Com uma filmografia quase sempre dentro de um contexto politizado, Nélson Pereira dos Santos adapta a difícil obra autobiográfica do escritor Graciliano Ramos (que já o adaptou no considerado por muitos seu melhor filme, Vidas Secas). Aproveitando para retomar a polêmica fase vivida pelo Brasil, entre o governo constitucional de Getúlio Vargas e o início do período ditatorial, o Estado Novo. Época em que a Aliança Nacional Libertadora (ANL) capitaneada por Luís Carlos Prestes, ganhou força e planejava a derrubada do governo varguista.
O filme inicia em meio a esse período turbulento. Graciliano Ramos (interpretado magistralmente por Carlos Vereza), ex-prefeito e então diretor da Instrução Pública do estado de Alagoas, escritor já de certo reconhecimento e idéias politizadas, porém anti-partidárias, é preso sob nenhuma acusação formal. Por dois anos passa por várias penitenciárias, sempre encarcerado ao lado de presos-políticos, vê e vivencia atitudes revolucionárias de seus companheiros e o trato recebido por os mesmos nas colônias carcereiras da época.
Dessa “aventura”, surgiu o livro Memórias do Cárcere. Nelson, consciente desse importante registro histórico, constrói um filme fiel a obra literária. Dividido em duas partes, onde a primeira procura extrair o máximo do teor político transpassado por Graciliano, que apesar de, naturalmente focar bastante no personagem do escritor, o foco principal de interesse são as várias ações dos demais companheiros; o capitão poeta, que apesar de radical, demonstra covardia e inocência diante do seu superior, a “rádio” comunista criada pelos prisioneiros, o burguês rico que não entende sua prisão e os vários outros estereotipados personagens, como o russo ou o argentino. As cenas de reuniões e votações, demonstram o coletivismo pregado pelo comunismo, ademais dos protestos patrióticos e antifascistas, bem representados mais que nada pelo Hino Brasileiro cantado mais de uma vez pelos prisioneiros.
A segunda parte, que conta a partir da mudança de Graciliano para a colônia correcional, centra mais na história da escrita do livro. As dificuldades do escritor para escrevê-lo e os vários prisioneiros interessados em “aparecer” no livro.
Apesar de vermos várias cenas de tortura e mal trato vivido na colônia, creio que o filme perde muito do seu interesse nessa parte final. Graciliano Ramos ganha demais protagonismo, dando a impressão em muitos momentos de estar vendo um outro filme. Toda aquela tensão política criada pelo filme já não existe, os momentos cômicos parecem mais gratuitos, assim como muitas outras sequências, até mesmo de violência física. O respeito que os demais têm por Graciliano vem a tona e daí Memórias do Cárcere passa de ser um filme político ou pelo menos politizado, para ser um filme biográfico.
Mesmo assim, no geral se dá para ter uma base daquele período; os movimentos desorganizados, muitos deles compostos por gente analfabeta, movidos apenas pelo sentimento patriótico, um sistema militar ainda descomposto e algumas das várias barbáries que existe em qualquer ditadura, como prisões sem nenhuma justa causa.
O filme inicia em meio a esse período turbulento. Graciliano Ramos (interpretado magistralmente por Carlos Vereza), ex-prefeito e então diretor da Instrução Pública do estado de Alagoas, escritor já de certo reconhecimento e idéias politizadas, porém anti-partidárias, é preso sob nenhuma acusação formal. Por dois anos passa por várias penitenciárias, sempre encarcerado ao lado de presos-políticos, vê e vivencia atitudes revolucionárias de seus companheiros e o trato recebido por os mesmos nas colônias carcereiras da época.
Dessa “aventura”, surgiu o livro Memórias do Cárcere. Nelson, consciente desse importante registro histórico, constrói um filme fiel a obra literária. Dividido em duas partes, onde a primeira procura extrair o máximo do teor político transpassado por Graciliano, que apesar de, naturalmente focar bastante no personagem do escritor, o foco principal de interesse são as várias ações dos demais companheiros; o capitão poeta, que apesar de radical, demonstra covardia e inocência diante do seu superior, a “rádio” comunista criada pelos prisioneiros, o burguês rico que não entende sua prisão e os vários outros estereotipados personagens, como o russo ou o argentino. As cenas de reuniões e votações, demonstram o coletivismo pregado pelo comunismo, ademais dos protestos patrióticos e antifascistas, bem representados mais que nada pelo Hino Brasileiro cantado mais de uma vez pelos prisioneiros.
A segunda parte, que conta a partir da mudança de Graciliano para a colônia correcional, centra mais na história da escrita do livro. As dificuldades do escritor para escrevê-lo e os vários prisioneiros interessados em “aparecer” no livro.
Apesar de vermos várias cenas de tortura e mal trato vivido na colônia, creio que o filme perde muito do seu interesse nessa parte final. Graciliano Ramos ganha demais protagonismo, dando a impressão em muitos momentos de estar vendo um outro filme. Toda aquela tensão política criada pelo filme já não existe, os momentos cômicos parecem mais gratuitos, assim como muitas outras sequências, até mesmo de violência física. O respeito que os demais têm por Graciliano vem a tona e daí Memórias do Cárcere passa de ser um filme político ou pelo menos politizado, para ser um filme biográfico.
Mesmo assim, no geral se dá para ter uma base daquele período; os movimentos desorganizados, muitos deles compostos por gente analfabeta, movidos apenas pelo sentimento patriótico, um sistema militar ainda descomposto e algumas das várias barbáries que existe em qualquer ditadura, como prisões sem nenhuma justa causa.
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