio da Incerteza</span>, que dá nome ao filme.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyDTXhkdzpMkN57o5kqqEA6MLTcx2gjdqy87N4b-MsGlACo7JeEydjH2St438kkqscdV5sydPOP_Lj8_58p5cJYrIzo7nsgup3QWKCJjXmGTBcS01curTUkwgPmB8MBXYDHlyZ/s1600-h/14.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 134px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyDTXhkdzpMkN57o5kqqEA6MLTcx2gjdqy87N4b-MsGlACo7JeEydjH2St438kkqscdV5sydPOP_Lj8_58p5cJYrIzo7nsgup3QWKCJjXmGTBcS01curTUkwgPmB8MBXYDHlyZ/s200/14.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286130999124296034" border="0" /></a>Mas os diálogos são mesmo marcantes quando as duas mulheres, Camila e Vanessa, duelam. Isto se dá na primeira vez em que Camila encontra Vanessa e Antonio sozinhos na casa. E se repete num momento de desespero, próximo à resolução final do filme, quando a cortesã busca a jovem senhora pra pedir-lhe determinada quantia. Voltaremos a este ponto.<br /><br />A contida e "boazinha" Camila se revela aos poucos. Num diálogo com a criada dos Roper, fala da dualidade de Joana d'Arc, de quem é devota. Sua bondade é inteligência, frialdade perante aqueles que mantêm um certo poder sobre ela. Isto fica mais evidente quando ela narra uma história de família, em que o pai a leva ao cinema pra que ela sofra abuso de um credor de jogo. Então fica claro que a doce e fria Camila é, na verdade, a "deusa da vingança".<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho5ElHMBPg3mASZS54Rw-92tjWolyWN-a8W6mV35aKfLn5JSm0pJPS1CKcUuMV2juCvyHUKhuAxb6LSCEBTKyUAMKd5qz5APdm7nTvHBbo9HNxalkQ1jVT6Fk5mr2_NSssglgu/s1600-h/15.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 134px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho5ElHMBPg3mASZS54Rw-92tjWolyWN-a8W6mV35aKfLn5JSm0pJPS1CKcUuMV2juCvyHUKhuAxb6LSCEBTKyUAMKd5qz5APdm7nTvHBbo9HNxalkQ1jVT6Fk5mr2_NSssglgu/s200/15.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286131156549595314" border="0" /></a>Vingança que ela exerce contra Vanessa, quando nega a ajuda financeira e gargalha. Contra Antonio, indiretamente, porque quando os credores da cortesã aparecem no <span style="font-style: italic;">night club</span> para "cobrar sua dívida", é ele quem sofre a pior das consequências. Quando a jovem parece estar livre de todos que a mantiveram sob certo jugo, ainda há tempo de uma revelação aterradora sobre a única mulher nesta história que parecia inocente. Ainda assim, Camila mantém-se invulnerável e colhe para si os louros da vitória. Figura perturbadora essa moça, porque se de Vanessa pode-se esperar tudo, Camila é dissimulada ao extremo. Mas capaz de causar ferimentos mais mortíferos.<br /><br />Impressionante o domínio de Oliveira sobre os atores. Não há um que não pareça estar à vontade durante a atuação, desde a então estreante Leonor Baldaque - por sinal, neta de Augustina Bessa-Luís; passando pela "atriz-fetiche", Leonor Silveira (atuação e beleza explêndidas) e mesmo pelos discretos (e era necessário que fosse assim - é uma história de mulheres) Ivo Canela e Ricardo Trepa - opa, outro vínculo familiar: Trepa é neto de Oliveira.<span style="font-weight: bold; font-style: italic;"> O Princípio da Incerteza</span> (2002, França/Portugal) é um belíssimo filme em que a complexidade nebulosa dessa figura feminina de Camila é o grande mote, assim como em outros filmes do diretor.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8ScCCfCVMoI0xA8SzEkJWilB6y3egBYOs6Hvq412msH_kPnX6TrI57nx5DL0USy2rUrCG5A0Wd7t9jUM2OsWXXs2IucWSSBCaVLtPjEFES9GrvUKtxBDbQM8PeMvCuRf0pV8t/s1600-h/manoel+de+oliveira.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 222px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8ScCCfCVMoI0xA8SzEkJWilB6y3egBYOs6Hvq412msH_kPnX6TrI57nx5DL0USy2rUrCG5A0Wd7t9jUM2OsWXXs2IucWSSBCaVLtPjEFES9GrvUKtxBDbQM8PeMvCuRf0pV8t/s320/manoel+de+oliveira.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286131830612770722" border="0" /></a><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Acreditamos que <span style="font-style: italic;">O Princípio da Incerteza</span> foi uma escolha feliz pra encerrar a homenagem aos 100 anos de Manoel de Oliveira e o ano deste blog. Esperamos que estejam conosco no próximo ano e nos seguintes também, que esta relação entre blog e leitores tenha a longevidade de um Oliveira e o brilho de seu cinema. Entrem com o pé direito em 2009. Sucesso!</span><br /><br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" ><span style="font-style: italic;">A equipe</span></span><br /></div>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-81551969190213902942008-12-29T21:21:00.007-02:002009-01-23T15:29:52.884-02:00"2 FILHOS DE FRANCISCO" de Breno Silveira<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia;">O filme <span style="font-style: italic;"><span style="font-weight: bold;">2 filhos de Francisco</span> (2005, Breno Silveira)</span> merece ser visto sem preconceitos. Acho que esse filme é um pouco como a fala do presidente Lula, em um comício anos atrás na cidade de Sorocaba. Após o Suplicy contar a história de seu nome e sua família, Lula diz: “Meu sobrenome é Silva. Quantos 'Silva' existem aqui hoje? Eu não preciso contar a história da minha família.”</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">A história da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano é narrada nesse filme, que narra a história de muitos brasileiros. Não a história completa, mas partes significativas. Apesar do aparente clichê – sofrimento, amor, sucesso – a riqueza do filme não está na particularidade da dupla: o sucesso, mas no que sua história tem de universal, de brasileiro. E é justamente essa parte – muito mais interessante, aliás – que ganha relevância no enredo.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5rzHbJI_4acsafkPOLzlE7uT1IVJgTjdTFpA-KQBRDditfqAus5sM16wQB-IyiVE5v5uHu1pxLY_3fvaVuB3QUQTHnvxGDBTqMtE8a0m-fvDT1GaNF9dVSu_ksZl-s9EF1-BUMg/s1600-h/2_filhos_francisco_03.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 273px; height: 258px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5rzHbJI_4acsafkPOLzlE7uT1IVJgTjdTFpA-KQBRDditfqAus5sM16wQB-IyiVE5v5uHu1pxLY_3fvaVuB3QUQTHnvxGDBTqMtE8a0m-fvDT1GaNF9dVSu_ksZl-s9EF1-BUMg/s320/2_filhos_francisco_03.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5285356679201714194" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">A família protagonista aparece na maior parte do filme vivendo em condições bastante precárias. É a típica família brasileira que costumeiramente é esquecida; que vive em casas onde chove e o chão é de terra; seus membros são engraxates na rua e cada um têm que lutar para não ser mais um faxineiro, mais um "pião" de obra semi-analfabeto.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Sobre a obstinação que Francisco tem em transformar seus filhos em cantores, ela é um exemplo para os sonhos de sucesso contemporâneos. Sua luta é para que eles não sejam mais uns faxineiros ou tenham qualquer outro emprego precário e mal remunerado, e essa luta não se faz de uma hora para outra, mas sim com trabalho e sacrifício de toda a família. Não é o enriquecimento fácil da loteria ou o sucesso instantâneo do Big Brother. É uma vida de dedicação permanente; acordar cedo, ensaiar, ir para a estrada, ficar longe da família, flertar com a miséria e a fome. Essa é também a diferença entre trabalho e esmola, que a fala da criança engraxate carrega.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">O filme, apesar de travestido de um romantismo piegas, não é só um final feliz. Essa dupla sertaneja não é a única: não era antes do sucesso, quando dividia as rodoviárias, as filas da rádio, as gravadoras e não é a única agora. No mundo de hoje, qual é o lugar dessa música, o sentido dessas letras? O Credicard Hall cheio, no fim do filme, aponta que sim, ainda há muito espaço para eles, mas a competição e a disputa por reconhecimento é um trabalho permanente desses cantores; vide a carreira de altos e baixos da filha de um deles: Wanessa Camargo, ou da extinta dupla Sandy e Junior, ou dos muitos outros goianos.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Nesse enredo, o critério de avaliação da música não é se ela é boa ou ruim, mas sim sua valorização pela história que carrega. A música “É o Amor”, agora, tem uma história, e isso a retira da banalidade. Da banalidade da própria letra. Da banalidade de ser mais uma música de mais uma dupla sertaneja.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">O melhor do filme realmente não é o que seu enredo tem de particular: o êxito de Zezé di Camargo e Luciano, mas o que ele destaca de universal: as tragédias, a luta. É por essa parte que a família de Francisco merece respeito. Ela e a de todos os Franciscos que existem. Os "piões" de obra pais de faxineiros e engraxates.</span><br /></div>Marcela de Paolishttp://www.blogger.com/profile/05380032904692880293noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-45160536611354188912008-12-26T23:32:00.009-02:002009-01-23T16:18:29.050-02:00100 Anos de Manoel Oliveira: "PORTO DA MINHA INFÂNCIA"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioqhK9OOfAspHypm3JZWh1hdg8X2PT6ou236ARuvIFHmehThn04Nnq3KKBHC5YCEFvvFvTtrkVVPZLp27SWB8OfjyjaRW2aeLVfY0uQ2YZz-sO3MY1ukPVce1YtEZY1Jg-MPyF/s1600-h/poster.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 234px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioqhK9OOfAspHypm3JZWh1hdg8X2PT6ou236ARuvIFHmehThn04Nnq3KKBHC5YCEFvvFvTtrkVVPZLp27SWB8OfjyjaRW2aeLVfY0uQ2YZz-sO3MY1ukPVce1YtEZY1Jg-MPyF/s320/poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5284278715837429778" border="0" /></a><span style="font-family:georgia;">A memória. Mais uma vez a memória é a matéria-prima de um filme de Manoel de Oliveira: </span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:georgia;" >Porto da Minha Infância</span><span style="font-family:georgia;">, de 2001, que foi encomendado pela organização da iniciativa </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura</span><span style="font-family:georgia;">, nos traz as reminiscências de Manoel de Oliveira a respeito da cidade onde nasceu.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">O filme principia com um maestro que rege uma orquestra invisível - referência a uma cidade que não mais existe? Assim, como narrador em off, Manoel fala de uma Cidade do Porto de outros tempos, mas que o viu nascer. Lá estão as ruínas da casa onde nasceu e cresceu, além de ali ter surgido sua paixão pelo cinema. Sua narração é entrecortada, em vários momentos do filme, por uma canção na voz de sua esposa, Maria Isabel. Canção cuja letra é a poesia de Guerra Junqueiro, </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Retorno ao Lar</span><span style="font-family:georgia;">.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Passeamos com o diretor pelos cafés, pelos lugares de operetas (ele próprio, junto com Maria de Medeiros, aparece como ator de uma opereta, sendo observado por sua "versão jovem" da plateia), pelas ruas, os marcos que já não existem... num dado momento, quando ele fala de sua confeitaria preferida durante a infância, ouvimos dele: </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >"Foi-se embora a confeitaria e, com ela, os pastéis."</span><span style="font-family:georgia;"> Atualmente, no lugar do luxuoso comércio, há uma decadente loja de roupas.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">No Palácio de Cristal havia inúmeras exposições, sobretudo de carros e flores. Numa dessas exposições, encontramos duas figuras - serão eles os poetas Fernando Pessoa e José Régio? Fica a suspeita. Depois, Manoel recorda a família e sua paixão de infância, a prima Guilhermina.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijOhGh5Amd7HQLq4UXy2WFywTA3kpKwS0fGHsodynkWSGcAknh0Tuw9XqlpJfG_qsViIqhUvTmcihCRP3uCdxiyduHrFGb_jsNMQp9JgV2swy5jO10VrM0uaf5ud5Iu_5dze0Q/s1600-h/foto4.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 145px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijOhGh5Amd7HQLq4UXy2WFywTA3kpKwS0fGHsodynkWSGcAknh0Tuw9XqlpJfG_qsViIqhUvTmcihCRP3uCdxiyduHrFGb_jsNMQp9JgV2swy5jO10VrM0uaf5ud5Iu_5dze0Q/s200/foto4.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5284279737122328226" border="0" /></a><span style="font-family:georgia;">Noutro momento, há a participação da escritora Agustina Bessa-Luis lendo trecho de um texto de própria autoria. Também temos Manoel a divagar sobre seus antigos amigos, com quem costumava dar asas à imaginação pelas ruas do Porto. Entre eles está o poeta Adolfo Casais Monteiro, que foi perseguido e preso pelo regime ditatorial português e que veio a morrer no Brasil.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Conhecemos também a primeira sala de cinema do Porto, a </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >High Life</span><span style="font-family:georgia;">, que mais tarde se tornaria o Cinema Batalha.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Mais uma divagação e estamos com Manoel frente à Camisaria Confiança e à Rua Santa Catarina, santa que era a padroeira das costureiras que participaram involuntariamente do primeiro filme realizado em Portugal, por Aurélio Paz dos Reis. Em seguida, uma reprodução do pioneiro do cinema português filmando a movimentação dos operários da Porto 2001. Manoel diz, antes de calar: </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >"A cidade está a ser renovada. Mas por muito que lhe façam, é sempre o meu porto de infância, com um fio d'ouro a correr a seus pés."</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Emociona a sequência em que Porto nos é mostrada mais uma vez e que termina em cena que não só remete, porque é igual, com exceção das luzes, à cena de abertura de seu primeiro filme, </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Douro, Faina Fluvial</span><span style="font-family:georgia;">, de 1931.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">O filme é curto, não alcança 60 minutos. Mas é o suficiente para mais uma vez viajarmos pela memória junto ao longevo diretor.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5NXGWsvE8YhbraU-NB_IdCJu_QsmEBrXEmGvEM6CXVKTty9k7l8JB2kXERQ7rdo4U7kqSzvXkNL9U_giNBMhGMKE-tGCDugWmCPCoSBfF9ZNcswGqj4PFZroFnnsZr6AVTgPE/s1600-h/foto8.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 300px; height: 218px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5NXGWsvE8YhbraU-NB_IdCJu_QsmEBrXEmGvEM6CXVKTty9k7l8JB2kXERQ7rdo4U7kqSzvXkNL9U_giNBMhGMKE-tGCDugWmCPCoSBfF9ZNcswGqj4PFZroFnnsZr6AVTgPE/s320/foto8.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5284278976027149858" border="0" /></a><span style="font-family:georgia;">Encerro este texto com trecho da poesia Europa, de Adolfo Casais Monteiro, cuja leitura durante o filme é um dos momentos marcantes:</span><br /></div><br /><span style="font-family: georgia;font-family:verdana;font-size:85%;" >I<br /><br />Europa, sonho futuro!<br />Europa, manhã por vir,<br />fronteiras sem cães de guarda,<br />nações com seu riso franco<br />abertas de par em par!<br /><br />Europa sem misérias arrastando seus andrajos,<br />virás um dia? virá o dia<br />em que renasças purificada?<br />Serás um dia o lar comum dos que nasceram<br />no teu solo devastado?<br />Saberás renascer, Fénix, das cinzas<br />em que arda enfim, falsa grandeza,<br />a glória que teus povos se sonharam<br />— cada um para si te querendo toda?<br /><br />Europa, sonho futuro,<br />se algum dia há-se-ser!<br />Europa que não soubeste<br />ouvir do fundo dos tempos<br />a voz na treva clamando<br />que tua grandeza não era<br />só do espírito seres pródiga<br />se do pão eras avara!<br /><br />Tua grandeza a fizeram<br />os que nunca perguntaram<br />a raça por quem serviam.<br />Tua glória a ganharam<br />mãos que livres modelaram<br />teu corpo livre de algemas<br />num sonho sempre a alcançar!<br /><br />Europa, ó mundo a criar!<br /><br />Europa, ó sonho por vir<br />enquanto à terra não desçam<br />as vozes que já moldaram<br />tua figura ideal,<br />Europa, sonho incriado,<br />até ao dia em que desça<br />teu espírito sobre as águas!<br /><br />Europa sem misérias arrastando seus andrajos,<br />virás um dia? virá o dia<br />em que renasças purificada?<br />Serás um dia o lar comum dos que nasceram<br />no teu solo devastado?<br />Saberás renascer, Fénix, das cinzas<br />do teu corpo dividido?<br /><br />Europa, tu virás só quando entre as nações<br />o ódio não tiver a última palavra,<br />ao ódio não guiar a mão avara,<br />à mão não der alento o cavo som de enterro<br />— e do rebanho morto, enfim, à luz do dia,<br />o homem que sonhaste, Europa, seja vida!<br /><br />II<br /><br />Ó morta civilização!<br />Teu sangre podre, nunca mais!<br />Cadáver hirto, ressequido,<br />á cova, à cova!<br /><br />Teu canto novo, esse sim!<br />Purificado,<br />teu nome, Europa,<br />o mal que foste, redimido,<br />o bem que deste,<br />repartido!<br /><br />Aí vai o cadáver enfeitado de discursos,<br />florindo em chaga, em pus, em nojo..<br />Cadáver enfeitado de guerras de fronteiras,<br />ficções para servir o sonho de violência,<br />máscara de ideal cobrindo velhas raivas...<br />Vai, cadáver de crimes enfeitado,<br />que os coveiros, sem descanso,<br />acham pouca toda a terra,<br />nenhum sangue já lhes chega!<br /><br />Sobre o cadáver dançam<br />teus coveiros sua dança.<br />Corvos de negro augúrio<br />chupam teu sangue de desgraça.<br />Haja mais sangue, mais dançam!<br />E tu levada, tu dançando,<br />os passos do teu bailado<br />funerário!<br /><br />Mas do sangue nascerás,<br />ou nunca mais, Europa do porvir!<br /><br /> E a mão que te detenha<br /> à beira do abismo?<br /> Do sangue nascerá!<br /><br /> E braços que defendam<br /> teu dia de amanhã?<br /> Do sangue nascerão!<br /><br />O sangue ensinará<br />— ou nova escravidão<br />maior há-de enlutar<br />teus campos semeados<br />de forcas e tiranos.<br /><br /> De sangue banharás<br /> teu corpo atormentado<br /> e, Fénix, viverás!</span>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-85111037942594128702008-12-25T15:13:00.000-02:002009-01-23T15:17:24.547-02:00Em Cartaz: "GOMORRA"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1izKmk8IzKBkIscGgrb3NOQ27U937GhUDywczebVSERZsrNx6CL-nTwMkSKDN6j9Hw9aYUo_PR0dmN4EPJi1CDKluPK-XvWGO1sDk40fVAXIh7BflvJnx1UdzvkkcABnw3I08/s1600-h/gomorra+1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 224px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1izKmk8IzKBkIscGgrb3NOQ27U937GhUDywczebVSERZsrNx6CL-nTwMkSKDN6j9Hw9aYUo_PR0dmN4EPJi1CDKluPK-XvWGO1sDk40fVAXIh7BflvJnx1UdzvkkcABnw3I08/s320/gomorra+1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5283667853267925666" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Filmes sobre máfia em geral costumam apresentar uma linearidade em suas narrativas. Tal peculiaridade visa enfocar a alta hierarquia das famílias mafiosas através de suas nuances e ramificações. O tom obscuro e por vezes nefasto dos personagens que interpretam referências do mundo gângster dá mais ênfase à ilicitude de suas ações. Em </span><span style="font-weight: bold; font-style: italic; font-family: georgia;">Gomorra </span><span style="font-family: georgia;">(Itália, 2008) o jovem diretor Matteo Garrone adaptou o homônimo relato jornalístico de Roberto Saviano para as telas de forma crua e obscura, como requer o gênero.