A década de 1960 talvez tenha sido a mais efervescente no campo da política durante o século XX, auge da Guerra Fria: quebra de paradigmas e concepções ideológicas bipolarizadas são alguns dos ingredientes que compõem Meu Irmão É Filho Único (Mio Fratello È Figlio Único, 2007), do diretor Daniele Luchetti. E,tratando-se de um filme italiano voltado a esse tema, logo nos remetemos aos clássicos do cinema político italiano das décadas de 1960 e 1970. Contudo, não devemos cometer o anacronismo de compará-lo aos clássicos de Gianni Amélio, Elio Petri, Bernardo Bertolucci e Marco Bellocchio - sendo esse último autor de um dos mais belos filmes de cunho político dos últimos 10 anos, Bom Dia, Noite (2003).
É claro que, pelo fato de o filme ser italiano e apresentar pontos de vista distintos sobre as concepções ideológicas e partidárias dos irmãos Accio (Elio Germano) e Manrico (Riccardo Scamarcio), deve-se manter um distanciamento do clássico cinema político realizado naquele país, tudo isso por um simples e importante motivo: a diferença entre as historicidades vivenciadas pelos cineastas que filmaram naquela época e a reconstituição factual proposta por Daniele Luchetti. O filme mostra a juventude clerical e o flerte com o fascismo de Accio, assim como o engajamento partidário comunista de Manrico na sua adolescência até sua fase adulta, na década de 1970. Desde novos, os irmãos explicitavam seus conflitos, levando-os literalmente às vias de fato, algumas vezes de forma, outras não. Talvez algo corriqueiro de uma típica família do interior da Itália.
Accio levou sua concepção sobre o fascismo a sério, filiando-se ao partido e cada vez mais conflitando com sua família, de admiração e crença no comunismo, especialmente com seu irmão mais velho, Manrico, membro ativista do partido vermelho. Durante a adolescência e o início da fase adulta-madura, os irmãos proporcionaram situações conturbadas através de suas atitudes, principalmente pela narrativa, que concerne em termos uma visão maniqueísta das ações entre um jovem fascista sem muita convicção contra um engajado militante comunista que almeja um mundo mais justo. No decorrer do filme essa idéia é rechaçada, ao passo que as transições de idades proporcionam a separação entre os irmãos, provocando discussões internas e inevitáveis mudanças de postura.
Manrico e Accio caminham numa linha tênue entre suas diferenças, mas principalmente por suas semelhanças é que começa a se tornar evidente, a partir da entrada de um novo personagem na vida dos irmãos, Francesca (Diane Fleri), a bela comunista namorada de Manrico, que por sua simpatia desperta a atenção e respeito de Accio, embora fascista. Os acontecimentos que se sucedem levam os irmãos a um reencontro, porém, agora com outra visão de mundo, um momento de reflexão sobre suas ideologias, sobretudo na essência do tempo que os tornou mais conscientes sobre cada um e sobre seus atos.
Tendo em vista que, mesmo não tendo a essência do cinema político italiano das décadas de 1960 e 1970, Meu Irmão é Filho Único é um bom exemplo de filme que retrata as contradições do tempo por meio de seus atos e ideologias.
É claro que, pelo fato de o filme ser italiano e apresentar pontos de vista distintos sobre as concepções ideológicas e partidárias dos irmãos Accio (Elio Germano) e Manrico (Riccardo Scamarcio), deve-se manter um distanciamento do clássico cinema político realizado naquele país, tudo isso por um simples e importante motivo: a diferença entre as historicidades vivenciadas pelos cineastas que filmaram naquela época e a reconstituição factual proposta por Daniele Luchetti. O filme mostra a juventude clerical e o flerte com o fascismo de Accio, assim como o engajamento partidário comunista de Manrico na sua adolescência até sua fase adulta, na década de 1970. Desde novos, os irmãos explicitavam seus conflitos, levando-os literalmente às vias de fato, algumas vezes de forma, outras não. Talvez algo corriqueiro de uma típica família do interior da Itália.
Accio levou sua concepção sobre o fascismo a sério, filiando-se ao partido e cada vez mais conflitando com sua família, de admiração e crença no comunismo, especialmente com seu irmão mais velho, Manrico, membro ativista do partido vermelho. Durante a adolescência e o início da fase adulta-madura, os irmãos proporcionaram situações conturbadas através de suas atitudes, principalmente pela narrativa, que concerne em termos uma visão maniqueísta das ações entre um jovem fascista sem muita convicção contra um engajado militante comunista que almeja um mundo mais justo. No decorrer do filme essa idéia é rechaçada, ao passo que as transições de idades proporcionam a separação entre os irmãos, provocando discussões internas e inevitáveis mudanças de postura.
Manrico e Accio caminham numa linha tênue entre suas diferenças, mas principalmente por suas semelhanças é que começa a se tornar evidente, a partir da entrada de um novo personagem na vida dos irmãos, Francesca (Diane Fleri), a bela comunista namorada de Manrico, que por sua simpatia desperta a atenção e respeito de Accio, embora fascista. Os acontecimentos que se sucedem levam os irmãos a um reencontro, porém, agora com outra visão de mundo, um momento de reflexão sobre suas ideologias, sobretudo na essência do tempo que os tornou mais conscientes sobre cada um e sobre seus atos.
Tendo em vista que, mesmo não tendo a essência do cinema político italiano das décadas de 1960 e 1970, Meu Irmão é Filho Único é um bom exemplo de filme que retrata as contradições do tempo por meio de seus atos e ideologias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário