Ao Entardecer (Evening; 2007) é um melodrama ao mais velho estilo. Um filme piegas, onde seu diretor, que habitualmente trabalha como diretor de fotografia, Lajos Koltai utiliza justamente da beleza estética das seqüências para ganhar o espectador e, naturalmente, essa beleza ajuda na composição da história, já que se tratando da “beleza” de amar e desse subgênero, é um elemento artístico fundamental.
O grande problema é que, seguramente por suas origens, esse elemento toma conta do filme, sobressaindo ao resto e exagerando as seqüências sentimentais, chegando ao extremismo. Ademais utiliza bastante os flash-backs, indo e vindo no espaço temporal de forma que confunde e embaraça o espectador. Por conta disso, os personagens acabam sendo bastante superficiais, não há tempo para desenvolvimento psicológico, as emoções. Os sentimentos são priorizados em busca desse envolvimento sentimental, ideal para esse tipo de filme, mais apto para as mulheres.
E é justo com as personagens feminino, interpretada por conhecidas atrizes (Vanessa Redgrave, Claire Danes, Toni Collette, Meryl Streep e Glenn Close), que o diretor trabalha em todo filme, apesar da existência do personagem, teoricamente importante, como o interpretado por Patrick Wilson, o grande amor frustrado da personagem central (Redgrave quando senhora e Danes quando jovem). Não se sabe muito dele e pouco aparece em cena, tornando-se um personagem indiferente e sem carisma (o outro personagem masculino acaba ressaltando-se mais e inclusive pareceu-me o personagem mais bem trabalhado em todo o filme). Por conta disso, apesar de utilizar de todos os artifícios para o sentimentalismo, Ao Entardecer não consegue entusiasmar-nos com a relação dos dois personagens principais e nem nos convencer desse amor tão incondicional, capaz de durar uma vida inteira.
Ao final ainda nos deparamos com uma mensagem em que o diretor parece dizer que não temos porque insistir na busca da felicidade e sim conformar-se com o que temos. Viver a vida e logo, sonhar com como ela deveria ser.
Só posso concluir que uma excelente fotografia não é tudo em um filme e que diretores vindo de outras áreas técnicas tendem a priorizar ou até mesmo enfatizar os elementos em que dominam. Também posso assegurar que o sentimentalismo fácil pode ser capaz de conseguir um choro, mas jamais será um sinal de qualidade, longe disso.
4 comentários:
Ao ver o cartaz do filme, pensei que você resolveu resenhar um daqueles romances baratos, tipo "Sabrina".
O cartaz de "Ao entardecer", para mim, é uma espécie de "Proibido". He he he!
Cuidado com "Sabrina", seu grande problema são as comparações com o original do Wilder e com Audrey, aí fica complicado... mas penso que Pollack fez um filme carismático e de certa forma, escalou bem o elenco.
Sobre "Ao Entardecer"... bem, o filme é péssimo, devo ter visto por acidente, talvez atraído pelo elenco de atrizes, mas tava claro que ao final ia ser o que vi.
Não me lembrava do filme "Sabrina". Estava falando daqueles romances baratos que a gente compra nas bancas de jornais e encontra aos milhares nos sebos. Por isso falei do cartaz, pois lembra muito as capas dos romances baratos à la "Sabrina". He he he!
aahhh!!!!!! é verdade... putz, muito tempo que vi uma dessas. bem lembrado!!!
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