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">No entanto, tal adaptação é virtuosa por mostrar o “baixo clero”, ou seja, o submundo da </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Camorra</span><span style="font-family: georgia;">, a máfia napolitana que age de forma onipresente na região e possui negócios ilícitos com outras máfias como a chinesa, por exemplo. Mas o filme de Garrone não é voltado a um contexto de globalização do crime e, sim, à motricidade que faz dele um negócio lucrativo e com leis internas. O bairro onde se passa parte do filme é o retrato das disparidades sociais entre o sul (subdesenvolvido) da Itália, na qual jovens sem perspectivas profissionais e de vida almejam ingressar no mundo do crime atraídos pelo dinheiro rápido, reconhecimento perante seus superiores por intermédio das ações violentas, mas principalmente pelo contato direto com dinheiro, não importando sua licitude.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVyQed7MgFn3qaDS1i0OdPbOOV7WgL0CzkKoKCZGiDXZdtP9j7gjPjPvTGN0-DjWHuH8_xiVIeP7wyfNfTwo6Q88WXCwLHB_q9o12lyheTNj2fIjsU6THPHoYrfyKAQYFrllfk/s1600-h/gomorra+2.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 134px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVyQed7MgFn3qaDS1i0OdPbOOV7WgL0CzkKoKCZGiDXZdtP9j7gjPjPvTGN0-DjWHuH8_xiVIeP7wyfNfTwo6Q88WXCwLHB_q9o12lyheTNj2fIjsU6THPHoYrfyKAQYFrllfk/s200/gomorra+2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5283668233503511026" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">O aliciamento de jovens é uma das facetas que compõe as estruturas da Camorra, assim como cobrança de impostos e redistribuição de dinheiro para famílias protegidas pela máfia local. Se em </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Scarface </span><span style="font-family: georgia;">e </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">O Poderoso Chefão </span><span style="font-family: georgia;">temos ícones como Tony Montana (citado no começo da fita por dois jovens dispostos a subverter os valores da máfia) e Don Corleone, em Gomorra não há essa referência a um destaque especifico, como nos clássicos de Howard Hawks e Francis Ford Coppola, respectivamente.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Uma narrativa não-linear é composta por quatro situações diferentes: o garoto Totò, embora muito jovem, pretende ingressar no submundo do crime, colaborando com a hierarquia presente. Don Ciro é o coletor de imposto e distribuidor de uma “mesada” para as famílias que pagam pela proteção e vive numa linha tênue entre o respeito à Máfia e a insatisfação agressiva para com a sua função. O veterano Franco tenta arrumar em Roberto seu sucessor como um gerenciador direto do alto comando da </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Camorra </span><span style="font-family: georgia;">- todavia, Roberto vive sob a dúvida de que se o crime organizado é mesmo a melhor saída. O alfaiate Pasquale, que presta serviços a membros da </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Camorra</span><span style="font-family: georgia;">, tenta resistir à sedução de trabalho para a máfia chinesa, o que pode comprometer a sua segurança.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirb_TxVDVZaOW9uM2OwrmvJv13vLJBltQ4MEOlaNGUk-fYDp3Hj_dtvco0_KmR4nF961rfIWNcauVsbYUr1Lb8GlAIKEh-SvdoYCM0cxiTcBJmIF2ppcPt1bKo4J0rl-mPGEsH/s1600-h/Gomorra+6.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 109px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirb_TxVDVZaOW9uM2OwrmvJv13vLJBltQ4MEOlaNGUk-fYDp3Hj_dtvco0_KmR4nF961rfIWNcauVsbYUr1Lb8GlAIKEh-SvdoYCM0cxiTcBJmIF2ppcPt1bKo4J0rl-mPGEsH/s320/Gomorra+6.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5283669929834618850" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Tais personagens não se cruzam e nem suas histórias se entrelaçam, o que da mais vivacidade e crueza à narrativa proposta pelo diretor. Os negócios ilícitos e a lavagem de dinheiro variam da produção de tecidos e roupas em grande escala, tráfico de drogas e de armas, até a desova de lixo tóxico de Nápoles. O título do filme, além da proximidade de analogia com o nome da máfia napolitana, é uma referência à cidade de Gomorra que(assim como Sodoma), segunda a bíblia judaico-cristã, foi destruída por Deus devido à prática de atos imorais.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Outro grande mérito de Matteo Garrone é a forma realista com que ele transpõe para a tela um relato jornalístico sem incursionar pelo factual. E isso fica explícito na bela narrativa e montagem do filme, assim como a coerente direção de fotografia e cenários das locações, elucubrando de forma obscura e crua que reflete à Máfia local.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEoqhObhmPRYT6lmTklUaslKLu8Y4lSvz0LKOgQ7m9jRAW0PTjuXCMVxMViB8bMe8eqj2LU7VEpsERbhKMZPueUnb11mILJGc9NFLnW7nYB2z7643_i0yq2ETfxRdS43ZRoVoE/s1600-h/gomorra+4.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 120px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEoqhObhmPRYT6lmTklUaslKLu8Y4lSvz0LKOgQ7m9jRAW0PTjuXCMVxMViB8bMe8eqj2LU7VEpsERbhKMZPueUnb11mILJGc9NFLnW7nYB2z7643_i0yq2ETfxRdS43ZRoVoE/s200/gomorra+4.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5283668624498474882" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">O filme termina com dados coletados pelo autor do livro, Roberto Saviano, apresentando números sobre as ações violentas da </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Camorra</span><span style="font-family: georgia;">: o crime organizado na Itália fora responsável por mais de 10 mil mortes, sendo que a </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Camorra </span><span style="font-family: georgia;">tem participação em quase 4 mil assassinatos, além de investimentos em diversos setores econômicos, no que incidem na lavagem de dinheiro do crime organizado.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Num cinema que contribuiu com autores e obras fundamentais para a cinematografia mundial, Nanni Moretti e Marco Bellochio deram um alento ao cinema italiano, carente de grandes produções nos últimos anos, </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Gomorra </span><span style="font-family: georgia;">(premiado pela Academia Européia de Cinema e pelo Júri no Festival de Cannes, ambos em 2008) se encaixa como peça fundamental na quase inexpressiva filmografia italiana dos últimos anos.</span></div>Hudson Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/00137753705677244862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-73437471419692119432008-12-19T12:55:00.000-02:002009-02-10T13:01:14.869-02:00"A CULPA É DO FIDEL" de Julie Gavras<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9_2JM1J7Qvxn09yJccmCwvwAJaxe0cWGiBNwo1v9uGfdsy-5bfRhS8gXa4U9ZOCBlIEIs2spnFyluPWRaYtPXDVe3edO1L_bAlSJD3QPnCWa4grmR6T0Sofut-gLv93rnLBK1/s1600-h/poster.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 224px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9_2JM1J7Qvxn09yJccmCwvwAJaxe0cWGiBNwo1v9uGfdsy-5bfRhS8gXa4U9ZOCBlIEIs2spnFyluPWRaYtPXDVe3edO1L_bAlSJD3QPnCWa4grmR6T0Sofut-gLv93rnLBK1/s320/poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5281658999488788034" border="0" /></a>Em seu primeiro longa-metragem, Julie Gavras, filha do mestre do cinema político Costa Gavras, incursiona pelo ambiente político do início dos anos 70, mas qualquer comparação entre a filmografia política e engajada do pai e o começo promissor da filha termina por aqui. O cinema político de Costa Gavras é focado num plano factual, onde a ficção e a realidade às vezes se entrelaçam, diferindo da fita de Julie, <span style="font-style: italic;"><span style="font-weight: bold;">A Culpa é do Fidel</span> (La Faute à Fidel, França / Itália, 2006)</span>, em que um conflito de ideologias políticas é retratado pelo prisma de uma criança.<br /><br />A pequena atriz Nina Kervel-Bey interpreta Anna de la Mesa, menina de classe média, estudiosa e centrada que tem sua rotina mudada após a morte de um tio por perseguições políticas. Seus pais aderem ao comunismo mediante um sentimento de culpa, por não se envolverem efetivamente na militância como outros parentes de seu pai, Fernando de La Mesa, vivido por Stefano Accorsi.<br /><br />Os pais de Anna viajam ao Chile, pouco antes da vitória do socialista Salvador Allende nas eleições presidenciais, e voltam sob a aura esquerdista vitoriosa em um continente dominado por regimes totalitários. Tal mudança de comportamento e ideologia afetará a rotina da menina, que deixa de cursar a disciplina de Catecismo num colégio de freiras, distanciado de algumas amigas e sentindo-se excluída pelo resto da turma. Seu irmão mais novo, François, mostra-se alheio, ou melhor, adaptado à mudança, pois sua ingenuidade infantil ainda não consegue discernir o ambiente político vigente da época.<br /><br />Nesse filme, a História é encarada por viés até certo ponto revisionista, na medida em que alguns personagens mostram-se alienados perante a efervescência política e cultural dos anos 70 e, dessa forma, confundem as explicações do que está ocorrendo para as crianças de forma cômica. Qualquer explicação sobre os barbudos de vermelho que passam a frequentar a casa de <a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZig6OnK1HRuHk8mwcZtCwtsSoqgiW4RpvgowBiTnpZ23bEmyGy1tBiNNONnreg9TxZOpCcld5wH9gqUpAKBvBTfkSNwwhFBcJPLfnIFIjBFgMfHE2cOz0iq1kRO0QPGlcnyw1/s1600-h/2.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 118px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZig6OnK1HRuHk8mwcZtCwtsSoqgiW4RpvgowBiTnpZ23bEmyGy1tBiNNONnreg9TxZOpCcld5wH9gqUpAKBvBTfkSNwwhFBcJPLfnIFIjBFgMfHE2cOz0iq1kRO0QPGlcnyw1/s200/2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5281659678877177762" border="0" /></a>Anna ou os gibis do “fascista Mickey Mouse’ confundem ainda mais e deixam a pequena protagonista à margem do que realmente está acontecendo.<br /><br />Uma viagem à Espanha (ainda franquista) faz Anna revisitar um pouco da história e origem de sua família, sua rotina já foi alterada, é preciso adaptar-se a ela e Anna faz o possível para que isso ocorra. Seus pais, por sua vez, não mantêm uma sintonia sobre seus ideais e isso retrata ainda mais as dúvidas que pairavam na família de La Mesa.<br /><br />E quem seria o responsável por toda essa mudança na vida e no mundo de Anna? O protagonista não visto no filme - o líder cubano Fidel Castro, cuja existência é apresentada à menina por intermédio de uma de suas babás, que foram sendo substituídas conforme a demanda e a preferência dos pais, envolvidos, mesmo que na França, com as eleições presidenciais no Chile.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJH5CVNGoHbXbzekfslBNKOCF17Jhd0sQqSCET56NY9x_25-X9_52KUM7jvPkaYYqPowXVwgu9a9LMIA_b60pDie_N0-xLLPYAbvdfwvvuNnD46HOelh4D133JJVVAmbnQv_lZ/s1600-h/4.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 213px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJH5CVNGoHbXbzekfslBNKOCF17Jhd0sQqSCET56NY9x_25-X9_52KUM7jvPkaYYqPowXVwgu9a9LMIA_b60pDie_N0-xLLPYAbvdfwvvuNnD46HOelh4D133JJVVAmbnQv_lZ/s320/4.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5281660161513427826" border="0" /></a>Filmes cujos protagonistas são crianças sempre são válidos para termos noção de como algo é visto a partir do prisma infantil e que consequências tomam. Filmes com um ambiente político protagonizado por crianças reforçam ainda mais o convite para a singela estória de conflitos da infância.</div>Hudson Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/00137753705677244862noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-61970984095098170032008-12-17T08:56:00.012-02:002009-02-10T13:18:52.759-02:00100 Anos de Manoel de Oliveira: "VALE ABRAÃO"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkynQjnRdPsA3ORWEQIRe6nyr7me-TNHnArnh2m55RX2pEmXqXWe9YNYFqqGGeQetWmB5r7D7d0yZmcEkVqKN118fmk3kubZnVn6Mlg2G0q7jjjtkMhm9O1FK2OqYPN3nzcKrc/s1600-h/vale+abraao3.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 400px; height: 275px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkynQjnRdPsA3ORWEQIRe6nyr7me-TNHnArnh2m55RX2pEmXqXWe9YNYFqqGGeQetWmB5r7D7d0yZmcEkVqKN118fmk3kubZnVn6Mlg2G0q7jjjtkMhm9O1FK2OqYPN3nzcKrc/s400/vale+abraao3.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280712604367897842" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">No início da década de 1990 Manoel de Oliveira começou a trabalhar junto com Augustina Bessa-Luís para contar novamente a estória de Emma Bovary, imortalizada no romance </span><i style="font-family: georgia;">Madame Bovary</i><span style="font-family: georgia;">, de Flaubert. Todavia a idéia de Oliveira era menos adaptar o romance do que re-escrever a fábula com nova forma. Por isso pediu a ajuda de sua querida amiga, a romancista Bessa-Luís. Escreveram a quatro mãos o roteiro, do qual surgiria não só um novo filme do cineasta, mas também um romance homônimo de Augustina. O filme era </span><i style="font-weight: bold; font-family: georgia;">Vale Abraão</i><span style="font-family: georgia;">, lançado em 1993.</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify; font-family: georgia;"><i>Vale Abraão</i> poderia ser chamado de um filme pós-moderno (a acusação poderia ser feita ao romance também) por realizar jogadas metalingüísticas, afinal trata-se da estória de uma nova Ema, que possui uma trajetória semelhante a personagem do romance do século XIX, sendo leitora do próprio <i>Madame Bova</i><i>ry</i>. Todavia, acusar a película de pós-modernismo é não perceber como Oliveira se afasta da maior parte da produção do cinema que lhe era contemporâneo e do próprio romance oitocentista.<br /><br />Primeiro porque a Ema do português é mais sólida, densa e inteligente. Na interpretação de Leonor Oliveira, uma das atrizes favoritas de Manoel, Ema adquire uma densidade assustadora, como fazem questão de perceber a maioria dos outros personagens do filme. Ema é mostrada como uma criatura sedutora e poderosa, cuja condição de manca acentua a<span style=""> </span>ambigüidade como mulher que deseja uma vida intensa e não somente ser a rica esposa refinada e desocupada de seu marido médico. Por se casar com Carlo Paiva (o estupendo Luís Miguel Cintra), médico bem sucedido, o qual não ama, investe na procura de amantes menos para preencher um vazio existencial do que por uma necessidade de viver suas próprias contradições. Desde criança, a personagem é vista por tias, pretendentes, amigos e amantes como um perigo. Os homens a cobiçam pela sua ardência, as mulheres a criticam por sua beleza. No final, exceto por Paiva, que realmente a amava, fica evidente que todos desejam algo da nova bovarinha, mas só conseguem pedaços de tudo. Todos, no fundo, parecem temê-la um pouco.<br /><br /><p class="MsoBodyText"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnqbWI-VkvpgxhOByuiqVZmovKdQW4iJm-8UMM2nsGyf8LuMVkzS4mKnAytzmD66UTADULrgjRRtKOfrCu2O42oHN8AMBcMZqaMqtRjjQo_N6hgn69KCfnJxiYDPD-IktNzm46/s1600-h/vale+abraao5.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 320px; height: 174px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnqbWI-VkvpgxhOByuiqVZmovKdQW4iJm-8UMM2nsGyf8LuMVkzS4mKnAytzmD66UTADULrgjRRtKOfrCu2O42oHN8AMBcMZqaMqtRjjQo_N6hgn69KCfnJxiYDPD-IktNzm46/s320/vale+abraao5.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280714698367794482" border="0" /></a></p>Só que isso não significa que Ema saia vitoriosa. O filme acompanha sua infância e casamento, encontros com amigos da conservadora alta sociedade do norte de Portugal, sua maternidade, enfim, segue sempre auxiliado por um irônico, onisciente, mas nada cínico narrador em voz <i>over</i>. Por meio dele podemos saber de sua insatisfação, perceber seus deslizes e incoerências. As vezes, a fita desvia da protagonista para mostrar muitos personagens relacionados a trama principal. Assim Oliveira faz uma radiografia do conservadorismo português frisando menos a mente pequena daquela sociedade, mas deixando evidente a profundidade que existe, os sentidos da represália à Ema, aquilo que ela ameaça, o por quê disso e o que ela realmente representa.<br /><br />Inesquecível neste sentido o encontro de Paiva com Maria do Loreto, participação curta, mas espetacular da atriz Glória de Matos. Paiva fora encontrar a velha senhora e escritora que a leva por sua bela propriedade até uma pequena casa que ela própria havia construído para que seu marido pudesse se encontrar com suas amantes. Lá Maria dá conselhos a Paiva sobre o que são homens e mulheres, tendo como objetivo falar de Ema, e acaba colocando sua concepção da condição feminina: “Que quer dizer saída da costela de Adão? Que ela é algo de semi-real, que é nascida de um significado incompleto, como um costado a que falta uma costela. A sua diferenciação fica sempre imaginária como ‘coisas de mulher’, como um organismo que absorve o outro e o expulsa por ser estranho”. Aqui se reconhece a pena da grande romancista portuguesa, Augustina Bessa-Luís, que fez do romance algo tão lindo quanto o filme.<br /><br /><div style="text-align: justify;">A fita poderia ser facilmente acusada de ser muito literária pela importância que o texto do narrador ou mesmo das personagens têm na trama. Todavia o aparente “descompasso” entre a câmera quase sempre estática da fita com o texto corrente, os enquadramentos que mostra quadros incompletos da ação na tela enquanto o narrador inunda o espectador de informações, fazem com que a construção narrativa de <i>Vale Abraão</i> acentue a construção imaginária de duas coisas importantes no cinema de Manoel de Oliveira: o tempo humano da trama e a investigação das personagens e de seus sentidos no mundo em que se encontram. Há um enigma a ser resolvido na película: qual o papel de Ema em Vale Abraão, como ela torce as pessoas e o mundo ao seu redor?<br /></div></div><div style="font-family: georgia;"> </div><div style="text-align: justify; font-family: georgia;"> </div><br /><div style="text-align: justify; font-family: georgia;"><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYms5y4lWb_nHUMZW0KXJQagDkySSTWJcCspvRrYrpvwnDYcGE3KHFjOOkhJFEqd7mTzn4racCVxVfLi5uENOBI7Yvjw6hbo62U-zHyl6up8B-GF-xfBs42e5iQQebHJcjD_de/s1600-h/Vale+abraao1.