O primeiro destes conta a história vivida pela avó da diretora, quando imigrou, em 1908, do Japão ao Brasil, junto a outros milhares de japoneses em um período crítico da terra do sol nascente, em que a crise econômica afetou principalmente a classe rural das pequenas cidades, forçando assim a busca por uma nova vida.
Iludidos por uma falsa promessa, que se traduzia na oferta de trabalho cultivando café no Brasil, com grandes benefícios para poder voltar ao Japão em menos de 5 anos, os imigrantes japoneses se instalaram em nosso país - a primeira imigração em massa dos “Nikkei”. A partir daí, Yamasaki foca na adaptação difícil e duradoura de um povo de língua totalmente distinta à portuguesa, de raízes orientais e cultura tão própria e histórica, tão diversa dos costumes brasileiros do início do século. Ademais de relatar a forma hostil como foram tratados, onde trabalhavam como escravos.
Em Gaijin - Ama-me Como Sou, Yamasaki, mostra uma visão "abrasileirada" da situação, relatando novamente a dificuldade para os japoneses conquistarem seu espaço no Brasil. Utilizando largos saltos elípticos, vemos gerações posteriores à anteriomente retratada em Caminhos da Liberdade; também está neste novo filme a ilusão das primeiras gerações de voltar ao Japão, prejudicada por diversos fatores, entre eles a 2º Guerra Mundial. Também vemos o período de escassa mão-de-obra no Japão, que se viu forçado a abrir as portas para seus “filhos” rebelde. Então esses nipo-brasileiros podem retornar ao lugar que tinham por país natal. No entanto, há o impacto que esses “falsos” japoneses causam no Japão. Há o enfoque na questão da rejeição cultural, como a questão de serem tratados como autênticos “gaijins” (termo que se refere aos estrangeiros desse país de forma insultante), o que culmina em um ponto de inflexão cultural, ao dar-se conta do quão brasileiras aquelas pessoas haviam se tornado.
A diretora nipo-brasileira se utiliza desses dois períodos para retratar a origem da imigração japonesa e suas conseqüências, enfatizando principalmente as diferenças culturais dos dois países e a luta desses imigrantes que, pelas questões já comentadas, foi mais sofrida, se comparada com a as outras imigrações, a de povos ocidentais como italianos e alemães, por exemplo.
Apesar de tão japoneses para nós, muitas vezes considerados pessoas tranquilas, mas individualistas, no país do sol nascente, nada mais são que estrangeiros. Ou pior: são “gaijins”. Tal problema de identidade acabou por provocar mudanças na forma de pensar e agir das últimas gerações (por muito tempo, os descendentes japoneses eram obrigados por seus progenitores a aprender o japonês, por exemplo), o que culminou em uma integração definitiva (dentro dos seus limites) e, hoje, 100 anos depois, o Brasil tem a segunda maior colônia japonesa do mundo.
Um comentário:
Valeu como introdução ao tema do mês! É isso aí!
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