O termo espaço, em cinema, pode designar três noções diferentes:
Espaço pictural – A imagem cinematográfica, projetada sobre o retângulo da tela – por fugitiva e móvel que seja – é vista e apreciada como a representação mais ou menos fiel, mais ou menos bela, de tal ou tal parte do mundo exterior.
Espaço arquitetural – Estas partes do mundo, naturais ou fabricadas, tais como nos são representadas na projeção sobre a tela são dotadas de uma existência objetiva, podendo ser, também elas, objeto de um julgamento estético. É com essa realidade que o cineasta se defronta no momento da filmagem, seja para reconstruí-la, seja para desfigurá-la.
Espaço fílmico – Com efeito, não é do espaço filmado que o espectador tem a ilusão, mas de um espaço virtual reconstituído em seu espírito, com a ajuda dos elementos fragmentários que o filme lhe fornece.
Esses três espaços correspondem a três modos de percepção da matéria fílmica pelo espectador. Eles resultam também de três démarches, em geral distintas, do pensamento do cineasta e de três etapas de seu trabalho, em que ele utiliza cada vez técnicas diferentes. A da fotografia no primeiro caso; a da decoração no segundo; a da direção e da montagem no terceiro. Em cada uma delas, ele conta com a ajuda de colaboradores especializados, cabendo-lhes entrosar as sensibilidades, a fim de que sua obra forme um todo coerente.
Eric Rohmer. A organização do espaço no Fausto de Murnau.
4 comentários:
Texto bacana!
Seria mais legal ainda encontrar entrevistas em que gente como Rohmer e tantos outros falem sobre o fazer cinema.
Abraços a todos!
Temos tempo.
Sintético paca. Bem objetivo.
Legal...
Este assunto caiu na minha prova...
:(
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