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 320px; height: 230px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYms5y4lWb_nHUMZW0KXJQagDkySSTWJcCspvRrYrpvwnDYcGE3KHFjOOkhJFEqd7mTzn4racCVxVfLi5uENOBI7Yvjw6hbo62U-zHyl6up8B-GF-xfBs42e5iQQebHJcjD_de/s320/Vale+abraao1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280714141284303026" border="0" /></a></p>Neste sentido o filme vai construindo entre movimentos de câmera, situações e narrações as contradições de subversão de Ema no norte de Portugal. Todavia essa subversão jamais deve ser destruída, mas sim tolerada, pois fornece a uma sociedade culpabilizadora a oportunidade de responsabilizar alguém por ultrapassar os seus limites e se libertar de seus próprios pecados ao apontar a falha alheia. E apesar disso, o sentido daquele mundo humano nunca é completo, não há como chegar a conclusões definitivas sobre Ema ou Paiva ou Loreto ou quem quer que seja. Todos são personagens intrigantes e aprofundados, dos quais a fita mostra muitas coisas, mas jamais todas, sempre surpreendendo em algum momento, sempre introduzindo algum dado novo que nos faz refazer o mundo da trama.<br /></div><br /><div style="text-align: justify; font-family: georgia;">Na saga de Ema nos espaços do vale do Douro em Portugal ninguém sai redimido e muito menos culpado, ao menos pela própria película. O olhar da fita é complacente em sua compreensão pelos personagens, interessado em mostrar-lhes enigmaticamente entre si mesmos e para os espectadores. E talvez o enigma seja a metáfora ideal pela qual Oliveira interroga o mundo com suas imagens. O grande enigma deste filme poderia ser, quem sabe, a mulher, vista pela lente de uma lente masculina (Manoel), mas com o auxílio de um olhar feminino (Augustina), ambos conservadores em muitos sentidos, mas nem por isso desatentos às contradições dos próprios conservadorismos.<br /></div><br /><div style="text-align: justify; font-family: georgia;"><i>Vale Abraão</i> permanece uma das obras máximas de Manoel de Oliveira. Não carrega o lirismo de <i>Viagem ao Princípio do Mundo</i> (1996) ou a amorosidade magnífica de <i>A Carta</i> (1998). Aproxima-se talvez mais da noção de investigação que permeia <i>Um Filme Falado</i> (2004), só que sem a bela veia didática deste. Fica a impressão sempre de que a maturidade e a velhice de Oliveira (que já tinha 85 anos quando fez o filme) tornaram-se os melhores temperos pelos quais cada plano seu se torna uma tentativa de interrogar a vida. E como disse mestre Oliveira, que agora completa 100 anos, cada plano é um risco, como a própria vida. </div>Francisco Santiago Júniorhttp://www.blogger.com/profile/00258030765253914939noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-82735062611439893692008-12-16T03:51:00.009-02:002008-12-16T04:09:13.491-02:00O CINEMA DO GÊNIO JODOROWSKYA primeira lição pra quem pretende conhecer a filmografia do chileno Alejandro Jodorowsky é ver <span style="font-style: italic; font-weight: bold;">La Cravate</span>. Um curta de 1957 sobre uma loja de cabeças, escrito em parceria com Jean Cocteau e baseado num conto de Thomas Mann. Teatro filmado nos moldes do Movimento Pânico, grupo de arte criado na França por Jodorowsky, Fernando Arrabal e Roland Topor que transcendia ainda mais os conceitos do surrealismo. Como diria Jodorowsky, o extremo do “terror, humor e simultaneidade”.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH9pE_z1a3QCktrZdPXJZli6aMCoQAUNHT-XwpTTHNHP5cmi2oZmev_6YbobKy4UNYhTMjhK9xOr4G4MznRdwlmao5-Qgc23iyWf03PHXqYY5dr3ARXY88S4c9tNVTVraN624j/s1600-h/la+cravate.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 171px; height: 128px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH9pE_z1a3QCktrZdPXJZli6aMCoQAUNHT-XwpTTHNHP5cmi2oZmev_6YbobKy4UNYhTMjhK9xOr4G4MznRdwlmao5-Qgc23iyWf03PHXqYY5dr3ARXY88S4c9tNVTVraN624j/s320/la+cravate.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280264545531456194" border="0" /></a>O choque, a repulsa e a beleza plástica explodem na cara do espectador. A primeira impressão logo no início é de sedução. Cores e imagens tão perfeitas que parecem ter sido feitas ontem. Mas na verdade foram filmadas há 50 anos! O andamento do filme se dá como que orquestrado por música e sons. Os cenários são diferentes de tudo que já vimos. Passeia entre o ousado, o pós-moderno e o grotesco. A obsessão por mutilação de corpos. O misticismo e a idolatria. Um nome a ser comparado com o cinema de Buñuel. Impressões que temos em <span style="font-style: italic;">La Cravate</span> e se repetem por toda a filmografia de Jodorowsky.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgANdYC7FqRJDo5a8ZoySCK0-96wzXMUtAzFxKzjeseet4Nlfk0NYxB_46LCe-5eDYABV9MSDkj7K5hw9dCE7ud_yTRAaEaJhArNX1msS-LjZovrVo0RpYOz57abWff7_33wMXF/s1600-h/fando+y+lis.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 182px; height: 112px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgANdYC7FqRJDo5a8ZoySCK0-96wzXMUtAzFxKzjeseet4Nlfk0NYxB_46LCe-5eDYABV9MSDkj7K5hw9dCE7ud_yTRAaEaJhArNX1msS-LjZovrVo0RpYOz57abWff7_33wMXF/s320/fando+y+lis.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280264768959700866" border="0" /></a>No seu primeiro longa, <span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Fando y Lis</span> (1968), abriu mão das cores fortes do curta para apresentar um árido P&B. Num texto feito em parceria com Arrabal, deixa o teatro de lado. Apenas externas e com figuração popular. Uma dimensão mais épica que se repetiu em todos os filmes posteriores. Além de Buñuel, uma influência direta do cinema de Glauber Rocha e Pasolini. Neo-realismo e Fellini também estão presentes. Uma saga surrealista de um casal, ela mutilada, no meio de uma peregrinação desértica pelos seus desejos. Criações de cena impressionantes e diálogos líricos belíssimos. Mas também repleto de personagens grotescos e situações bizarras.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLXYan68fEuaiHXL8f6kHr-WK9sObetcKfqw49rBFSNHPbQvM-K5TAt7Xc45GhHzQ6gmTcAV6S0bvbunCKJos2_Vjw-eDRu4MnEPIVUFy-abmlgdppIhBJU8JTpeKCg6aVSTCv/s1600-h/el+topo.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 176px; height: 130px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLXYan68fEuaiHXL8f6kHr-WK9sObetcKfqw49rBFSNHPbQvM-K5TAt7Xc45GhHzQ6gmTcAV6S0bvbunCKJos2_Vjw-eDRu4MnEPIVUFy-abmlgdppIhBJU8JTpeKCg6aVSTCv/s320/el+topo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280264971227854786" border="0" /></a>Em <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">El Topo</span> (1970), retoma todos os elementos de <span style="font-style: italic;">Fando y Lis</span>, acrescentando cores e sangue. Um <span style="font-style: italic;">western</span> alegórico sobre um pistoleiro que carrega seu pequeno filho nu na garupa do cavalo. Um matador capaz de abandonar a cria e peregrinar pelo deserto enfrentando inimigos sagrados em troca do martírio. Um homem tentando se provar o escolhido. Crítica religiosa repleta de violência, mutilados e subversão. Tudo é simultaneamente repulsivo e sedutor. Toques de Peckinpah e Leone no universo surrealista. Uma espécie de <span style="font-style: italic;">Deus e o Diabo na Terra do Sol</span> mexicano. Tão maravilhoso quanto.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhznCPR-5eQPJRPAkuX7GwlnLyY9dqjEx7SrPVG3AjdHnAiaGzJPCHjSQS1Q5Y1qfuJPp_-P7acAXDf07zS8ru5hyphenhyphenSew_BgkEYOov-oeuf_pT9iwvR2KinOvpOhap6BrFESfr8E/s1600-h/the+holy+mountain.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 285px; height: 122px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhznCPR-5eQPJRPAkuX7GwlnLyY9dqjEx7SrPVG3AjdHnAiaGzJPCHjSQS1Q5Y1qfuJPp_-P7acAXDf07zS8ru5hyphenhyphenSew_BgkEYOov-oeuf_pT9iwvR2KinOvpOhap6BrFESfr8E/s320/the+holy+mountain.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280265161473669314" border="0" /></a>Dizem que <span style="font-style: italic;">El Topo</span> ficou em cartaz no circuito alternativo de Manhattan por mais de um ano. Um dia saíram da sessão estupefatos John Lennon e Yoko Ono. Maravilhados com o que viram, ligaram para Jodorowsky e se propuseram a bancar o filme seguinte. <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">The Holy Mountain</span> (1973) é mais uma fábula fantástica, surrealista, mística, ultraviolenta e mutiladora. Fala de um bruxo que convoca um grupo de burgueses a abrirem mão de seus bens em troca da resposta para a existência e a imortalidade. Os cenários, cores e figurações ganham destaque especial. Cenas além de qualquer descrição. Só vendo para entender. Torres, salões, indústrias e montanhas, tudo é grandioso e incrivelmente diferente de tudo que já vimos. Quer ter uma idéia de onde pode chegar a cabeça de Jodorowsky? Numa passeata, a milícia descamisada abre fogo contra manifestantes. Os espirros de <span style="font-style: italic;">catchup</span> típicos se intercalam com pétalas de rosa, frutas e vegetais no lugar do sangue e vísceras. Pra chorar de emoção. O que causa controvérsias nesse filme é o final, para muitos, preguiçoso e fanfarrão. Pra mim, bastou. Um dos maiores filmes que já vi.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5FwhitU5tD8tj_jv-inJ04L6lRo3kRn5E_pq17TvzAPqajBdfvJ-U6RIwDr7NAo784dP93KhAobnDZIGudr2nAyzMtTiiy4YWUtKKVMA0krsAycOrFcQxuMWLOHL55wRgvKHl/s1600-h/santa+sangre.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 241px; height: 136px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5FwhitU5tD8tj_jv-inJ04L6lRo3kRn5E_pq17TvzAPqajBdfvJ-U6RIwDr7NAo784dP93KhAobnDZIGudr2nAyzMtTiiy4YWUtKKVMA0krsAycOrFcQxuMWLOHL55wRgvKHl/s320/santa+sangre.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280265391872962258" border="0" /></a>Em 1989, ainda lançou <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Santa Sangre</span>. Quase uma versão gótica de <span style="font-style: italic;">Psicose</span>. Recheada de elementos do universo de Jodorowsky, conta a história de um rapaz que empresta seus braços à mãe dominadora e mutilada. Literalmente um circo do bizarro, com uma galeria de personagens estranhos, repulsivos e sensuais. O clima gótico faz com que o filme seja classificado por aí como um terror. É também o filme mais sangrento de Jodorowsky. Mas é o único com um enredo um pouco mais linear. Ao longo da projeção há o tradicional porre de imagens grandiosas, coloridas e estranhas, mas, ao contrário dos filmes anteriores, é narrado com começo, meio e fim. Uma fábula circense do horror.<br /><br />No ano seguinte, a repercussão internacional de <span style="font-style: italic;">Santa Sangre</span> deu fôlego para que Jodorowsky emendasse outro longa-metragem. <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">The Rainbow Thief</span> é o primeiro filme com elenco célebre. Omar Shariff e Peter O´Toole se embrenham em túneis submersos, esgotos e becos em busca de um pote de ouro que há no final do arco-íris. Um filme arrastado e monótono que vale, como sempre, pela direção de arte e cenografia. Cenas lindas e nada mais. Um filme menor, mas não ruim.<br /><br />Ruim como <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Tusk</span>, por exemplo. Filme que fez em 1980 com recursos escassos e que parece coisa de amador. Narra a amizade de uma inglesinha colonizadora com um elefante indiano. As propostas básicas de Jodorowsky estão lá, principalmente o misticismo, mas a vontade de documentar o cotidiano da pobreza indiana fala mais alto. Não se saiu bem como documentário. Parece uma piada de mau gosto. Deixa a gente com um sentimento de "como é que Jodorowsky pôde fazer isso?".<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwvgNWvb3_sq3fG5RzPRQVx09LMtw0eBBUTJFDzYQHBJQdiA3pPXbTS_MOu_Oo39v-HU_4o-iny4KisBXHBR0b5amTfU5iJdNE4IKBJq_jYPsCEnMOmSzhLhE-Ekx5FPFu89W6/s1600-h/Jodorowsky.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 216px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwvgNWvb3_sq3fG5RzPRQVx09LMtw0eBBUTJFDzYQHBJQdiA3pPXbTS_MOu_Oo39v-HU_4o-iny4KisBXHBR0b5amTfU5iJdNE4IKBJq_jYPsCEnMOmSzhLhE-Ekx5FPFu89W6/s320/Jodorowsky.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280265600933427042" border="0" /></a>Jodorowsky fez poucos filmes. Também, pudera! Quantas pessoas no mundo podem se dizer diretor de cinema e teatro, ator, produtor, compositor, escritor, teatrólogo, filósofo, humorista, cartunista e, completando, tarólogo? Enfim, com tantos ofícios, é mais do que justo considerá-lo um gênio do cinema por seus 7 filmes, sendo 5 deles obras-primas celebradas e premiadas. Não é todo cineasta que afirma por aí que “o cinema deve ter a força de uma pílula de LSD”.<br /><br />Curioso é saber que ele comprou os direitos de filmagem da novela <span style="font-style: italic;">Duna</span> em 1977. Tentou durante anos realizar o filme, mas não teve êxito. Acabou repassando os direitos a David Lynch. Sobre a qualidade sempre questionada do filme homônimo, Jodorowsky concorda que é “uma bosta”. Mas diz que se não fosse Lynch poderia ser pior ainda. Em resumo, a proximidade não é coincidência. Além da óbvia influência estética, David Lynch é também produtor de <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">King Shot</span>, primeiro filme de Jodorowsky em 19 anos, com Asia Argento, Marilyn Manson e Nick Nolte no elenco. Aguardamos ansiosos.Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-83156300267283821992008-12-12T18:04:00.011-02:002009-02-10T13:04:48.153-02:00100 Anos de Manoel de Oliveira: "CRISTÓVÃO COLOMBO - O ENIGMA"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-1zEghjaMMFS-eis-VqTxrsqKADndnunTJ1hZzYymcaqxvjwOdLCHZBHjlu_iMnOEgKUgJaX633M6Pwba1V5IHqsv8KvGfzuxy3O_ReUSPusEo34R1Ib3H05rOneMnyfwMsJz/s1600-h/poster.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 259px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-1zEghjaMMFS-eis-VqTxrsqKADndnunTJ1hZzYymcaqxvjwOdLCHZBHjlu_iMnOEgKUgJaX633M6Pwba1V5IHqsv8KvGfzuxy3O_ReUSPusEo34R1Ib3H05rOneMnyfwMsJz/s320/poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278999758098343490" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Hoje, oficialmente, Manoel de Oliveira, completa 100 anos. Oficialmente porque ele nasceu em 11 de dezembro de 1908, mas foi registrado apenas no dia 12. O diretor mais velho em atividade construiu uma obra que não é velha. Atuante desde os anos 30 do século passado, viu e segue vendo o desenvolver de uma arte, boa parte de suas técnicas, os movimentos, os autores, atrizes e atores. Assim como ele, seu cinema permanece lúcido e capaz de atrair algum público, ainda que seleto, em diversas partes do mundo.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Enquanto eu, nesta semana, assistia a </span><span style="font-weight: bold; font-style: italic; font-family: georgia;">Cristóvão Colombo - O Enigma</span><span style="font-family: georgia;"> (França/Portugal, 2007), ele estava "em campo" pra filmar seu atual projeto, </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Singularidades de uma Rapariga Loira</span><span style="font-family: georgia;">, baseado em conto de Eça de Queiroz. Mas voltemos à </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Cristóvão Colombo</span><span style="font-family: georgia;">, o primeiro que o diretor realizou com tecnologia digital. Tal demonstração de interesse pelas novas tecnologias ajudam a provar sua vitalidade, assim como o fato do próprio diretor e sua esposa terem atuado no filme também o faz.</span><br /><br /><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Cristóvão Colombo - O Enigma</span><span style="font-family: georgia;"> é baseado no livro de Manuel Luciano da Silva, </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Cristovão Colon Era Português</span><span style="font-family: georgia;">. O autor do livro é o personagem principal e a experiência de assistir ao filme nos leva a observar duas trajetórias distintas: a da investigação sobre as navegações lusitanas pelo autor, além de sua própria trajetória de vida.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Assim como toda a carreira do diretor português, o filme atravessa os tempos. Começa na década de 1940, quando os jovens irmãos Manuel Luciano (Ricardo Trêpa) e Hermínio (Jorge Trêpa) embarcam pra Nova Iorque. Lá eles se instalam e Manuel Luciano se torna médico. Mais que isso, torna-se um investigador das navegações portuguesas no período em que a América foi "descoberta" e, sobretudo, de questões que concernem à nacionalidade de Cristóvão Colombo. Defende e investiga a teoria de que Colombo não era genovês e, sim, português e natural de Cuba, cidade alentejana. Não à toa, uma das ilhas que Colombo "descobriu" quando chegou à América foi batizada com o nome da cidade portuguesa.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgH6PmO9lMP6mqkQ2u5MboP-sBrs8mpx_4hBE1yMljMCUjD82VHboTANE6fDnqM7jHLXa2ALKCTtAv8OLBlwB1fB_J2_3VEmTisfJGZIO7ucMWawjTm5YGdJqyZtRZdIfC10auF/s1600-h/071014-154213-1-23-ent.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 107px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgH6PmO9lMP6mqkQ2u5MboP-sBrs8mpx_4hBE1yMljMCUjD82VHboTANE6fDnqM7jHLXa2ALKCTtAv8OLBlwB1fB_J2_3VEmTisfJGZIO7ucMWawjTm5YGdJqyZtRZdIfC10auF/s200/071014-154213-1-23-ent.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5279000077896325042" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Já em 1960, Manuel Luciano desposa Silvia (Leonor Baldaque) e, com ela, vai à cidade de Cuba. As investigações são sua grande paixão e, mais tarde, em 2007, quando o casal passa a ser interpretado pelo próprio Manoel de Oliveira e sua esposa, Maria Isabel de Oliveira, Silvia irá conversar com Manuel Luciano sobre o fato de ter de competir com esta grande paixão. Juntos, visitam os monumentos que referenciam a presença de Colombo, tanto na América como em Portugal.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Manoel de Oliveira/Manuel Luciano lamenta a pouca importância que as instituições e o povo dão ao resgate da memória portuguesa das grandes navegações e compara o período das grandes aventuras lusitanas no além-mar com a corrida espacial levada a cabo por EUA e União Soviética durante a Guerra Fria. Num dado momento, o investigador, ainda jovem e recém-casado, pergunta a uma senhora a respeito da casa onde teria nascido Colombo. Como resposta, obtem: "Cristóvão Colombo? Nunca ouvi falar e olha que já moro aqui há muito tempo".</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Em toda sua trajetória, o investigador é também acompanhado por uma figura, um signo em forma de mulher jovem e em traje vermelho e verde - a personificação do orgulho lusitano (Lourença Baldaque). Poesias de Fernando Pessoa e de Camões, além de um belíssimo fado, temperam o prato que é a busca do casal Silva.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqECeOMCIwHGiGCd1jgrHOTmyh80TCpJsIW-X-LkINRRcSgMgYiF119cPDoeKeApEEZIz_OuLzZUdcsHTwE-FQ5QrhFDMMd4FWlj6NEVwaw6zh8rtVXqIYS-4lUgEC3BxnEEIl/s1600-h/cristovao-colombo-o-enigma03.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 252px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqECeOMCIwHGiGCd1jgrHOTmyh80TCpJsIW-X-LkINRRcSgMgYiF119cPDoeKeApEEZIz_OuLzZUdcsHTwE-FQ5QrhFDMMd4FWlj6NEVwaw6zh8rtVXqIYS-4lUgEC3BxnEEIl/s400/cristovao-colombo-o-enigma03.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5279000795919426786" border="0" /></a><br /><span style="font-family: georgia;">A busca pela real origem de Colombo torna-se, então, parte desse tema tão particular, a identidade portuguesa. Manoel de Oliveira, desse modo, presenteia-nos com um filme rico, simpático, tão capaz de inspirar uma certa nostalgia, ainda que não sejamos portugueses, mas apenas "filhos" de Portugal. Tudo isso sem deixar de ter um toque de contemporaneidade.