
Agora veio o filme mais "pesado" (teve censura alta nos EUA) dele: Fim dos Tempos (The Happening, 2008). Embora não tenha a sua famosa "reviravolta" final (também, em um filme tão óbvio como esse, se ele conseguisse fazer isso seria um gênio), o filme segue o mesmo modelo dos anteriores, principalmente o de Sinais. Algo está acontecendo, não se sabe exatamente o que é, e as personagens precisam fugir e se esconder não se sabe exatamente do quê. As cenas iniciais, feitas simplesmente para chocar, são bem feitas, bem executadas e bem dirigidas. Dentro da narrativa, seu propósito é somente contextualizar os acontecimentos. Para quem viu o filme, no entanto, proponho um exercício: imagine que as cenas de suicídio no início não existem, o filme começa com a personagem de Mark Wahlberg dando aula e recebendo a notícia de que algo está acontecendo; acredito que não só aumentaria o suspense, a dúvida, como a contextualização necessária estaria feita. O cineasta, no entanto, escolheu o óbvio.
O filme continua tentando manter o clima de suspense, jogando teorias para o público, teorias que sabemos serem falsas, pois esperamos a grande solução shyamalaniana, a surpresa final. No meio do filme, uma personagem maluca, um matuto que cultiva mil plantas, diz que são elas, as plantas, as responsáveis pelo que está ocorrendo. A teoria é jogada assim para o espectador, como se fosse coisa de louco.
Mas, no entanto, pelo menos dessa solução o espectador já se vê livre, não precisamos mais procurar uma explicação. O suspense fica, então, a cargo de sabermos se as personagens principais, Elliot (Mark Wahlberg), Alma (Zooey Deschanel) e Jess, sobreviverão ou não ao acontecimento.

A cena final da narrativa, o momento esperado, emocionante, aquele em que a música orquestrada vai aumentando para que o espectador ache que está prestes a chorar, surrado por essa lavagem cerebral do cinema repetido ad infinitum, essa cena não é nem um pouco emocionante, nem para o grande público, acredito, quanto mais para um público especializado, conhecedor e apreciador da sétima ARTE.
O final do filme é a cereja no topo do monte de lixo, cereja apodrecida. Alguém tinha dúvida de que acabaria daquela forma? Se tudo foi feito de propósito, Shyamalan é um gênio: quando todos esperavam mais um filme com final surpreendente, ele fez o mais óbvio possível.
Fico com pena do cinema quando vejo um diretor competente, que uma vez fez um grande filme, procurar se superar e não conseguir sequer fazer um filme médio.
5 comentários:
É isso mesmo! He he he!
Também tive o desprazer de ver o filme. Não sei porque fui ao cinema. Sei, perder dinheiro. O humor. E, a única coisa que levarei pela minha vida, perder o resto de boa vontade com Shyamalan.
Só me pergunto como esse resto me fez sair de casa e encarar "Fim dos tempos". Se arrependimento matasse...
Nossa, eu gostei! heheh...
Concordo em gênero, número e grau.
O filme poderia ter um suspense mais "europeu", uma coisa muito mais imaginada que escancarada.
Acho que ele anda perdendo o tom...
Mas espero ainda ver novamente um filme bom do Shyamalan.
Tenho medo desse filme...
Acho que, no final das contas, o diretor é superestimado. Acertou algumas coisas, mas errou no resto... E sim, esse filme é um lixo completo!
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