
Um desses grandes filmes pouco lembrados por uma maioria cinéfila é Duelo de Titãs (Last Train from Gun Hill; 1959). Com Kirk Douglas e Anthny Quinn como os “titãs”, o filme trata mais que nada sobre valores morais.
Sem enrolações, Sturges inicia o filme com a sequência em que enredará toda o restante. Dois jovens assassinam e violam uma índia. Essa resulta ser a mulher do xerife (Kirk Douglas) do povoado local. Um desses jovens é o filho de um poderoso homem de negócios (Anthony Quinn), praticamente dono de toda uma cidade. Kirk decide fazer justiça, mas não utilizando as próprias mãos e sim a lei. Ao chegar a Gun Hill, cidade do poderoso Quinn, descobrimos que os dois são grandes amigos do passado. Apesar disso, Kirk demonstra-se decidido em levar os dois jovens presos, apesar da oposição de Quinn. A partir daí se inicia toda a ação do filme. Kirk logra prender o filho, mas impossibilitado de sair da cidade, decide esperar em um quarto de hotel o último trem para sua cidade. Lá ficará cercado pelos homens de Quinn, que o impossibilitam sua saída, obtendo ajuda apenas de uma jovem moça (Carolyn Jones), de forte caráter, mas que logo descobrimos ser a amante maltratada de Quinn.

Com uma premissa típica - o velho duelo entre o bem e o mau -, porém interessante (o mau aqui não se trata do malvado, apenas do opositor contra o bem), onde apesar de nos posicionarmos ao lado do “bem”, nos deparamos com um “mau” com motivos convincentes para lutar contra seu amigo. Seu dilema é a morte de um filho, seu único familiar, a pessoa que ele mais ama e que criou, entregá-lo para o enforcamento seria ético, porém de extrema frieza.
Outras indagações são lançadas ao longo do filme. Se tratando de uma película feita em 59, ambientada nos tempos do velho-oeste, assusta enxergar que ainda hoje vivemos com os mesmos problemas daquela época. O senhor rico e poderoso, que passa sempre por cima de todos e da lei (como quase todos os políticos atuais). A relação da educação do pai em relação ao seu filho, como principal culpado de muitos dos seus atos futuros, afirmando que o mundo naquela época, em 1959 ou hoje é apenas consequência do ontem. E questionamento de valores sentimentais, como o difícil questionamento abstratamente citado no reencontro dos dois velhos amigos: quem vale mais, uma grande amizade, uma esposa, ou um filho?

Duelo de Titãs é um filme para todos e de todos. Sua moralidade deveria servir para repensarmos nossa integridade. Saber que existem valores e que muitas vezes eles deveriam estar acima de tudo, até mesmo da própria morte.
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