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Torna-se vital, a partir disso, que façamos uma busca pela obra do centenário diretor.</span><br /></div><br /><span style="color: rgb(0, 102, 0);font-size:85%;" ><span style="font-weight: bold;font-family:trebuchet ms;" >Repercussão da pré-estreia de <span style="font-style: italic;">Cristóvão Colombo - O Enigma</span> em Cuba do Alentejo</span></span><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/RW8OtbSC97Y&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/RW8OtbSC97Y&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-68597308578643733852008-12-11T13:18:00.001-02:002009-02-10T13:22:15.168-02:00"MAL DOS TRÓPICOS" de Apichatpong Weerasethakul<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_rXQNqbhf404/SUEPNRnTZSI/AAAAAAAABGc/o7J4kkLmTdU/s1600-h/poster.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 229px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_rXQNqbhf404/SUEPNRnTZSI/AAAAAAAABGc/o7J4kkLmTdU/s320/poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278516958995899682" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Muito se fala em autorismo, rupturas de paradigmas e até mesmo “revolução” no cinema contemporâneo. No entanto, poucos são os autores que conseguem exprimir com ousadia e virtuosidade, em seus filmes, alguns desses conceitos em voga nas discussões cinéfilas. Um dos principais expoentes desse viés autoral é o tailandês Apichatpong Weerasethakul, ou simplesmente - “Joe” - como é chamado pela crítica internacional. Conhecido através do Festival de Cannes, ganhou notoriedade e rasgados elogios da crítica, além de ser laureado com o Prêmio do Júri em 2004, por um dos filmes mais instigantes da década, </span><span style="font-weight: bold; font-style: italic; font-family: georgia;">Mal dos Trópicos</span><span style="font-family: georgia;"> (</span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Sud Pralad</span> ou <span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Tropical Malady</span><span style="font-family: georgia;">, Tailândia/Alemanha/Itália, 2004), desbancando outras produções de repercussão no festival, entre elas o sul-coreano </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Oldboy </span><span style="font-family: georgia;">de Chan-Wook Park.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Os europeus, por sinal, não só admiram o cinema asiático e oriental por suas estéticas cinematográficas, mas também pelo viés exótico de algumas produções - e esse exotismo volta e meia tem seus momentos no grandes festivais do velho continente. Porém, não cabe aqui discutir sobre o eurocentrismo perante a arte produzida em uma escala global, nem mesmo tecer críticas à postura de admiração pelo que não vivenciam. Iremos logo ao que realmente interessa.</span><br /><br /><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Sud Pralat</span><span style="font-weight: bold; font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">tem um significado literalmente bestial e, através de uma referência à obra</span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;"> A Besta Selvagem</span><span style="font-family: georgia;">, de Ton Nakajima, </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Mal dos Trópicos</span><span style="font-family: georgia;"> inicia com o seguinte trecho, que desde já deixa o espectador ansioso pelo que virá a ser mostrado na tela:</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_rXQNqbhf404/SUEPfjp7WII/AAAAAAAABGk/BJGHgRgIr2I/s1600-h/vacatropical.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 176px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_rXQNqbhf404/SUEPfjp7WII/AAAAAAAABGk/BJGHgRgIr2I/s320/vacatropical.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278517273076390018" border="0" /></a><blockquote style="font-family: georgia;">“Todos nós somos feras selvagens por natureza. Nosso dever como seres humanos é tornarmos adestradores que mantêm seus animais sob controle, até os ensinarem a cumprir tarefas distantes da bestialidade.”</blockquote><span style="font-family: georgia;">O filme começa com uma estória simples, sem maiores identificações e linearidade entre os personagens, que aparecem aos poucos na trama. Em princípio, há um romance entre um camponês analfabeto e um soldado do exército tailandês. Notam-se as disparidades entre as culturas ocidentais e orientais por intermédio das concepções e aceitações do homossexualismo.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">A relação entre o soldado e o camponês é de ingênua e simples sensibilidade, que se dá por meio de toques sutis (contato físico) e uma ousada (e exitosa) cena de intimidade, onde um amante lambe de forma hedonista os dedos de seu companheiro, isso tudo mostrado de uma forma singela e sem provocar maniqueísmos no espectador.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Contudo, a trama ganha contornos de aspectos que fogem da então simplicidade do filme. A estória de amor entre os personagens é contemplada por uma aura mística e metafísica, que será apresentada no meio do filme. Meio, diga-se de passagem, que por sua vez é interrompido quando a tela escurece e nada é apresentado, causando a sensação de que ali seria o final da estória. A partir dessa montagem, surge o segundo momento do filme. Estória distinta, que ganha por sua narrativa elíptica, quase ausente de diálogos, deixando veemente a virtuosidade do autor. Por sinal, nos créditos do filme aparece o termo “concebido” em vez do usual “dirigido”, até pelo fato do próprio diretor também ser o roteirista da fita.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_rXQNqbhf404/SUEQ9OOBrVI/AAAAAAAABGs/M-0wDCH1myI/s1600-h/casal.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 144px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_rXQNqbhf404/SUEQ9OOBrVI/AAAAAAAABGs/M-0wDCH1myI/s200/casal.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278518882229923154" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Tal virtuosismo é explicito nos belos e estilosos enquadramentos e longos planos de fotografia (a direção de fotografia é assinada por três profissionais, Jarin Pengpanitch, Vichit Tanapanitch e Jean-Louis Vialard). Nesses planos, o cenário tropical enfatiza um dos pontos-chave para a compreensão do filme: o misticismo oriental, através da representação do imaginário e, depois, no plano real das lendas locais e da magnitude da natureza sobre o homem.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Os personagens da primeira etapa da trama voltam a ter destaque numa segunda etapa. Agora sob um ambiente selvagem, o soldado ouve a notícia sobre uma besta-fera que devorou vacas na região e, a partir desse fato, sai à caça de um misterioso homem camuflado que encontra na floresta e só aparece durante o dia. Somado a isso, faz uma analogia entre um animal místico e sagrado para os asiáticos: o tigre, que fora encarnado por um grande guerreiro xamã que captura os espíritos e se apodera de suas almas. Temos então o conflito entre a relação de afetividade e a possessão entre os personagens sob o apoderamento da alma do ser almejado. Mais que um simples desejo, há uma possessão.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_rXQNqbhf404/SUESDCcJ7JI/AAAAAAAABG0/LPkpauRAefw/s1600-h/soldado.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 217px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_rXQNqbhf404/SUESDCcJ7JI/AAAAAAAABG0/LPkpauRAefw/s320/soldado.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278520081658801298" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">O filme não é fácil de ser classificado em um gênero especifico, entretanto, na sua segunda parte, o “fantástico” pode ser o termo que melhor se adapta a esse conjunto de virtudes que constroem a trama. Espíritos de animais transitam entre o mundo real e o sobrenatural, animais que proferem diálogos enigmáticos, elipses que ressaltam o tom metafísico, transformando-o no fio condutor da trama, diálogos quase ausentes e uma bela direção de fotografia que atinge o clímax da perfeição na cena em que eclode o conflito final entre os personagens da trama. A câmera se afasta no breu da floresta e, sob a luz do luar e os sons da floresta, dá-se o desfecho do filme, que resulta em um das mais belas cenas dos últimos anos.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Todos esses elementos fazem de </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Mal dos Trópicos</span><span style="font-family: georgia;"> um dos resultados mais expressivos da década no cinema atual, evidenciando ainda mais o talento e o autorismo de “Joe”, ou melhor, Apichatpong Weerasethakul.</span><br /></div><br /><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-size:85%;" ><span style="font-family:trebuchet ms;"><br />Mal dos Trópicos - Apichatpong Weerasethakul - Tailândia/Alemanha/Itália - 2004</span></span><br /><object width="480" height="295"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/roCHnapHNzc&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/roCHnapHNzc&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="295"></embed></object>Hudson Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/00137753705677244862noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-45110349525378231892008-12-09T02:18:00.006-02:002009-02-10T13:24:03.585-02:00Em Cartaz: OS ESTRANHOS<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjydnUJ6T7qpKtC0UhsA5ecwOpBTnREdj-dnr4e8C8HTAU_6VWbkDpdvAjvGxpzPhOZ80Zh0RAopJ4EdPG76WccqZrMBZXgJH2LcAkW8lTrUv1E3xMkU-dk7qoIrhRPQUTAtQ4Z/s1600-h/poster.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 216px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjydnUJ6T7qpKtC0UhsA5ecwOpBTnREdj-dnr4e8C8HTAU_6VWbkDpdvAjvGxpzPhOZ80Zh0RAopJ4EdPG76WccqZrMBZXgJH2LcAkW8lTrUv1E3xMkU-dk7qoIrhRPQUTAtQ4Z/s320/poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5277643003263296690" border="0" /></a>O mercado cinematográfico produz, a cada ano, uma quantidade enorme de filmes de terror. Com produções de baixo custo e a recorrência de boas bilheterias, muitos são os diretores iniciantes que se aventuram pelo gênero. Além do mais, basta pouco para satisfazer um crescente público sedento de sangue e do eterno prazer de sentir medo, seja no escurinho do cinema ou no aconchego e segurança da sala de televisão. Porém, essa profusão de histórias macabras tem esgotado a criatividade de roteiristas e diretores, que exploram situações e artifícios cada vez mais repetidos e, consequentemente, de pouco ou nenhum efeito, mesmo considerando que pregar sustos no espectador não é tarefa das mais difíceis. Ainda assim, esporadicamente algum diretor consegue driblar esse bloqueio criativo e produzir algo compensador. É o caso de Bryan Bertino e seu filme de estréia, <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Os Estranhos</span> (<span style="font-style: italic;">The Strangers</span>, EUA, 2008). O título soa tão clássico quanto o enredo: uma casa de campo, um casal apaixonado e uma repentina visita indesejada.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjivFinWAhpXhr7CjT9kj9lmlmnaosdY1Co9ob-juRW5FZuawDULI5suwEmwZbSRKTZtDj6I_TeAdAko5uBUsZGVAQlESOr7BzejvBFTM2kYj98rcyxkhkDkgtUKlxrZnCrdk9G/s1600-h/Strangers5.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 133px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjivFinWAhpXhr7CjT9kj9lmlmnaosdY1Co9ob-juRW5FZuawDULI5suwEmwZbSRKTZtDj6I_TeAdAko5uBUsZGVAQlESOr7BzejvBFTM2kYj98rcyxkhkDkgtUKlxrZnCrdk9G/s200/Strangers5.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5277643618099133378" border="0" /></a>Logo no início, um letreiro informa que o filme é baseado em eventos reais, cujas circunstâncias e desdobramentos não foram bem esclarecidos. Porém essa é só uma inverídica colocação do diretor usada para aumentar a ansiedade do público. E é justamente em cima dessa mentira que Bertino conduz o filme magistralmente até o final, sem mostrar muita coisa e sem tentar explicar o que anunciou permanecer não explicado.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8odZhR1ClY-fn-EbPMwxRLA_XB0LM9crgxlSeKXjodY0XU-XmwUfaAgo7_7RAuK3Kktg3j4ZZsl6SEhBsqfXWOnNl9-GjZSS-rqc-PzFdUuqe7v0zABbnfFKlxtAuWUgENv5x/s1600-h/strangers4.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 167px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8odZhR1ClY-fn-EbPMwxRLA_XB0LM9crgxlSeKXjodY0XU-XmwUfaAgo7_7RAuK3Kktg3j4ZZsl6SEhBsqfXWOnNl9-GjZSS-rqc-PzFdUuqe7v0zABbnfFKlxtAuWUgENv5x/s200/strangers4.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5277644517375879330" border="0" /></a>No dia 11 de fevereiro de 2005, o casal de namorados James Hoyt (Scott Speedman) e Kristen McKay (Liv Tyler) sai da festa de casamento de um amigo e vai para a casa de veraneio da família de Hoyt. Ainda no carro, percebe-se que o clima entre eles não é dos melhores: muito silêncio, lágrimas no rosto de Kristen. Na festa, o romântico James havia oferecido a Kristen uma aliança de noivado, mas ela recusara. Já na casa, enquanto descansam e trocam poucas palavras, alguém bate à porta. Mesmo assustados, pois é madrugada, eles abrem e uma moça pergunta por alguém desconhecido. Diante do suposto engano, ela aparentemente vai embora. Após o ocorrido, Kristen reclama que está sem cigarros e James sai para comprar. Sozinha, ela escuta a porta bater novamente. Quando James retorna, a situação já está fora de controle e o pânico começa a atingir proporções insuportáveis.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkcll_B-mK_OH9vtoxDWz3D8unuphHC0RC_Pr48bJL8jTVNlG2o4RAbZArDa_pgPP2ctGea-Hui6yw_3deTTww7uzwKtIYRzzrOOoQ_gXng8zidq5pc8z6XbSbziZEPZ4xsXss/s1600-h/TheStrangers.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 194px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkcll_B-mK_OH9vtoxDWz3D8unuphHC0RC_Pr48bJL8jTVNlG2o4RAbZArDa_pgPP2ctGea-Hui6yw_3deTTww7uzwKtIYRzzrOOoQ_gXng8zidq5pc8z6XbSbziZEPZ4xsXss/s320/TheStrangers.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5277643905964800946" border="0" /></a>O isolamento de uma residência de campo sempre serviu de pretexto para acontecimentos sinistros. Ao mesmo tempo em que seus donos as procuram para passar momentos de tranquilidade, nelas eles permanecem mais vulneráveis. Em <span style="font-style: italic;">Violência Gratuita</span> (<span style="font-style: italic;">Funny Games</span>, Áustria, 1997) o diretor Michael Haneke usa dessa mesma condição para ambientar sua história. Mas diferentemente de Haneke, Bertino não pretende despertar em seu público o sentimento de culpa por deliciar-se com a desgraça alheia. Seu objetivo é menos pretensioso e mais simples: provocar medo. Essa tarefa cabe a três estranhos mascarados, um homem e duas mulheres que, apesar de serem de carne e osso, comportam-se como vultos e não pronunciam uma só palavra. Esse silêncio só é quebrado ao final, quando imobilizados diante dos malfeitores, James e Kristen perguntam por que estão passando por aquilo. A pergunta é óbvia e a resposta, curta. É praticamente uma brincadeira do diretor, que acaba colocando o filme em seu devido lugar. As tradicionais cenas de susto são constantes, porém menos aterradoras que as aparições silenciosas dos intrusos. Com boas atuações, um ótimo trabalho de câmera e economia total de efeitos típicos do gênero, Os Estranhos atinge com eficiência seu objetivo.<br /><br /><span style="color: rgb(51, 102, 102);font-size:85%;" ><span style="font-weight: bold;font-family:trebuchet ms;" >Os Estranhos - Bryan Bertino - EUA - 2007</span></span><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/lDbS-c5CBBc&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/lDbS-c5CBBc&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-33826696367170861522008-11-28T15:28:00.008-02:002008-11-28T15:58:54.092-02:00Herzog & Kinski: Fitzcarraldo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfuupopATfj-R2j4I0lHT0usHICv71lGmkneymnSY4X7rHkgFndgCCBaZKnivHdib6Zdiw0miIODcKr_GFa0P8-D7jLc33mZxXnUK74u_xzfMKqJOAIN9t4yrlcGhAfePgVvf8/s1600-h/01_poster.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 224px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfuupopATfj-R2j4I0lHT0usHICv71lGmkneymnSY4X7rHkgFndgCCBaZKnivHdib6Zdiw0miIODcKr_GFa0P8-D7jLc33mZxXnUK74u_xzfMKqJOAIN9t4yrlcGhAfePgVvf8/s320/01_poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5273765346858262898" border="0" /></a>Não era para ser o quarto filme da parceria entre Werner Herzog e Klaus Kinski. Mas os deuses confabularam. Reconheceram o homem branco a coordenar o trabalho no meio da floresta. E sentiram falta daquele outro com dificuldades de acatar as ordens do diretor. Assim como o primeiro filme da dupla, o quarto também tinha como cenário a Floresta Amazônica. Pior para Jason Robards. Rodou algumas cenas, adoeceu, foi se tratar e os médicos o proibiram de voltar. O alemão desobediente resolveu escalar Jack Nicholson. Assim ficou fácil para os deuses, bastaram incutir a dúvida da dificuldade de se realizar festas no meio do nada. Herzog não teve outra saída, chamou seu melhor inimigo. Para nossa sorte, tanto para o resultado de <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Fitzcarraldo</span>, de 1982, quanto para o alimento da nossa imaginação, e a realização do desejo dos deuses.<br /><br />A diferença de idade entre os dois era considerável, Herzog nasceu em 5 de abril de 1942 e Kinski em 18 de outubro de 1926. Na II Guerra Mundial, enquanto o segundo desertava e rendia-se às tropas britânicas, o primeiro brincaria com as armas abandonadas em seu pequeno vilarejo. Ambos tiveram infância pobre.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhry9393Or7hReZRcN06wy7YWF6D9aI4u0U0H_qk7GwNINpTSteUc6ZhlSLIgs-gVSbjUqgpwuAwYyy75ZPTSV7mi3T_Fbu6SIkE6gkyjME_YDUkXM2UFoQTYj9PYIFirzspFi_/s1600-h/10_herzogcarraldo.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 157px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhry9393Or7hReZRcN06wy7YWF6D9aI4u0U0H_qk7GwNINpTSteUc6ZhlSLIgs-gVSbjUqgpwuAwYyy75ZPTSV7mi3T_Fbu6SIkE6gkyjME_YDUkXM2UFoQTYj9PYIFirzspFi_/s200/10_herzogcarraldo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5273766097174818930" border="0" /></a>Somente aos 11 anos Herzog teve contato com o cinema. Assistiu a dois documentários na escola, um sobre esquimós construindo iglus e outro sobre pigmeus levantando uma ponte de liana. Eles acabaram por orientá-lo em seu olhar antropológico e sua necessidade de compreender o desejo do homem de transformar o meio e fracassar quando objetiva realizações que vão além da suas possibilidades. Começou a escrever roteiros aos 15 anos. Estudou Literatura e História em Munique. Após receber o diploma, ganhou uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, mas abandonou a faculdade para viajar o mundo. Em 1967, rodou <span style="font-style: italic;">Sinais da Vida</span>, seu primeiro longa-metragem, influenciado pelo neo-realismo italiano, pela <span style="font-style: italic;">nouvelle vague</span> francesa e pelo cinema novo brasileiro. Ao lado de Rainer Werner Fassbinder e Wim Wenders, formou o triunvirato do novo cinema alemão.