Grandiloqüente, fantasmagórica, excessiva, apaixonante e aterradora, Euforia é uma tragédia amorosa dotada de um romantismo incontrolável, raivoso, desmesurado, que surge a rodo. Vyrypayev narra sua obra através de seqüências anormalmente curtas, encaixadas com contínuos fundidos a negro que quiçá remarcam demasiado cada ação e que provocam que a história não flua com a naturalidade que os puristas desejariam. No entanto, como contrapartida, sua um tanto atropelada exposição está carregada de pulsantes injeções de adrenalina, de constantes chutes de euforia (daí o título) com os que o diretor desconcerta ao pessoal ao mesmo tempo em que descreve a seus personagens. Um estado de excitação psíquica que pode vir provocado pelo amor, pela paixão, pelo afeto, pelo rancor ou simplesmente pelo vodka. Como um Emir Kusturica acossado pela urgência do tempo, Vyrypayev apabulha também com sua constante música de acordeon.
Os personagens de Euforia vivem a três horas da civilização. Rodeados pela estepe e por um majestoso e imbarcável rio, são a viva imagem do isolamento, remarcado pelo diretor por contínuos planos aéreos através de intermináveis caminhos de terra rodeados de aridez e punteados por umas encruzilhadas que servem como metáfora da disjuntiva que deve tomar a proibido casal protagonista da película.
Suas criaturas, como a história em si mesma, funcionam a base de impulsões. Não parece que lhes tenham ensinado a comportar-se de outro modo. Nesse sentido, e apesar da distância, o relato poderia emparentarse com o universo brutal, inconsolável e terno de A família de Pascual Duarte. A escopeta de caça do marido corno de Euforia e a de Pascual Duarte poderiam ser a mesma.
Seus olhares zangados, desgastados pela dor, são semelhantes. O acidente sofrido pela filha do russo a mãos de um cachorro viria recordar-nos o episódio dos porcos da novela de Camilo José Cela. O pessimismo existencial e a sordidez dominam.
Isso sim, certa capacidade onírica faz que Euforia, temperada também por um sentido do humor certamente macabro, fuja finalmente do naturalismo exacerbado e consiga apoiar-se no estrato da extravagância com sentido.
Texto escrito por Javier Ocaña, traduzido de http://www.elpais.com/articulo/cine/Sordida/excitacion/elpepuculcin/20070803elpepicin_12/Tes
Os personagens de Euforia vivem a três horas da civilização. Rodeados pela estepe e por um majestoso e imbarcável rio, são a viva imagem do isolamento, remarcado pelo diretor por contínuos planos aéreos através de intermináveis caminhos de terra rodeados de aridez e punteados por umas encruzilhadas que servem como metáfora da disjuntiva que deve tomar a proibido casal protagonista da película.
Suas criaturas, como a história em si mesma, funcionam a base de impulsões. Não parece que lhes tenham ensinado a comportar-se de outro modo. Nesse sentido, e apesar da distância, o relato poderia emparentarse com o universo brutal, inconsolável e terno de A família de Pascual Duarte. A escopeta de caça do marido corno de Euforia e a de Pascual Duarte poderiam ser a mesma.
Seus olhares zangados, desgastados pela dor, são semelhantes. O acidente sofrido pela filha do russo a mãos de um cachorro viria recordar-nos o episódio dos porcos da novela de Camilo José Cela. O pessimismo existencial e a sordidez dominam.
Isso sim, certa capacidade onírica faz que Euforia, temperada também por um sentido do humor certamente macabro, fuja finalmente do naturalismo exacerbado e consiga apoiar-se no estrato da extravagância com sentido.
Texto escrito por Javier Ocaña, traduzido de http://www.elpais.com/articulo/cine/Sordida/excitacion/elpepuculcin/20070803elpepicin_12/Tes
2 comentários:
Interessante! Será que foi lançado por estas bandas?
Er... humm... eu baixei. Parece interessantíssimo, pelo lido e pelo que vi, testando o arquivo.
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