29 de set. de 2008

Paul Newman

No dia 26 de setembro de 2008 a luz lançada pelo projetor enfraqueceu. Paul Newman morreu e com ele levou uma grande parte da história clássica do cinema. Agora já restam poucos.

Newman sempre foi mais que um ídolo cinematográfico, foi um exemplo de vida e pessoa, contribuindo destacadamente com ajudas humanitárias, doando boa parte dos benefícios de suas empresas a obras de caridade. Um dos ícones mais sólidos e discretos de Hollywood. Alguém chegou a dizer uma vez: “Não creio que Newman, acredite que seja Newman”.

Essa personalidade parecia transparecer-se em sua forma de atuar, facilitada pelo método Stanilavski ,de interpretações interiorizadas, aprendido na Actor’s Studio. Porém em seu caso, mais discretas, menos exageradas, dosando e dominando melhor até mesmo que Brando em suas caracterizações.

O “conheci” precisamente no filme O Moço de Filadélfia, um filme menos conhecido porém de extrema qualidade, onde interpreta um jovem advogado em busca do êxito. Nessa época já sabia quem era Newman, mas não sabia porque Newman era Newman. Depois disso chegaram outros filmes, até culminar com Gata em Teto de Zinco Quente, um dos filmes da minha vida, com um excelente texto de Tennesse Williams e um grande “duelo” de interpretações, com maior destaque para o próprio Newman e Burl Iver, interpretando o pai. Desde então o tenho como grande ídolo da arte de interpretar. Procurei assistir muitos dos seus filmes, quase sempre bons, destacando entre eles: O Mercador de Almas, Desafio à Corrupção, Doce Pássaro da Juventude, O Indomado, Rebeldia Indomável, Quinteto, Ausência de Malícia, A Cor do Dinheiro, O Indomável e Estrada para Perdição.

Dos muitos personagens que interpretou (e desenvolveu), muitos deles dramáticos, rebeldes e desesperados, em grande parte cativantes e de muita presença física, que marcam, que ficam em nossa memória por um bom tempo, destacaria o do seu primeiro grande sucesso no filme Marcado pela Sarjeta, onde interpretou o boxeador Rocky Graziano.

E se fosse para destacar uma seqüência, escolheria uma com ele em solitário, nada mais que sua presença. Uma sequência do filme Rebeldia Indomável, onde após saber da morte da mãe, o personagem interpretado por Paul pega seu banjo e canta uma música em lágrimas. Uma das cenas mais belas do cinema, com um dos atores mais belos da história.

Hoje posso dizer que me sinto triste. Triste porque um grande ídolo se foi e mesmo sabendo que já não atuava, queremos nossos ídolos vivos, como se fosse o ente mais querido. Me sinto triste porque vejo toda uma história chegar ao seu final, porque o cinema hoje já não é o mesmo, não para os meus olhos. O cinema clássico já não existe e suas últimas cinzas terminam de se apagar, assim como a luz do projetor.

Adeus, meu grande amigo.

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