<br /><div style="text-align: center;"><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAceSgIA7_NIiLBwVb5QFhZ5zNPddUihH9myaz_ngNi4L_fRn3AhNG0d6F0UG7_MqSIA18nLi_CH57Sn0Ww3NK75vmh86p931GrkB8XznH6KezjO9YK3zoqRhE6c4bYUmPY6ft/s1600-h/08_robardscardinalejagger.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 170px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAceSgIA7_NIiLBwVb5QFhZ5zNPddUihH9myaz_ngNi4L_fRn3AhNG0d6F0UG7_MqSIA18nLi_CH57Sn0Ww3NK75vmh86p931GrkB8XznH6KezjO9YK3zoqRhE6c4bYUmPY6ft/s400/08_robardscardinalejagger.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5273766943432831346" border="0" /></a><span style="font-size:85%;">Robards, ao lado de Claudia Cardinale, adoeceu e não pôde ser Fitzcarraldo. Sobrou pra Kinski. Mick Jagger teria um pequeno papel no filme.</span></blockquote></div>Kinski, por sua vez, teve uma ascensão lenta. Foi como prisioneiro de guerra que se descobriu ator. Somente no início dos anos 60 passou a ter maior destaque em filmes de <span style="font-style: italic;">western spaghetti</span> e filmes B. Entretanto seu talento foi reconhecido após iniciar sua colaboração com Herzog em <span style="font-style: italic;">Aguirre, a Cólera dos Deuses</span>, de 1972. Mesmo assim, continuou a escolher papéis de fitas de qualidade duvidosa.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmR2eFZ4RT9zQZYC_rKhyKQtyG3pJ-ZOIOW6qIUtST8jH1phlBcQZdIKg1UCcH-6qSMWNYPOn_2oMilTMwyIp0j9ZsGtkw_-8fSLE4hJVm-NmS-WK_qR7a5wyIHndc0fkQURq4/s1600-h/07.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 108px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmR2eFZ4RT9zQZYC_rKhyKQtyG3pJ-ZOIOW6qIUtST8jH1phlBcQZdIKg1UCcH-6qSMWNYPOn_2oMilTMwyIp0j9ZsGtkw_-8fSLE4hJVm-NmS-WK_qR7a5wyIHndc0fkQURq4/s200/07.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5273767393182988418" border="0" /></a>A parceria rendeu cinco grandes filmes, tanto é que existem poucas unanimidades em torno deles, a principal delas é que <span style="font-style: italic;">Cobra Verde</span> seja o mais fraco. No mais, uns acreditam que a melhor atuação de Kinski ocorra em <span style="font-style: italic;">Woyzeck</span>, de 1979; outros que o melhor filme seja <span style="font-style: italic;">Nosferatu</span>, do mesmo ano; para serem desditos por aqueles que preferem <span style="font-style: italic;">Aguirre, a Cólera dos Deuses</span>. Façam as variações que vocês quiserem, acrescentando <span style="font-style: italic;">Fitzcarraldo</span>.<br /><br />O título deste é uma corruptela, é como os nativos pronunciavam o sobrenome do empreendedor, fã de Enrico Caruso e apaixonado por ópera Brian Sweeney Fitzgerald. Depois de fracassar na construção da estrada de ferro, cujo chefe de estação é interpretado por Grande Otelo, e não ter sucesso com a fábrica de gelo, o protagonista resolve lucrar com o Ciclo da Borracha, no intuito de enriquecer a ponto de construir um grande teatro. Dando a possibilidade de levar para Iquitos, cidade peruana levantada no meio da Floresta Amazônica, os mesmos espetáculos de ópera apresentados em Manaus e que inebriavam as crianças nativas pelo seu fonógrafo.<br /><br />Poderíamos encarar seu ato como excêntrico, desperdício de dinheiro, mas não, pelo menos para mim. Os barões da borracha mandavam suas roupas para serem lavadas em Lisboa porque julgavam as águas do Rio Amazonas sujas, contratavam cozinheiros para seus cachorros, alimentavam seus peixes com notas de dólares, davam champanhe da melhor qualidade para seus cavalos.<br /><br />Mas, para enriquecer com a borracha, Fitzcarraldo precisava de milhares de hectares de seringueiras ainda não concedidas aos brancos. Consulta seu amigo Don Aquilino (José Lewgoy), que indica uma região perigosa, uma vez que fica logo acima do Pongo das Mortes e próximo de índios nada amistosos. Ele encontra a fórmula para evitar o primeiro perigo através de uma manobra fora do comum: navegar pelo Rio Pachitea até o ponto em que a faixa de terra a separá-lo do Rio Ucayaly mais se aproxima, transpor o barco fluvial de um lado para o outro, navegar até a sua concessão de terras, fazer o carregamento de borracha e retornar pelo mesmo trajeto. Isso mesmo, atravessar um barco de toneladas pelo meio da Floresta Amazônica.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSlGL-KkFTd2X62iixKEfePwuE7-RsMUJohoNohc2nsn703SL3SwTOEAM-Hi0ZvpIOnCozlP7JnuoUrIM7jgaDgVRBEsFQhMhqgxxBJqpB2JeYWC8kgOQOv97K0Gff3aMCp73H/s1600-h/06.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 229px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSlGL-KkFTd2X62iixKEfePwuE7-RsMUJohoNohc2nsn703SL3SwTOEAM-Hi0ZvpIOnCozlP7JnuoUrIM7jgaDgVRBEsFQhMhqgxxBJqpB2JeYWC8kgOQOv97K0Gff3aMCp73H/s320/06.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5273767872772185634" border="0" /></a>Arrumando o dinheiro com sua amada Molly (Claudia Cardinale), dona do bordel de Iquitos, compra o barco. Escolhe a tripulação, começando pelo mecânico Cholo (Miguel Ángel Fuentes), exigência de Don Aquilino, que lhe vendeu o barco, passando pelo capitão Orinoco Paul (Paul Hittscher), terminando no cozinheiro e atirador Huerequeque (Huerequeque Enrique Bohorquez), entre tantos outros. Reformam o Molly Aida e a aventura começa.<br /><br />Chegando ao destino, com boa parte dos tripulantes fugindo, encontram os índios, que os recebem amistosamente, e acabam por ajudá-los a transpor o barco sob a montanha. Não entendem o motivo que levam os índios a trabalharem incansavelmente na tarefa. Saberão ao final da realização, assim como vocês.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWESG5lr0BegWHmkrAgnRwb8u5YJLIPyUwbljIdQRJEc4pg7KlSY_XpRipe7sX9-3OVWH3WLI23xXTPujntsKq2xAV4rWlfZcLPbu0bfEL7vbMYvn49P3tow-WwCMaPTRaNVUf/s1600-h/04.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWESG5lr0BegWHmkrAgnRwb8u5YJLIPyUwbljIdQRJEc4pg7KlSY_XpRipe7sX9-3OVWH3WLI23xXTPujntsKq2xAV4rWlfZcLPbu0bfEL7vbMYvn49P3tow-WwCMaPTRaNVUf/s400/04.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5273768239479821026" border="0" /></a>Ao lembrarmos as palavras do diretor alemão na longa entrevista concedida a Peter Buchka, disponível nos extras de <span style="font-style: italic;">Aguirre, a Cólera dos Deuses</span>, da Versátil, entendemos o porquê dele ter realizado de fato o que acontece no filme, transpor o barco montanha acima, para ficarmos num exemplo: “O cinema deve remodelar o mundo, ser a nossa realização do sonho”. O humano emerge quando desafia seu limite.<br /><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-family:trebuchet ms;font-size:85%;" ><br />Fitzcarraldo - Werner Herzog - Peru/Alemanha - 1982</span><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/F53yUsgVuL0&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/F53yUsgVuL0&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-32348991929304462932008-11-24T12:53:00.007-02:002009-08-13T16:23:54.083-03:00Em Cartaz: "VICKY CRISTINA BARCELONA"<!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if !mso]><object classid="clsid:38481807-CA0E-42D2-BF39-B33AF135CC4D" id="ieooui"></object> <style> st1\:*{behavior:url(#ieooui) } </style> <![endif]--> <div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvlWE8cOM-r0m9_Xw8RKczkYCf-a7KgRTyArLJrzSYzE9Xp2aSEQ_oKm6ga-H1oYLSbX4WMX14fqA8APLAmMK8iHhpTmb3YQ76u0Ln_ZazZgclfss58cYCr4zQUGJXyXmDQ3dr/s1600-h/vicky_cristina_barcelona1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 222px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvlWE8cOM-r0m9_Xw8RKczkYCf-a7KgRTyArLJrzSYzE9Xp2aSEQ_oKm6ga-H1oYLSbX4WMX14fqA8APLAmMK8iHhpTmb3YQ76u0Ln_ZazZgclfss58cYCr4zQUGJXyXmDQ3dr/s320/vicky_cristina_barcelona1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5272237917909717634" border="0" /></a><i style="font-family: georgia;"><span style="color: rgb(0, 0, 0); font-weight: bold;">Vicky Cristina Barcelona</span> </i><span style="font-family: georgia;">nos apresenta uma espécie de modo de produção intimista. As amigas Vicky e Cristina, apresentadas pelo narrador off onipresente, só parecem ser opostas. Confrontadas pelo narrador, Vicky é apresentada como séria e sistemática e Cristina como uma pessoa aventureira e inquieta. Ambas partem para um verão em Barcelona, uma cidade que inspira Cristina para a surpresa, para o novo e o inesperado. Em Vicky, a cidade sustenta as suas escolhas pelo estudo da identidade catalã, tornando-a mais segura daquilo que acredita e do conhecimento que almeja. </span></div><div style="font-family: georgia; text-align: justify;"> </div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: georgia; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><div style="font-family: georgia; text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia;">O título do filme sugere, e o próprio diretor sustentou a idéia, de uma terceira personagem principal, que seria a cidade de Barcelona. Entretanto, a cidade como personagem do filme, como criação, existe apenas como apropriação privada dos desejos de Vicky, de Cristina e das demais personagens que orbitam ao redor. Todas são marcadas pelo desejo exasperante, pela falta desmedida, a única diferença é que em Vicky esse desejo é represado, enquanto em Cristina ele é deliberadamente buscado e assumido.</span></div><div style="font-family: georgia; text-align: justify;"> </div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: georgia; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><div style="font-family: georgia; text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia;">O profundo mergulho do filme no campo dos desejos não tem fim. Soma-se as duas mulheres, o artista plástico interpretado por Javier Barden e a artista plástica interpretada por Penélope Cruz, aumentando os jogos pela satisfação pessoal, pela expressão dos sentidos, radicalizando o egoísmo, valor elementar de um mundo intimista. Desejo e morte, desde Freud, estão bastante próximos, assim como no filme, que parece uma mistura bastante atualizada de psicanálise e capitalismo. </span></div><div style="font-family: georgia; text-align: justify;"> </div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: georgia; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><div style="font-family: georgia; text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia;">A relação desse conjunto de personagens com a cidade de Barcelona ou com a arte é absolutamente e claustrofobicamente egoísta. O mundo está em cada personagem e, quem sabe por isso, Barcelona também possa ser personagem, justamente por se sugerir que a cidade e a arte, únicos refúgios de diálogo fora do ego, só são possíveis pela metabolização do consumo, do desejo e da apropriação privada. </span><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4Vcf7DnrH_iUd8y3_-w2PlPBfl3G-OA3O3R-VUTdDpaxT_uKuIVFT_apsKWqbXrhtpJsPW-zXigRZVbqcezuTtCoS6KeeNRA3i12uab1JNepyzyMqnxfBmNTQN8QCZFcqXqeb/s1600-h/Vicky+Cristina+Barcelona2.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4Vcf7DnrH_iUd8y3_-w2PlPBfl3G-OA3O3R-VUTdDpaxT_uKuIVFT_apsKWqbXrhtpJsPW-zXigRZVbqcezuTtCoS6KeeNRA3i12uab1JNepyzyMqnxfBmNTQN8QCZFcqXqeb/s320/Vicky+Cristina+Barcelona2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5272238000572817122" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Como coisa pública, a arte e a cidade são virtualidades indignas de representação e se encontram fora do filme. Não é por acaso que a cidade vista pelo filme é </span><i style="font-family: georgia;">turismo</i><span style="font-family: georgia;">, enquanto a arte vista pelo filme é o experimentalismo formal do gênio, atributo de raridade que lhe agrega valor no mercado. </span></div><div style="font-family: georgia; text-align: justify;"> </div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: georgia; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><div style="font-family: georgia; text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia;">O sucesso do filme do sagrado diretor Woody Allen é nítido. Ele mastiga a psicanálise como um produto cultural, suavizado-a pelo riso. No seu filme, tudo vai mal dentro dos corpos, mas tudo bem porque eles têm vidas confortáveis, podem ir aos restaurantes atrás de surpresas, às cidades atrás de turismo, às artes atrás de beleza. O capitalismo para eles é um dado, o seu eu é a grande questão que os move, de dólar em dólar, de filme </span><st1:personname style="font-family: georgia;" productid="em filme. O" st="on">em</st1:personname><st1:personname style="font-family: georgia;" productid="em filme. O" st="on"> filme. O</st1:personname><span style="font-family: georgia;"> dinheiro e a imaginação do ego se alimentam pela lei destruidora do desejo.</span></div><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span>Thiago F.http://www.blogger.com/profile/07349515908283586420noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-70707087604302158242008-11-23T04:18:00.011-02:002009-01-23T15:39:23.705-02:00Herzog & Kinski: "NOSFERATU, O FANTASMA DA NOITE"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVPstv63P8jng6b3orZ8j7R82cAlXMk8zdhyOD5kYuuYEsi9OQEqhCrz7ve401cTgfmCpPCHs4di6LN7W3voTT61Ipk9fKNPgqJd0jl8TngdfUJiFrROx_frD7BtT3YB0ncjd4/s1600-h/01_poster_a.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVPstv63P8jng6b3orZ8j7R82cAlXMk8zdhyOD5kYuuYEsi9OQEqhCrz7ve401cTgfmCpPCHs4di6LN7W3voTT61Ipk9fKNPgqJd0jl8TngdfUJiFrROx_frD7BtT3YB0ncjd4/s320/01_poster_a.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5271741858614691890" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">O terceiro filme a ser abordado na série Herzog/Kinski é nada menos que um clássico do cinema de terror mundial. Mas, de todos os clássicos do gênero, é um dos que mais se notabilizam. Pela personalidade de Herzog, pela presença de Kinski. Pela beleza onírica de Adjani. Pela fotografia de Jörg Schmidt-Reitwein, que é pouco usual e causa sempre a impressão de que acompanhamos um sonho estranho e ruim.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic; font-family: georgia;">Nosferatu, o Fantasma da Noite</span><span style="font-family: georgia;"> (</span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Nosferatu: Phantom der Nacht</span><span style="font-family: georgia;">, 1979) é a ponte entre o </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Expressionismo </span><span style="font-family: georgia;">e o </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Novo Cinema</span><span style="font-family: georgia;"> germânicos, este último "movimento", encabeçado pelo próprio Herzog, assim como por Fassbinder, Wenders, Kluge e Schlöndorff, entre outros. Conversa - mas pouco - com a versão de F. W. Murnau, </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Nosferatu, eine Symphonie des Grauens</span><span style="font-family: georgia;">, de 1922. Há diferenças na estrutura narrativa, que na versão original não se prende a uma única voz. Na versão de Herzog o foco está em Lucy Harker (Isabelle Adjani). E o contemporâneo diretor teve a sorte que faltou a Murnau: pôde usar os nomes originários da lenda do terrível conde.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Kinski no papel de conde Drácula demorará a aparecer. Apenas no 26º minuto do filme, uma silhueta, envolto em sombras. Um personagem repulsivo, um tipo de rato-vampiro com a frustração e tragédia tão humana de não poder se redimir de sua condição grotesca e eterna através do amor.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeJNDaf3qjVoV8PD9IifjvrG9eIIQCktwmknDmso4SoY9nMzeAvwyG61rVJu7ALmCRlPvFYNvoW4MWnGBczS_aPjA0jsiaCZ4JERQQtJm1AUESPD8f243JPdGzgQlzZ1HFtfBW/s1600-h/01-1.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 181px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeJNDaf3qjVoV8PD9IifjvrG9eIIQCktwmknDmso4SoY9nMzeAvwyG61rVJu7ALmCRlPvFYNvoW4MWnGBczS_aPjA0jsiaCZ4JERQQtJm1AUESPD8f243JPdGzgQlzZ1HFtfBW/s320/01-1.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5271737418595729106" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Antes disso, um impressionante plano que mostra múmias humanas do Guanajuato Mummy Museum, no México. Um morcego que paira no ar. Lucy acordando, as imagens são de um pesadelo. Jonathan Harker (Bruno Ganz, em ótima atuação), o marido, a consola. Um café da manhã frio, que demonstra distanciamento entre o casal, inclusive no sentido sexual. Não por acaso, Lucy está cercada de certa aura virginal, sempre etérea, quase sempre vestida de branco.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Em seguida, Jonathan recebe uma missão: chegar à Transilvânia para encontrar o conde, que deseja tratar da compra de uma casa em Wismar, onde vivem os Harker. Recebe a incumbência sem pesar algum, despede-se da esposa, que tem uma sensação ruim, e parte. O primeiro sinal, durante a viagem, de que as coisas não vão sair bem vem da estupefação dos ciganos que, na estalagem, escutam Jonathan anunciar que vai ao encontro de Drácula. As coisas vão ficando mais sombrias, até o momento em que há o encontro. Quando o Harker se dá conta, já é tarde demais para qualquer atitude.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0fWt19pXabh3ktFd4NAjnD8wOGrkeGSyhGL-4ukjoAegeGae_p8d8XDkVR_u1d027gxOzF944AfxES-CCYzEE-6FDIX3cJJcjYyg1WCZHyLMs6t1dT5dXQkF2QeqbU2fnLSnR/s1600-h/03.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 109px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0fWt19pXabh3ktFd4NAjnD8wOGrkeGSyhGL-4ukjoAegeGae_p8d8XDkVR_u1d027gxOzF944AfxES-CCYzEE-6FDIX3cJJcjYyg1WCZHyLMs6t1dT5dXQkF2QeqbU2fnLSnR/s200/03.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5271738878295826034" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Como cada personagem de Kinski, esse Drácula tem um objetivo que transcende a realidade. Se o insano Aguirre pretende encontrar o El Dorado e criar uma linhagem superior por meio de um enlace carnal com a filha e se o obstinado Fitzcarraldo pretende montar uma ópera na selva (incluindo a improvável missão de transportar um navio enorme através de uma montanha), há aqui um angustiado conde que vê em Lucy a oportunidade de tornar a eternidade mais tolerável. Curiosamente, temos em Drácula um personagem de natureza puramente maligna, mas contida, enquanto outros personagens de Kinski sob a "batuta" de Herzog são mais "explosivos". Mas uma característica é comum a todos: são horripilantes em suas obsessões.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgErT9DpIqUIVckdSJ3k7EWuGwdBMX4OrK1L96eUxJMFekskY8Fwjaj4Ygc0EdLOwmODZn7ZPS9XhHnfDXWljYUjQBMEXFbiqylAglHRAA23UdZNlHzMGh8eD6zyEEAciyf3Aeh/s1600-h/04.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 320px; height: 174px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgErT9DpIqUIVckdSJ3k7EWuGwdBMX4OrK1L96eUxJMFekskY8Fwjaj4Ygc0EdLOwmODZn7ZPS9XhHnfDXWljYUjQBMEXFbiqylAglHRAA23UdZNlHzMGh8eD6zyEEAciyf3Aeh/s320/04.