Apenas uma Vez é um filme indie. Um musical sem toda aquela pompa dos musicais que, por muitas vezes, afastam certo tipo de cinéfilo. As músicas estão inseridas ali de uma forma tão natural e despretenciosa, que nem mesmo dá pra dizer que é um musical.
E o filme se torna interessante por causa das músicas. Também pelo roteiro, muito simples. É quando dois dramas amorosos e pessoais se mesclam e tornam-se uma única história que, neste caso, é permeado de uma musicalidade indie/pop muito interessante.
O cenário é Dublin. Ele é artista de rua, busca ganhar uns trocados com seu violão e sua voz, além de ajudar o pai na loja de conserto de aspiradores de pó. Ela, imigrante da República Tcheca, também está nas ruas, vendendo flores pra sustentar mãe e filha. O marido está no pequeno país do leste europeu - uma relação mal-resolvida. Seus nomes nunca são revelados, mas, no decorrer do filme, se desenvolve uma história de afinidades e é sugerida uma atração.
O interesse pela música e de um pelo outro os leva a se juntarem num processo artístico fundamental para ambos. Ela já conhece as músicas dele de antemão, de ouvir pelas ruas. Cada canção carrega em seu cerne a frustração de uma relação terminada. Ela se encanta. Eles conversam. Ela revela que é pianista e que costuma exercitar-se, de favor, numa loja de instrumentos musicais. Ela o leva até a tal loja e mostra seus talentos. Assim tem início a parceria.
E tem início também uma relação de amor sublimado por meio da música. Em certo ponto, ele compra um piano para ela. Mas não é uma relação doentia, de sofrimento extremo. Tudo isso os faz crescer, assim como o projeto também se desenvolve. Noutro ponto, eles já têm uma banda e estão num estúdio, com um produtor que, a princípio, duvida, mas que depois se torna entusiasta.
Lógico, muitos torcem para que surja aí um casal. Mas não é este o ponto crucial da história. O que importa ali é como eles resolvem suas questões e, isso, de certa forma, acontece.
O maior mérito de John Carney, o diretor, é criar um filme consistente, que não cai num sentimentalismo piegas, e bastante simples. Talvez tão simples que o filme passou quase batido pelas salas de cinema aqui em São Paulo. Deve ganhar mais atenção com o "boca a boca" e as locações em DVD.
A dupla de atores não faz feio. Glen Hansard é vocalista/guitarrista da banda irlandesa The Frames - que teve John Carney como baixista, por uns tempos - e suas composições encaixam-se bem no filme, todo o tempo. Markéta Iglová está presente com sutileza e força, ainda que jamais tenha atuado antes. A canção Falling Slowly ganhou o Oscar merecidamente, embora minha preferida seja outra: When Your Mind's Made Up.
Enfim, um bom filme, dos melhores para se ver dentro de um filão de comédias românticas ou de musicais.
Ah, sim... momento-mexerico pra fechar o post: Glen e Markéta começaram a namorar durante as filmagens. Abaixo, vai o trailer:
E o filme se torna interessante por causa das músicas. Também pelo roteiro, muito simples. É quando dois dramas amorosos e pessoais se mesclam e tornam-se uma única história que, neste caso, é permeado de uma musicalidade indie/pop muito interessante.
O cenário é Dublin. Ele é artista de rua, busca ganhar uns trocados com seu violão e sua voz, além de ajudar o pai na loja de conserto de aspiradores de pó. Ela, imigrante da República Tcheca, também está nas ruas, vendendo flores pra sustentar mãe e filha. O marido está no pequeno país do leste europeu - uma relação mal-resolvida. Seus nomes nunca são revelados, mas, no decorrer do filme, se desenvolve uma história de afinidades e é sugerida uma atração.
O interesse pela música e de um pelo outro os leva a se juntarem num processo artístico fundamental para ambos. Ela já conhece as músicas dele de antemão, de ouvir pelas ruas. Cada canção carrega em seu cerne a frustração de uma relação terminada. Ela se encanta. Eles conversam. Ela revela que é pianista e que costuma exercitar-se, de favor, numa loja de instrumentos musicais. Ela o leva até a tal loja e mostra seus talentos. Assim tem início a parceria.
E tem início também uma relação de amor sublimado por meio da música. Em certo ponto, ele compra um piano para ela. Mas não é uma relação doentia, de sofrimento extremo. Tudo isso os faz crescer, assim como o projeto também se desenvolve. Noutro ponto, eles já têm uma banda e estão num estúdio, com um produtor que, a princípio, duvida, mas que depois se torna entusiasta.
Lógico, muitos torcem para que surja aí um casal. Mas não é este o ponto crucial da história. O que importa ali é como eles resolvem suas questões e, isso, de certa forma, acontece.
O maior mérito de John Carney, o diretor, é criar um filme consistente, que não cai num sentimentalismo piegas, e bastante simples. Talvez tão simples que o filme passou quase batido pelas salas de cinema aqui em São Paulo. Deve ganhar mais atenção com o "boca a boca" e as locações em DVD.
A dupla de atores não faz feio. Glen Hansard é vocalista/guitarrista da banda irlandesa The Frames - que teve John Carney como baixista, por uns tempos - e suas composições encaixam-se bem no filme, todo o tempo. Markéta Iglová está presente com sutileza e força, ainda que jamais tenha atuado antes. A canção Falling Slowly ganhou o Oscar merecidamente, embora minha preferida seja outra: When Your Mind's Made Up.
Enfim, um bom filme, dos melhores para se ver dentro de um filão de comédias românticas ou de musicais.
Ah, sim... momento-mexerico pra fechar o post: Glen e Markéta começaram a namorar durante as filmagens. Abaixo, vai o trailer:
Apenas uma Vez - John Carney - Irlanda - 2007
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