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5271739180507336722" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">Firmado o contrato, o conde parte por rio, levando consigo a morte em forma de peste. Quando um barco sem tripulantes cheio de caixões e ratos chega à cidade, é sinal de que o pior destino não está por vir: já chegou. Também um Jonathan desmemoriado e de natureza transformada retorna à cidade, sem se importar se Lucy está a se bater com o vampiro - ela se escorando na fé em seu amor pelo marido; ele, Drácula, implorando por amor, em cena antológica: o monstro se manifesta pela primeira vez ao seu principal alvo através de uma sombra num espelho.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Não demorará muito a ser vista a cena do banquete dos ensandecidos moradores, enquanto os ratos se apropriam da cidade, assim como a cena em que cortejos fúnebres se sucedem e se somam nas ruas de Wismar. Cenas estas que poderiam ser exibidas daqui a 10 mil anos, de forma que algum ser saiba que existiu algo chamado cinema, se é que fará algum sentido.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGgNRD-VOwH0m79P_zgPmOei_xqoULq6_vqMSvmERlgHMvlY1ug9aXoNQDCT6EQaqeg5r8wZO5SXN2hqmq63zXAIee-1de-OuD1duig75vVbOnYnNzIR5QPgAGrpDteljLfD1C/s1600-h/05.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 212px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGgNRD-VOwH0m79P_zgPmOei_xqoULq6_vqMSvmERlgHMvlY1ug9aXoNQDCT6EQaqeg5r8wZO5SXN2hqmq63zXAIee-1de-OuD1duig75vVbOnYnNzIR5QPgAGrpDteljLfD1C/s320/05.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5271739379683521762" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">A seguir, um sacrifício tem lugar, o que não deixa de ser uma entrega e uma certa satisfação sensual; um monstro encontra seu fim, apenas para dar lugar a outro - o mal permanece, ainda que, para o trio Lucy-Jonathan-Drácula, algum objetivo seja alcançado.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Uma clássica história de amor e morte em que Werner Herzog deixa sua marca, mais uma vez auxiliado por seu melhor inimigo, Klaus Kinski.</span></div>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-50033578023081843642008-11-21T19:00:00.003-02:002009-01-23T15:41:02.320-02:00"ROMA" de Federico Fellini<div style="text-align: justify;"><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCzszM9NHcEV3C8ulJt6Ao9tm0trijgM49Pj6s3DE2KxEsozZaL4ol39ReYm1ucjNXKjNktLRpPsZxLSqO0VWhMNmBMuqBwODNzVHISjYGIgvDPqto9iNKAxGlV-CJSrsVJP68/s1600-h/roma_de_fellini.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 237px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCzszM9NHcEV3C8ulJt6Ao9tm0trijgM49Pj6s3DE2KxEsozZaL4ol39ReYm1ucjNXKjNktLRpPsZxLSqO0VWhMNmBMuqBwODNzVHISjYGIgvDPqto9iNKAxGlV-CJSrsVJP68/s400/roma_de_fellini.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5271220513890840114" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">E já era fim de filme, penúltima cena. O narrador nos fala de uma senhora que passa rente ao muro de velhos palácios.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">É Anna Magnani. Ela que já fora </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">Mamma Roma</span><span style="font-family: georgia;"> na película de Pasolini - um dia talvez fale mais dele. O post, hoje, é de Federico, o Fellini. Ou, melhor dizendo, da Roma que ele viu, talvez absorvendo ludicamente um tanto a obra do colega de atividades - a conferir!</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Menos divagações que atrapalham o texto e vamos ao fato. Ou à quimera felliniana que é a cena. O narrador, que é o próprio diretor, questiona se Anna poderia ser a encarnação da cidade: uma vestal, loba, aristocrata, vagabunda. A Magnani manda Federico às picas e bate-lhe a porta na cara.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Ali, naquele instante, naquela Roma, havia os professores sem didática. Os hippies com seu amor livre. Os puteiros de alta e baixa classe. Os cabarés da época da guerra com suas atrações absurdas lotados de pederastas e agitadores. Um povo que se cagava pra tudo e apenas tentava existir.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Também havia o caos das vias, durante a tempestade, enquanto a equipe filmava - e lá estava o diretor dando suas ordens, questionando, fazendo existir a sua Loba particular e essencial. A passeata de motoqueiros como moscas pela cidade e no cenário clássico de </span><span style="font-style: italic; font-family: georgia;">A Doce Vida</span><span style="font-family: georgia;">, a Fontana de Trevi. E um absurdo e surreal desfile de "moda eclesiástica" - sarcástica crítica.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Fellini colocou seus olhos sobre a absoluta Loba que recebeu tantos Rômulos e Remos, de tantas partes do mundo. Roma teve Gore Vidal também, a dar seu depoimento de americano que então ali vivia.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Mas aquela cidade estava morrendo, ou tentando existir apesar de lhe faltar fôlego já há 36 anos. A película data de 1972, levemos em conta. Roma cedia à modernidade. As escavações do Metrô revelam obras do período glorioso do império que, ao contato com o ar de nossos tempos, rapidamente se deterioram.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">E, como se não bastasse, Anna Magnani morreu no ano seguinte. A batida de porta foi sua última cena.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Perdido o passado, que resta para o presente e o futuro? Se não sobra muito da sede imperial de dois mil anos atrás, o que sobrou da Roma de Fellini, uma vez que os tempos avançam e já não há mais hippies, os velhos cabarés e puteiros não guardam o mesmo espírito?</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Não sei. Ao menos, há o exercício deste mestre, um exercício documental delirante, quase sério, um tanto crítico e de certa forma saudosista, mas também um tanto lascivo e moleque, enfim... um exercício tão Fellini.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Tento guardá-lo em minhas pupilas de forma a não esquecer tão cedo - a despeito da péssima qualidade de imagem e de legendagem da cópia que tenho em mãos - tais cenas que me levam a uma série final de questionamentos deste mal-começado e mal-acabado texto:</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Que sobra da cultura, esta herança adquirida de qualquer lugar onde haja gente, seja Roma, São Paulo, Joanesburgo ou Bagdá?</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">E como aqueles que nos sucederão vão lidar com os temas nossos, que serão um dia apenas arquivos acessáveis em qualquer maquininha sobre a história antiga em que seremos nós os personagens mais ou menos desimportantes?</span></div>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-74653354564994912002008-11-17T10:38:00.008-02:002009-08-13T16:24:30.349-03:00Em Cartaz: "PAN-CINEMA PERMANENTE"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiVuTAETtwC76WU9QVqkR2ozxOBwuvumYUxkBAL5quh8jqTaEMzcwQUjVAbIge1gUUtrXCJAVydh8vZP0LfdI5IhvfFaqgrCnB5fyKNKU9xND46dtnWPTUiPL8b5rJLdvSj8Oc/s1600-h/1220394577i.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiVuTAETtwC76WU9QVqkR2ozxOBwuvumYUxkBAL5quh8jqTaEMzcwQUjVAbIge1gUUtrXCJAVydh8vZP0LfdI5IhvfFaqgrCnB5fyKNKU9xND46dtnWPTUiPL8b5rJLdvSj8Oc/s320/1220394577i.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5269605645885740962" border="0" /></a><span style="font-style: italic; color: rgb(0, 0, 0); font-family: georgia; font-weight: bold;">Pan-cinema Permanente</span><span style="font-family: georgia;"> é um filme que privilegia o poeta e a sua arte. Nadando contra o convencional, o filme de Nader não busca enquadrar Waly Salomão no tropicalismo, como normalmente se faz, aprisionando o autor e a obra em fatos culturais confortáveis e aceitos.</span><span style="font-family: georgia;"></span><br /><span style="font-family: georgia;"></span><br /><span style="font-family: georgia;">Quando se encaixa alguém no tropicalismo tudo fica mais fácil. As peças começam a se encaixar e abrem espaço para a nostalgia. O cinema, aliás, é um ótimo lugar para o público se ver desprovido de um tempo mágico, do qual ele não partilha mais ou nunca partilhou. O cinema facilmente pode se tornar uma experiência de idealização de um passado heróico e de um presente nefasto.</span><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /><span style="font-family: georgia;">O filme de Nader escapa brilhantemente desses usos mais convencionais dos tempos da arte cinematográfica. No filme de Nader, o tempo se torna poesia. Não há legendas bem detalhadas, os cortes são bruscos e sem uma linha do tempo precisa. O tempo do filme segue a lógica da construção poética que se pretende discutir, e não apresentar. Toda a diferença desse filme para outras cinebiografias – como a de Paulinho da Viola, Celso Furtado e outras – é esse esmero da montagem, preocupada em manter o filme aberto para as conclusões de quem assiste. Os poemas são filmados em flashes instantâneos, onde a última linha ou palavra lida já se apagaram. Imprime-se à poética de Waly uma representação visual de suas poesias, recriando-as. O poema que dá título ao filme é lido pelo seu personagem, o cinema.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ5Kf5HX5DuFr0HA-D97gfIAXzclSPEdVKEIGn73w9_kiHfU4LuUR6-IgHF9d7RybwFBBok7UKj8DYLL3fgX5V0UaDS3pE88CMzodrx-bakFUp6jet1N9M7aueJjEyDyXWCJW6/s1600-h/imagem788.JPG"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 260px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ5Kf5HX5DuFr0HA-D97gfIAXzclSPEdVKEIGn73w9_kiHfU4LuUR6-IgHF9d7RybwFBBok7UKj8DYLL3fgX5V0UaDS3pE88CMzodrx-bakFUp6jet1N9M7aueJjEyDyXWCJW6/s320/imagem788.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5269605740565257666" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">A poética convulsionada de Waly Salomão é tratada na ação. Suas cenas não são de testemunho. São cenas em que ele está se relacionando com os outros. Sua preocupação nunca é exclusivamente se narrar. Até mesmo quando está sozinho com a câmera, Waly está no computador, fazendo correções em um texto. Para Waly, </span><span style="font-family: georgia;">como se vê durante o filme, narrar é estar em ação, expressando-se.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Os depoimentos existentes são de amigos – Antônio Cícero, Regina Casé, Caetano Veloso - e da família. Neles, procura-se uma memória afetiva de Waly, o que também escapa do simples drama, pois os depoentes não economizam motivos para expressar a falta que Waly faz.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Sua longa trajetória foi abortada por um câncer, que lhe abreviou a vida e a obra. O filme procura evidenciar a inquietação, para além da celebração. Os superlativos são suplantados pelo verbo. A história da arte é suplantada pela criação poética. A cinebiografia é suplantada pela cine-poética.</span><br /></div>Thiago F.http://www.blogger.com/profile/07349515908283586420noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-75854307579004105982008-11-14T13:01:00.005-02:002008-11-14T13:18:07.942-02:00Herzog & Kinski: Woyzeck<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrr70JjHr0uuOPNwkgaHe8PJDLoXBF1YRDndFTf3hRxteaygxEqzCU4odQe_pmXcj_CGDZo4SjkmR-ziTvUw2-YulaNCVux8asCIJ-vq4N6g-6Q6JPFTbF529Pc8zPeAxkDkWt/s1600-h/woyzeck_poster.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 223px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrr70JjHr0uuOPNwkgaHe8PJDLoXBF1YRDndFTf3hRxteaygxEqzCU4odQe_pmXcj_CGDZo4SjkmR-ziTvUw2-YulaNCVux8asCIJ-vq4N6g-6Q6JPFTbF529Pc8zPeAxkDkWt/s320/woyzeck_poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268530801560951138" border="0" /></a>Os créditos de <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Woyzeck </span>abrem o filme da forma mais direta possível. Herzog mantém a câmera estática diante de um abobalhado e subserviente Kinski. Os únicos movimentos do ator são de continência e preparação para marcha. Em poucos minutos, não nos resta dúvida. Herzog mais uma vez exercerá sua tirania generalesca diante do seu soldado raso cobaia favorito, Klaus Kinski.<br /><br />O duelo cineasta x protagonista de <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Woyzeck</span> se repete como em <span style="font-style: italic;">Aguirre</span>, <span style="font-style: italic;">Nosferatu</span>, <span style="font-style: italic;">Fitzcarraldo</span> e <span style="font-style: italic;">Cobra Verde</span>. Herzog mais uma vez explora um texto sobre a influência do natural e do social moldando e perturbando a mentalidade humana. Estamos diante de uma espécie de filme que complementa a obra-prima máxima de Herzog, <span style="font-style: italic;">O Enigma de Kaspar Hauser</span>. Hauser é um personagem selvagem que busca moldar-se ao ambiente socialmente correto, enquanto o pobre Woyzeck é o socialmente enquadrado que se torna selvagem pela influência do mesmo meio.<br /><br />Baseado na célebre peça de Georg Büchner (já magistralmente encenada no Brasil, com Matheus Nachtergaele no papel de Kinski), Woyzeck é um soldado do exército germânico que beira a patetice. O reflexo direto da opressão oculta do sistema de regras, convenções e morais. Tão oprimido que mal consegue enxergar sua insignificância. É alegre, otimista, patriota e extremamente dedicado à mulher e ao filho bebê.<br /><br />No entanto, a sombra da dúvida de uma possível traição traz à tona o que os filósofos puristas chamariam de <span style="font-style: italic;">thaumasein</span>. A consciência de se perceber vivo e capaz de reagir e analisar o ambiente que o cerca. Os rumores e olhares de escárnio da população moldam o caráter incorruptível de Woyzeck, desencadeando um processo contínuo de loucura, autocompaixão e, consequentemente, vingança.<br /><br />A relação opressora de Herzog sobre Kinski se mantém durante toda a projeção de <span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Woyzeck</span>. Algo como se a câmera fosse a força oculta comandando os atos crescentes de insanidade do anti-herói. Criador cadenciando a fúria crescente da sua criatura social. As consequências trágicas dessa relação acabam por promover um dos mais cruéis e arrebatadores desfechos da história do cinema europeu. A fúria de Kinski nos minutos finais se contrapõe de forma assustadora se comparada com o bocó a quem somos apresentados nos minutos iniciais.<br /><br />Apesar da impressionante simbiose entre esses dois gênios da dramaturgia germânica, o trabalho de Eva Mattes como a esposa também chama atenção. Como uma Capitu machadiana, consegue provocar no espectador pureza e incerteza, numa interpretação que lhe rendeu a Palma de Ouro em Cannes. Ainda assim, tudo nesse filme é muito pouco diante do hipnótico Klaus Kinski e sua interpretação, que varia entre o boçal e o monstruoso.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDSCKu04uVGk5MqZQflrqOfM2FSGnri1S5Zh7l2avepxE1xA36JoGGErj3XX2rmDlXhiIqi40QRaLc3oxBwsoL1l2j0LVSXfglVW-5-8u4ZPuOdlrhgtg7mJthcYKrzHQafFzk/s1600-h/woyzeck_01.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 280px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDSCKu04uVGk5MqZQflrqOfM2FSGnri1S5Zh7l2avepxE1xA36JoGGErj3XX2rmDlXhiIqi40QRaLc3oxBwsoL1l2j0LVSXfglVW-5-8u4ZPuOdlrhgtg7mJthcYKrzHQafFzk/s320/woyzeck_01.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268531008233073266" border="0" /></a>Apesar de quê, do outro lado da câmera tinha um Herzog, o impiedoso cineasta que dedicou boa parte da sua vida a ameaçar (inclusive sob mira de revólver) a verve interpretativa da sua cobaia Klaus Kinski. No final, a dúvida. De onde o ator tirou tanta cólera? Estaria ele esfaqueando o próprio general que o ordenava por trás das câmeras? Irrelevante, já que o resultado foi sublime.<br /><br /><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-size:85%;" ><span style="font-family:trebuchet ms;">Woyzeck - Werner Herzog - Alemanha - 1979</span></span><br />Embed Youtube<br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/iJMzTYOg460&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/iJMzTYOg460&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-35885257416521098792008-11-13T18:29:00.006-02:002008-11-13T18:58:10.146-02:0010 filmes germânicos essenciais<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0goCu5dR6M_Dz9T5_OFKfaMdkqW2bH_WU3JIP-UuTMLWsfsqDIl_mXeWb99-iOohQCIFhBOhLHZAdF72pZESgqTalJqyxkeMULB1UJM6pp6bvLfUI4Gfa9Aa_GnEmtfWzze5F/s1600-h/metropolis_1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 142px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0goCu5dR6M_Dz9T5_OFKfaMdkqW2bH_WU3JIP-UuTMLWsfsqDIl_mXeWb99-iOohQCIFhBOhLHZAdF72pZESgqTalJqyxkeMULB1UJM6pp6bvLfUI4Gfa9Aa_GnEmtfWzze5F/s200/metropolis_1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268246694360724066" border="0" /></a><span style="color: rgb(51, 102, 102); font-weight: bold;font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" >Metropolis</span><br /><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >Metropolis, 1927<br /><br /></span>Direção: Fritz Lang<br />Com Brigitte Helm, Alfred Abel, Gustav Fröhlich, Rudolf Klein-Rogge, Theodor Loos<br />Prêmio especial pela restauração - New York Film Critics 2002<br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoIRwnZ7MRUCKKNDPi0tkskyrksU4GTTtvdQm-VnMDLlZRF2MT6GHzxcafN_ce6VANd9ibyfz1hx1nl9pmLJbtNNO4V4I9-eSazAVNfi1kRXNdR0oBeYf0QZWBOzymW4RLtBbb/s1600-h/oenigmadekasparhauser_2.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 142px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoIRwnZ7MRUCKKNDPi0tkskyrksU4GTTtvdQm-VnMDLlZRF2MT6GHzxcafN_ce6VANd9ibyfz1hx1nl9pmLJbtNNO4V4I9-eSazAVNfi1kRXNdR0oBeYf0QZWBOzymW4RLtBbb/s200/oenigmadekasparhauser_2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268247864484808882" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-family:trebuchet ms;" >O Enigma de Kaspar Hauser</span><br /><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >Jeder für sich und Gott gegen alle, 1975</span><br /><br />Direção: Werner Herzog<br />Com Bruno S., Walter Ladengast, Brigitte Mira, Willy Semmelrogge, Michael Kroecher<br />Grande prêmio do Juri, prêmio da imprensa e do júri ecumênico - Festival de Cannes<br /></div><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyJVBgEXIR-TaD-OJ2lQzvth7mXnPo2S-R1ZX_qOets_cQ2DffBeGaFNapZHU2hhsViom0CMmjSn_yVvigvxdDXeC8_tMjqrRfALOt_ldliUIx_xXeCjbL85jA4mFOdRj1uBIb/s1600-h/asasdodesejo_2.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 142px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyJVBgEXIR-TaD-OJ2lQzvth7mXnPo2S-R1ZX_qOets_cQ2DffBeGaFNapZHU2hhsViom0CMmjSn_yVvigvxdDXeC8_tMjqrRfALOt_ldliUIx_xXeCjbL85jA4mFOdRj1uBIb/s200/asasdodesejo_2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268246692207477218" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-family:trebuchet ms;" >Asas do Desejo</span><span style="font-size:85%;"> <span style="font-style: italic;"><br />Der Himmel über Berlin, 1987</span></span><br /><br />Direção: Wim Wenders<br />Com Bruno Ganz, Solveig Dommartin, Otto Sander, Peter Falk, Curt Bois<br />Melhor direção - Festival de Cannes<br />Melhor Filme - Mostra Internacional de São Paulo<br />Melhor Filme Estrangeiro - Los Angeles Film Critics<br />Melhor Filme Estrangeiro - Independent Spirit Awards<br /><br /><div style="text-align: right;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA0c6jc6L2FZEG0a2HPaKGrsZuSV4kQ5ZgqvawnI0oLzQJ9ZPFWUL_Ejb5_aB65yYjsPB5VchizDH_Jd1M3BuVxHt1x2joCmwOXTxLCFlBqx4kyPD17fgFZgvWsA79z9DUFCbD/s1600-h/ogabinetedodrcaligari_2.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 139px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA0c6jc6L2FZEG0a2HPaKGrsZuSV4kQ5ZgqvawnI0oLzQJ9ZPFWUL_Ejb5_aB65yYjsPB5VchizDH_Jd1M3BuVxHt1x2joCmwOXTxLCFlBqx4kyPD17fgFZgvWsA79z9DUFCbD/s200/ogabinetedodrcaligari_2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268247871424672946" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-family:trebuchet ms;" >O Gabinete do Dr. Caligari</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Das Cabinet des Dr. Caligari, 1919</span></span><br /><br />Direção: Robert Wiene<br />Com Conrad Veidt, Werner Krauss, Friedrich Feher, Hans Heinrich von Twardowski, Lil Dagover<br /></div><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaOO9wg_iPBUYo0a-KG6jhti-Y7IFXO9YDAmyYh8_uHraTTNm23Vqa_tGWnLmq7juwuTkFEr2vqIAmFdVrfTomK7psUwp3d1edQ6b4PjJ10Ioh1SM8jG6QmNrgcgXTctDj_XlW/s1600-h/otambor_1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 140px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaOO9wg_iPBUYo0a-KG6jhti-Y7IFXO9YDAmyYh8_uHraTTNm23Vqa_tGWnLmq7juwuTkFEr2vqIAmFdVrfTomK7psUwp3d1edQ6b4PjJ10Ioh1SM8jG6QmNrgcgXTctDj_XlW/s200/otambor_1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268246695463249330" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-family:trebuchet ms;" >O Tambor</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Die Blechtrommel, 1979</span></span><br /><br />Direção: Volker Schlöndorff<br />Com David Bennent, Mario Adorf, Angela Winkler, Katharina Thalbach, Daniel Olbrychski<br />Palma de Ouro - Festival de Cannes<br />Melhor Filme Estrangeiro - Oscar<br />Melhor Filme Estrangeiro - Los Angeles Film Critics<br />Melhor Filme Estrangeiro - National Board of Review<br /><br /><div style="text-align: right;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj37x0FSJ29hedzgIEcCbq6sVy2lMKzRECaJz9OSQ2WdkskCWV7uqbSjyF1eNFoesGBdHxO2j9i4VYaNtqefRrMxBfTXS991tSIMD3xLRFcOmLPHkpbqm9nFoJg0Cwb2BA1urcU/s1600-h/nosferatu_2.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 144px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj37x0FSJ29hedzgIEcCbq6sVy2lMKzRECaJz9OSQ2WdkskCWV7uqbSjyF1eNFoesGBdHxO2j9i4VYaNtqefRrMxBfTXS991tSIMD3xLRFcOmLPHkpbqm9nFoJg0Cwb2BA1urcU/s200/nosferatu_2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268247871238143010" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-family:trebuchet ms;" >Nosferatu</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, 1922</span></span><br /><br />Direção: F.W. Murnau<br />Com Max Schreck, Gustav von Wangenheim, Greta Schröder, Alexander Granach, Georg Schnell<br /></div><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLAQT9WfcEs-uHi_LNMA0ybUShoESB34xWh_ZThpbLlACyJ2eA3cJdDRhUViYkaVAUIQmdHAnlNWDhzNzzp5-cFi_C7sRQc30ZBXfi9xNaeqlbjo5s5CS01RBQ_9YX87ijpowP/s1600-h/contraaparede_1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 142px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLAQT9WfcEs-uHi_LNMA0ybUShoESB34xWh_ZThpbLlACyJ2eA3cJdDRhUViYkaVAUIQmdHAnlNWDhzNzzp5-cFi_C7sRQc30ZBXfi9xNaeqlbjo5s5CS01RBQ_9YX87ijpowP/s200/contraaparede_1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268246699367340322" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-family:trebuchet ms;" >Contra a Parede</span><span style="font-size:85%;"><br /><span style="font-style: italic;">Gegen die Wand, 2004</span></span><br /><br />Direção: Fatih Akin<br />Com Birol Ünel, Sibel Kekilli, Catrin Striebeck, Maltem Cumbul, Stefan Gebelhoff<br />Urso de Ouro e Prêmio da Imprensa - Festival de Berlim<br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1vwf2CHCWuk34DeExVZzKXNVreQsmCRvYU7DIPsAhFthR6hZ4vLAFYaGNOGF4E8EDf3_d8gYS2ZPAxLiXa3Ze1aHG3F_DWSk9eJsMsqvR0wGDYgY5s3EBIy0fIU_Ml3uzM3-S/s1600-h/olympia_1.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 133px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1vwf2CHCWuk34DeExVZzKXNVreQsmCRvYU7DIPsAhFthR6hZ4vLAFYaGNOGF4E8EDf3_d8gYS2ZPAxLiXa3Ze1aHG3F_DWSk9eJsMsqvR0wGDYgY5s3EBIy0fIU_Ml3uzM3-S/s200/olympia_1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268247879021106978" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-family:trebuchet ms;" >Olympia</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Olympia 1 Teil – Fest der Völker, 1938</span></span><br />Direção: Leni Riefenstahl<br />Leão de Ouro - Festival de Veneza<br /></div><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqRyBZdSZHpflvUdjOjcw9vDHRuGa2ZxF5KHJZUsSHAToopaYpAqWhztA2B6zC-KW-w-__nBzeI2UhWsyaubLi0U0QxmnYhtB-B1TgiU0hdW0HCyB5h6dVFn-JlkiQOdrzHryb/s1600-h/ocasamentodemariabraun_1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 139px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqRyBZdSZHpflvUdjOjcw9vDHRuGa2ZxF5KHJZUsSHAToopaYpAqWhztA2B6zC-KW-w-__nBzeI2UhWsyaubLi0U0QxmnYhtB-B1TgiU0hdW0HCyB5h6dVFn-JlkiQOdrzHryb/s200/ocasamentodemariabraun_1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268246707821665602" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-family:trebuchet ms;" >O Casamento de Maria Braun</span><span style="font-size:85%;"> <span style="font-style: italic;"><br />Die Ehe der Maria Braun, 1979</span></span><br /><br />Direção: Rainer Werner Fassbinder<br />Com Hannah Schygulla, Klaus Löwitsch, Ivan Desny, Gottfried John, Gisela Uhlen<br />Prêmio especial do Júri e Urso de Prata melhor atriz - Festival de Berlim<br /><br /><div style="text-align: right;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizMK1YVXsZL24S6ILZdL7Y0Ji_mECzkSl3JB23AEU50JpiaB9FgOZiG8RAVuv8HP5_OstOt0GbI_uDG3vYP-CAr0Yxk_GXMqwbHPxlqn-JVXYyJqPVHAlkk1xi1qUB3IKnim-y/s1600-h/oanjoazul_2.gif"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 147px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizMK1YVXsZL24S6ILZdL7Y0Ji_mECzkSl3JB23AEU50JpiaB9FgOZiG8RAVuv8HP5_OstOt0GbI_uDG3vYP-CAr0Yxk_GXMqwbHPxlqn-JVXYyJqPVHAlkk1xi1qUB3IKnim-y/s200/oanjoazul_2.gif" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268247882589556338" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; color: rgb(51, 102, 102);font-family:trebuchet ms;" >O Anjo Azul</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Der blaue Engel, 1930<br /><br /></span></span> Direção: Josef von Sternberg<br />Com Marlene Dietrich, Emil Jannings, Kurt Gerron, Rosa Valetti, Hans Albers</div>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-2432379221859814972008-11-10T12:39:00.005-02:002009-08-13T16:24:53.868-03:00Em Cartaz: "ORQUESTRA DE MENINOS"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.cinemaevideo.com.br/liq/upload/conteudo/2076.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 337px; height: 500px;" src="http://www.cinemaevideo.com.br/liq/upload/conteudo/2076.jpg" alt="" border="0" /></a><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Orquestra de Meninos</span><span style="font-family:georgia;"> de Paulo Thiago foi julgado hoje no Jornal Folha de São Paulo. Veredito: ruim. O juiz é Paulo Santos Lima, em “colaboração para a Folha”. Por que nos acostumamos a fazer do crítico de cinema um juiz?</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Pode ser porque o ingresso seja caro e não se pode desperdiçar. Antes de pegar a carteira, é necessário fazer uma longa verificação na jurisprudência sobre cinema. Sinopses e críticas nos trazem o filme sem o filme. Podemos ter algo parecido com aquela colherinha de sorvete que provamos antes de levar uma bola. A despeito de toda a ladainha de que a arte é nosso alimento maior, o cinema no Brasil tem sido dominado em todos os momentos (produção, divulgação, crítica) pelo valor. Por isso é necessária uma avaliação, estrelas e outras métricas que fazem do filme algo mensurável. Mas, a dúvida é saber se a arte – e tudo o mais – é mensurável. Para quê? Mensurá-la é limitá-la, violentá-la. É fazer do crítico o dono de um filme pobre, do qual ele não conseguiu tecer qualquer articulação com a sua medíocre vida de juiz de casos que não lhe cabe julgar. Seu poder é o de reduzir as possibilidades da luz e criar falsos gênios, obras-primas com códigos de barra e se servir de espátula ou bisturi artístico para uma sociedade que se sujeita a pautar a sua vida segundo os pobres cadernos de cultura dos jornais, esmagados entre uma sentença cultural e uma coluna social. No fim das contas, saias, decotes e enquadramentos terminam no gosto do especialista?</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Não se trata de advogar em favor do filme de Paulo Thiago. O filme pode e deve ser criticado. Mas, a crítica deve se alçar em algo além de si mesma, além da sua virtude de crítico, que eclipsada não é nada. O crítico, assim como o filme, é uma ponte aos outros e não a si mesmo. O nobre crítico diz “Mas não faz boa arte, e o longa será um compêndio de más escolhas: os enquadramentos que colam feio no rosto dos atores e a dramaturgia simplória” e ficamos sem saber o que é, para ele, boa arte. Aliás, o conceito de bom/ruim tem feito uma grande festa (quase uma orgia) na Ilustrada da FSP, desde a coluna da Mônica Bergamo até as críticas de cinema. Tudo é bom/mau, feio/bonito, chego a pensar que estejam avaliando apenas algumas tendências. Será? Mais adiante, o crítico fala em “vilões caricatos” e um dos vilões é Othon Bastos. Dá um TILT no conceito de vilão/mocinho, ruim e bom do crítico. E os parênteses são convocados para uma correção: “(e do qual nem o ótimo Othon Bastos consegue sair ileso)”. Ufa! Salvou o ator de filmes avalizados do cinema nacional, ele está novamente ao lado dos bons. Nesse caso, não foi culpa dele. Afinal, um filme não se faz pela atuação dos seus atores, sobretudo quando eles não têm culpa de nada, não é mesmo?</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Nesse jogo maniqueísta e rasteiro, cuja a pobreza conceitual da crítica fica cuspida na cara do idiota do </span><span style="font-family:georgia;">leitor que compra o jornal, o filme fica fora da roda e é o martelo do crítico que aparece.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">O filme </span><span style="color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;font-family:georgia;" >Orquestra de Meninos</span><span style="font-family:georgia;">, assim como </span><span style="color: rgb(255, 0, 0);font-family:georgia;" ><span style="font-style: italic; color: rgb(0, 0, 0);">O Caso dos Irmãos Naves</span> </span><span style="font-family:georgia;">de L. C. Person, procurou fazer da reconstrução ficcional de uma “história real” uma oportunidade para pensarmos sobre a violência no Brasil.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://diariodonordeste.globo.com/imagem.asp?Imagem=248774"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 225px; height: 162px;" src="http://diariodonordeste.globo.com/imagem.asp?Imagem=248774" alt="" border="0" /></a><span style="font-family:georgia;">O interessante é que os filmes não se fixam na violência do estado autoritário ou mesmo em uma violência de foco único. Eles usam a ficção para conseguir abarcar os múltiplos espaços de violência e cinismo da sociedade brasileira: o estado, a imprensa, o legislativo, o judiciário e também os moradores pobres. Sob esses filmes, as divisões clássicas da história entre ditadura militar e redemocratização caem por terra. Mesmo a Constituição Cidadã de 1988 fica rasgada (ou ainda não escrita) em 1993. É a ficção a única arma que o cinema possui para dar a sua versão sobre os fatos impregnados de cinismo. No filme documentário, as cenas de tortura estão sempre ausentes, só ocupadas pelo depoimento de quem as viveu. Na ficção, as cenas de violência sem registro podem ganhar uma versão que reforce os depoimentos de quem as viu efetivamente e de quem as viu e não viveu para contar.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">A narrativa de Paulo Thiago é simples e enxuta, sem malabarismos estéticos, justamente porque não se trata de feio/bonito, de ousado/simplório. O que o filme pretende discutir é uma injustiça com a arte. Se a arte dos meninos é boa ou ruim, não sei, mas o que importa se a arte é boa ou ruim? Importante é como ela dialoga com a sociedade em que vive e que relações ela estabelece a partir da sua criação. No caso do filme, a música foi conquistada por Mozart e pelos meninos que dela necessitavam. Precisavam não do belo ou do bom, mas precisavam fazer, dialogar, expressar-se. Logo foram violentados por aqueles que passam os dias cultuando o bom e o belo, engravatados, cheirosos e bem alimentados.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">O filme </span><span style="color: rgb(0, 0, 0); font-style: italic;font-family:georgia;" >Orquestra de Meninos</span><span style="font-family:georgia;"> emociona e instaura pela ficção cinematográfica uma história a contrapelo, afrontando a história instituída na imprensa e nos poderes. Na sua narrativa, mescla-se a esperança e a violência fazendo-nos refletir sobre a necessidade de dosar o otimismo da vontade e o pessimismo da razão ante ao idealismo intimista e egocêntrico que reina cínico de segunda à segunda, 24h por dia.</span></div> <span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span>Thiago F.http://www.blogger.com/profile/07349515908283586420noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-4360941380053476762008-11-07T15:08:00.000-02:002009-01-23T15:12:56.358-02:00Herzog & Kinski: "AGUIRRE, A CÓLERA DOS DEUSES"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYHZEqUR00qA4FKMwkEpf5jt_-tEAgggmmp4dRcfOClN9tsPNjbXIheaRPjOmBxinQXlwamU0oFG3aTw399oLz4D9C74UaRZnSuwdz6GANluDxfNpAZTPYZez2vDoKRAFxedpR/s1600-h/aguirre_poster.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 202px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYHZEqUR00qA4FKMwkEpf5jt_-tEAgggmmp4dRcfOClN9tsPNjbXIheaRPjOmBxinQXlwamU0oFG3aTw399oLz4D9C74UaRZnSuwdz6GANluDxfNpAZTPYZez2vDoKRAFxedpR/s320/aguirre_poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5265906111255523698" border="0" /></a><span style="font-family:georgia;">O plano inicial do filme em uma tomada panorâmica evidencia a magnitude da natureza sobre o homem que almeja desbravá-la. Essa relação homem-natureza é transposta para o cinema por um dos realizadores mais radicais e excêntricos do cinema autoral: o alemão Werner Herzog.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:georgia;" >Aguirre, a Cólera dos Deuses</span><span style="font-family:georgia;"> (</span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Aguirre, der Zorn Gottes</span><span style="font-family:georgia;">, 1972) é o primeiro e quiçá, o melhor resultado da conturbada e exitosa parceria entre Herzog e o ator Klaus Kinski. A trama é baseada em fatos históricos ocorridos no século XVI, inspirada nas expedições enviadas pelo conquistador espanhol Gonzalo Pizarro em busca de El Dorado, a cidade de ouro, ainda sob o espírito da reconquista (herança ainda medieval das monarquias ibéricas). Egocentrismo, ganância, obsessão e submissão são os aspectos humanos em confronto com a natureza primitiva e desconhecida, paulatinamente permeados pela insanidade do personagem Aguirre (Kinski).</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">O narrador da expedição é Frei Carvajal, cujo diário foi fonte primária para o embasamento do filme. Don Pedro Ursua (Ruy Guerra) é o comandante da expedição, que configura a hierarquia dos colonizadores em suas conquistas na América Espanhola, um representante da coroa espanhola, nobreza, exército, igreja e os escravos indígenas. E essa exploração colonial sobre o indígena, forçando-o ao trabalho compulsório, remete também à imposição dos costumes europeus aos índios, causando, dessa forma, uma aculturação.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg-DaLInJDuCI_inKH60foXUp1Z79hyM_1wkI8bVjQw4ep2JpGyqlt-7nfSs_FZBCTgqCF-EA12-QiFwaOA7tCGvdJNrbAuUwtA9xcRU97vKfb-9xphSjBpfSOfys0Kg6SODfK/s1600-h/aguirre3.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 153px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg-DaLInJDuCI_inKH60foXUp1Z79hyM_1wkI8bVjQw4ep2JpGyqlt-7nfSs_FZBCTgqCF-EA12-QiFwaOA7tCGvdJNrbAuUwtA9xcRU97vKfb-9xphSjBpfSOfys0Kg6SODfK/s200/aguirre3.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5265908151132531474" border="0" /></a><span style="font-family:georgia;">No embate das ações entre homem e natureza, as ambições e efeitos emocionais e mentais vêm à tona quando Aguirre boicota Ursua e, num golpe de tomada da liderança da expedição, causa a degradação estrutural do comboio. A natureza e as condições adversas impostas por ela ganham força, assim como a degradação mental de Aguirre e a submissão de seus comandados. Aguirre, no alto da loucura, rompe com o Estado Espanhol e auto proclama-se o líder e destinado a encontrar o El Dorado.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">O mito do El Dorado é uma criação indígena como forma de resistência à exploração imposta pelos conquistadores europeus que, por sua vez, continuam com a mentalidade medieval de conquista e imposição de sua cultura e fé. Os sons da floresta na Amazônia Peruana enfatizam o quanto a natureza ainda reservaria aos europeus: dificuldades extremas, da alimentação a um rumo, aliadas à insanidade de seu líder, Aguirre. Essa relação extrema entre o homem e natureza é vital no cinema de Herzog, o homem é consumido perante o gigantismo dessa natureza e por suas peripécias ambiciosas.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDX-M9HOgOTOSiWRCwa7FxVMwVjvZwYbn9NNrnt-FB0l_NEYNNpHR5NpL4JylLFQq7yvydC9s0kKEPIK1biuc2k2SrMedQdHpVygfzrsOLvHAt7HOnnLGPjrKSet4CfFfP4rL3/s1600-h/Aguirre2.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 161px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDX-M9HOgOTOSiWRCwa7FxVMwVjvZwYbn9NNrnt-FB0l_NEYNNpHR5NpL4JylLFQq7yvydC9s0kKEPIK1biuc2k2SrMedQdHpVygfzrsOLvHAt7HOnnLGPjrKSet4CfFfP4rL3/s200/Aguirre2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5265909519218948962" border="0" /></a><span style="font-family:georgia;">Em meio à degradação mental de Aguirre, a expedição segue cada vez mais desfalcada, o europeu sucumbe ao estranhamento e às deserções dos escravos indígenas, uma balsa de madeira é construída com o intuito de conduzir os desbravadores Rio Amazonas abaixo. E quando parece que não há mais perspectiva de um contato com a humanidade, eis que surge um princípio de civilização indígena. Uma civilização que, assim como a natureza e a insanidade do comandante da expedição, é extrema: o canibalismo. Os desbravadores demonstram fome, medo, aflição, com exceção de Aguirre e sua cólera contra o improvável destino almejado.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Um dos últimos lapsos de contato com indígenas da região acontece quando encontram uma tribo desconhecida que, por sua vez, desconhece o valor da fé cristã imposta pelo Frei Carvajal. No malogro dessa empreitada, cada um dos ocupantes da balsa sucumbe à natureza local ou aos ataques sutis dos índios. Exceto Aguirre que, quase imponente e já mergulhado no ápice de sua insanidade, é consumido por sua cobiça e loucura de enfrentar a natureza primitiva amazônica.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXyWluGcVQq_Kc3DgPN0pvXZ5r7bXlhZTq7QxDpGZ3NNHzm0BMjBiGl2kjL6_DLABtlmarqULqLuMXYn8pXOFHyhE2tGZxxdQczMtlsgWU3fEv2rbVU3zkUmeI0PfTljhXs-QK/s1600-h/aguirre1.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 223px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXyWluGcVQq_Kc3DgPN0pvXZ5r7bXlhZTq7QxDpGZ3NNHzm0BMjBiGl2kjL6_DLABtlmarqULqLuMXYn8pXOFHyhE2tGZxxdQczMtlsgWU3fEv2rbVU3zkUmeI0PfTljhXs-QK/s320/aguirre1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5265909985734883330" border="0" /></a><span style="font-family:georgia;">As relações extremas não ficaram somente no campo da ficção onde a expedição foi consumida pela cólera de Aguirre e a magnitude da natureza. Kinski encarnou o personagem em muitos momentos nas locações, chegou a abandonar as filmagens e brigar inúmeras vezes com Herzog, fato que assustou os índios que, por sua vez, ofereceram-se para matar o ator. Tal egocentrismo de ambas as partes (ator-diretor) rendeu um filme memorável sob os aspectos humano e ambientail, retratados com maestria pela lente da câmera do diretor de fotografia Thomas Mauch.</span></div>Hudson Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/00137753705677244862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-61993970399570752982008-11-04T17:45:00.006-02:002009-01-23T15:53:25.038-02:00Trilhas Sonoras: "LARANJA MECÂNICA" por Miguel Saial<div style="color: rgb(255, 102, 0); text-align: center;font-family:georgia;"><span style="font-size:130%;"><span style="font-weight: bold;">O primeiro "filme-rock"</span></span><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd22T2UjT7R6R6PVdA2bsOooC4VZ41OBgf24Ot3IIKUuykRkRYQ9HzoJYuW4ugXuouMqnpyAY08uRcaBRVajik583_M1jCvkPA3o-ZMY2NIRby3g6cKy7-ghYaWK-bHYCMqeOm/s1600-h/a_clockwork_orange.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 323px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd22T2UjT7R6R6PVdA2bsOooC4VZ41OBgf24Ot3IIKUuykRkRYQ9HzoJYuW4ugXuouMqnpyAY08uRcaBRVajik583_M1jCvkPA3o-ZMY2NIRby3g6cKy7-ghYaWK-bHYCMqeOm/s400/a_clockwork_orange.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5264893846659962546" border="0" /></a><blockquote style="font-family:georgia;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Censurado pelos elitistas ingleses, difamado pelos puritanos americanos ou intelectualizado pelos sensíveis franceses (a ponto de terem criado um cartaz para o filme substancialmente diferente do original), o certo é que nos anos setenta os adolescentes iam ao cinema ver <span style="font-weight: bold;">Laranja Mecânica</span> como quem ia a um concerto. A magistral trilha sonora que conduz o filme ou o fato de se ter dito que o protagonista, Alex, tinha algo de Mick Jagger são a base para mais uma ramificação do gigantesco culto à volta do filme.</span></span></blockquote><br /><span style="font-family:georgia;">Podem dizer que alguns temas de Celine Dion, Aerosmith ou Coolio “fizeram” alguns filmezecos dos anos 90, mas se quisermos falar, mesmo, de trilhas sonoras, </span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:georgia;" >Laranja Mecânica</span><span style="font-family:georgia;"> é, mais uma vez, referência obrigatória. Talvez pela presença da música clássica na história original (o autor do livro afirmou que, com isso, pretendia representar a disfunção/imperfeição da sociedade: um delinquente ou uma mente perversa como a de Alex não impossibilita um gosto refinado em áreas consideradas fora do alcance dos marginais), a trilha sonora sobrepõe-se ao habitual conceito de ambiente ou interligação da música num filme, tornando-se um componente tão importante como a imagem, a história ou os diálogos. A conjugação quase perfeita da linguagem audiovisual.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">A partitura da produção é da responsabilidade do compositor Walter Carlos (hoje Wendy Carlos, pois submeteu-se a uma operação de mudança de sexo), que compôs o tema principal do filme e conjugou Beethoven com Gene Kelly (Singing in the Rain) ou uma maluquice da época, "I Want to Marry a Lighthouse Keeper", de Erica Eigen.</span><br /><br /></div><div style="font-family: georgia; text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9t7pOg8iGbbdyvEU66JOlK5Ce5HLl-vBy8IMqAYt9XvlY-CSuNaDhZBDEVMJHgfcLWyADVA39s4DmbxO1R7-OK6G2n6WBYeouwqqlm68VFhDoSyYN4jNi6NEnIUsxx5ttpTWh/s1600-h/FRENCH.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 218px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9t7pOg8iGbbdyvEU66JOlK5Ce5HLl-vBy8IMqAYt9XvlY-CSuNaDhZBDEVMJHgfcLWyADVA39s4DmbxO1R7-OK6G2n6WBYeouwqqlm68VFhDoSyYN4jNi6NEnIUsxx5ttpTWh/s320/FRENCH.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5264894421333871762" border="0" /></a><span style="font-size:78%;"><span style="font-style: italic;">Cartaz francês de Laranja Mecânica.</span></span><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /><span style="font-family:georgia;">Por curiosidade, será importante referir que, quando foi equacionada a primeira tentativa de passagem de </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Laranja Mecânica</span><span style="font-family:georgia;"> para o cinema, o bando de Alex seria interpretado pelos Rolling Stones, sendo o protagonista... Mick Jagger. Isto vem no seguimento do que poderemos considerar mais um capítulo da importância de </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Laranja Mecânica</span><span style="font-family:georgia;"> na cultura mundial. Talvez nem o autor do livro tenha imaginado quando o escreveu e mesmo depois de ter sido publicado, o alcance que este teria. Anthony Burgess ficou estupefato com o impacto da versão cinematográfica de Kubrick em relação ao seu livro, confessando-se mesmo algo enciumado. A morte de Kubrick motivou prestigiadas publicações dos mais variados quadrantes a dedicar várias páginas e artigos ao genial realizador. Mesmo revistas mais voltadas para a cena musical o fizeram. O destaque vai para o número de páginas que os franceses da </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Les Inrockuptibles </span><span style="font-family:georgia;">dedicaram a Kubrick. Mas, ainda na área musical e, particularmente, no que se refere a </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Laranja Mecânica</span><span style="font-family:georgia;">, o </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >New Musical Express</span><span style="font-family:georgia;"> publicou um interessante artigo intitulado “A Clockwork Orange in Music”, revelando um número surpreendente de bandas cujo nome, estética e atitude se inspiraram no filme de Kubrick. O melhor exemplo são os ingleses do </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Campag Velocet</span><span style="font-family:georgia;">. O vocalista, Peter Voss, acha que o filme ainda é "o melhor alguma vez feito", e até prefere que este continue proibido na sua terra natal, para manter o culto das coisas que "são melhores enquanto continuam proibidas".</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Oriunda da </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >clubing scene</span><span style="font-family:georgia;">, esta banda é bastante considerada no meio musical pelo som que não se insere em nenhum movimento (há quem o descreva como “dançante, obscuro, codificado e comovente”) e pela postura anti-comercial que adotaram. Já tiveram dois semissucessos com os singles “Drencrom Velocet Synthemesc” e “Sauntry Sly Chic”, e a temática das canções são, obviamente, gritos de revolta contra regras e condicionamentos sociais e políticos, não fossem eles inspirados no filme de Kubrick.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Além destas referências diretas, encontramos alusões a </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Laranja Mecânica</span><span style="font-family:georgia;"> por todo o lado, provando que não se trata de um culto restrito, seja no </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >merchandising </span><span style="font-family:georgia;">do </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Sigue Sigue Sputnik</span> (anos 80), ou na fase <span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Stardust </span><span style="font-family:georgia;">(anos 70) do sempre em voga </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >David Bowie</span><span style="font-family:georgia;">, que em alguns concertos aparecia fantasiado de Alex, algo que não foi de certeza pontual, pois há mesmo músicas em que o termo </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >droog </span><span style="font-family:georgia;">aparece. Mais recentemente, o </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Blur </span><span style="font-family:georgia;">fez, no video de "The Universal" (do álbum </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >The Great Escape</span><span style="font-family:georgia;">, de 95), uma paródia (ou homenagem?) ao filme. No clipe, os elementos da banda estão vestidos de branco e tocam num local bastante parecido com o bar-leiteria Korova. Damon e os seus </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >droogies </span><span style="font-family:georgia;">fazem um autêntico </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >remake </span><span style="font-family:georgia;">de algumas cenas do filme, com o toque irônico a que a banda londrina já nos habituou. Em Portugal, o ex-</span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Delfim</span> <span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Miguel Angelo</span><span style="font-family:georgia;"> também tem, já há algum tempo, o hábito de utilizar alguns signos claramente identificáveis com o filme: o chapéu e as falsas pestanas (no seu caso, pintadas) são um óbvio decalque do visual de Alex.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Mas não posso deixar de fazer um comentário em nível pessoal (que até acaba por não o ser). É que, às vezes, parece-me fixação minha, pois pareço “ver” referências ao filme</span><span style="font-family:georgia;"> em tudo quanto é lugar. Aconteceu, por exemplo, quando a música dos franceses </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Air</span><span style="font-family:georgia;"> começou a ser conhecida. Além das claras afinidades da componente eletrônica, as capas do álbum e os videoclipes pareciam-me claras abordagens ao estilo técnico/estético que Kubrick utilizou para filmar </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Laranja Mecânica</span><span style="font-family:georgia;">, mas... acabei por concluir que era apenas fixação minha e nunca mais pensei nisso. Eis que, algum tempo mais tarde, leio um artigo da revista </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Page</span><span style="font-family:georgia;">, com o sugestivo título “A Cor do Som”. Falava da relação entre o aspecto gráfico, a “embalagem” do disco e o estilo musical. Já no último parágrafo do extenso artigo, leio algo que me desperta bastante a atenção: “(...) as melodias</span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" > easy listening</span><span style="font-family:georgia;">, com misturas analógicas e digitais, de grupos como </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Air</span><span style="font-family:georgia;">, </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Stereolab </span><span style="font-family:georgia;">ou </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Curd Duca</span><span style="font-family:georgia;"> são aproveitados por criativos que lhes pretendem conferir uma onda nostálgica e talvez um pouco conservadora. Começamos logo a pensar no </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Yellow Submarine</span><span style="font-family:georgia;"> e nos sofás redondos do filme </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Laranja Mecânica</span><span style="font-family:georgia;"> de Stanley Kubrick (...)”.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Reparem que o autor do artigo não escreveu apenas “o filme </span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Laranja Mecânica</span><span style="font-family:georgia;">”. Escreveu “</span><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" >Laranja Mecânica</span><span style="font-family:georgia;"> de Stanley Kubrick”. Talvez seja mesmo fixação minha.</span><br /><br /><br /><span style=";font-family:georgia;font-size:85%;" >Texto de Miguel Saial em <a href="http://www.tifonet.it/free/ultra/LM7.htm"><span style="color: rgb(51, 102, 102); font-weight: bold;">http://www.tifonet.it/free/ultra/LM7.htm</span></a>, sem data. Adaptado por Alessandro de Paula.</span></div>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19225772.post-28108034314855706752008-11-03T11:46:00.007-02:002009-01-23T15:50:00.573-02:00Em Cartaz: "O SILÊNCIO DE LORNA"<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLwccXVxFHQfjjyGtJlp_lfRvjGYIPk7hdOdElai41wDmdKmtBNrwXvC3H0066VZMdRKPyhFFYInXkS7YKJVK8DH9b1PvnslNeCIDMKILUrzITAg3dKdz17MMCMQ6CbyLSCCwZ/s1600-h/poster.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLwccXVxFHQfjjyGtJlp_lfRvjGYIPk7hdOdElai41wDmdKmtBNrwXvC3H0066VZMdRKPyhFFYInXkS7YKJVK8DH9b1PvnslNeCIDMKILUrzITAg3dKdz17MMCMQ6CbyLSCCwZ/s320/poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5264430063971473666" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">No início do filme, ela cuida de empréstimos, vai a um orelhão e fala com alguém que, tudo indica, é seu namorado. Não importa, ela é quase ninguém, um rosto que se perderia na multidão, com seus dramas, com suas pequenas alegrias.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">É assim na vida, não? Eu aqui, na megalópole insana, esbarro com uma pessoa na esquina. Não sei de sua história. Não sei de onde ela veio e aonde vai. Não sei de seus anseios, de seus medos, se ela gosta de chocolate ou queijo. Não sei se ela seria capaz de deixar alguém morrer pra poder atingir seus objetivos.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Mas voltemos à distante Bélgica, cenário de nosso drama. É lá que está aquela personagem que poderia perder-se num canto da memória. Ela é Lorna (Arta Dobroshi), imigrante albanesa. Quando chega em casa, há alguém. Rock alto ouve-se da porta. É Claudy (Jérémie Renier, ator-fetiche dos irmãos Dardenne) quem está lá. O marido viciado, que logo se revela disposto a largar as drogas. Lorna o despreza.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">O casamento é de conveniência, forjado por mafiosos russos, porque Lorna quer a cidadania belga. Mais que isso, ela quer abrir um negócio de lanches com seu real amor, o também imigrante Sokol (Alban Ukaj). Acontece que o contato de Lorna, Fabio (Fabrizio Rongione), quer que Claudy morra logo, de forma que Lorna fique livre para se casar com um russo e, assim, não haveria prejuízos a ninguém envolvido no negócio.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWQeWmeMcJ74EyW1ReCDecmfaJxT5NDhm51WVMp88xs8tBjPm-jKLnB5lNWYseid_-u6HCr359Lb1V0iB0aHzUswBDZ8ioKEJ8AVwCuJQWhJuEfcy46AiaXAZWHwBMh8AEAAwF/s1600-h/foto_02.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWQeWmeMcJ74EyW1ReCDecmfaJxT5NDhm51WVMp88xs8tBjPm-jKLnB5lNWYseid_-u6HCr359Lb1V0iB0aHzUswBDZ8ioKEJ8AVwCuJQWhJuEfcy46AiaXAZWHwBMh8AEAAwF/s320/foto_02.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5264430799154875362" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">As coisas acontecem diferente. Como Claudy reafirma querer se tratar, Lorna vai se afeiçoando a ele, ao mesmo tempo que vai tentando arranjar a situação de forma que ela possa ter o divórcio sem ter de sacrificar a vida do rapaz. Pra isso, ela simula ter sido agredida.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">Eis que, então, há o conflito entre Lorna e aqueles com quem mantinha negócios. Por fim, Fabio consegue seu intento, Lorna e Sokol procuram o lugar adequado pra lanchonete e um encontro com um certo russo acontece.</span><br /><br /><a style="font-family: georgia;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijpMyIPd6WIHdgHK-OWgG4FW-c9kchU-FQ-D5grbF1OOtUCmKLTATTkWYeJlaWwlQK6glor8LCS4jDecvzz2ps-T7nRYF5Vk-yVr1bWrOaRwcG6HkA8Ut73s1pDicxRseQXo9z/s1600-h/foto_03.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 135px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijpMyIPd6WIHdgHK-OWgG4FW-c9kchU-FQ-D5grbF1OOtUCmKLTATTkWYeJlaWwlQK6glor8LCS4jDecvzz2ps-T7nRYF5Vk-yVr1bWrOaRwcG6HkA8Ut73s1pDicxRseQXo9z/s200/foto_03.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5264430501043306914" border="0" /></a><span style="font-family: georgia;">A moça não está confortável com a situação. Antes do encontro, recém descobrira-se grávida, o que exames posteriores não confirmam. Então este é o momento de uma fuga para a liberdade. Mas conseguirá ela lidar com a memória de tudo que ocorrera?</span><br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic; font-family: georgia;">O Silêncio de Lorna</span><span style="font-family: georgia;"> (2008) recorre ao áspero dia-a-dia dos imigrantes que querem, a todo custo, manter-se em centros mais adiantados na Europa. Tema europeu atualíssimo e recorrente, mas aqui tratado com maestria por esses papa-prêmios de Cannes. Desta vez, levaram o de melhor roteiro. Não à toa.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">A grande questão ética é a de passar por cima de tudo e de todos pra conseguir seus objetivos. Lorna vai aceitando ou questionando as situações que se colocam e é apenas gradativamente que ela se torna capaz de ser agente de seu próprio destino, dando, assim, fim ao seu silêncio.</span><br /><br /><span style="font-family: georgia;">O filme foi exibido no Festival do Rio e na 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e terá sua estreia no próximo dia 7. Quem ficar em silêncio e não ir à sala de cinema mais próxima que esteja exibindo o filme perderá um dos melhores lançamentos do ano.</span><br /></div><br /><span style=";font-family:trebuchet ms;font-size:85%;" ><span style="color: rgb(51, 102, 102); font-weight: bold;">O Silêncio de Lorna - Jean-Pierre e Luc Dardenne - Bélgica/França/Itália/Alemanha - 2008</span></span><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/NIOQphx7DiM&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/NIOQphx7DiM&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Alessandro de Paulahttp://www.blogger.com/profile/15986140068027271984noreply@blogger.com0